☂︎ Cap 18 ☂︎

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A morcega me encara com um olhar surpreso (novamente) e dá um sorriso malicioso.

- E você ainda tava todo inseguro... - ela tenta se conter, mas começa a rir - imagina se não estivesse? Ia acabar com o Sonic.

- Nem brinca. - Acabo rindo também.

- No mesmo dia falou "Eu nunca vou fazer nada disso com ele, nunca". - imita minha voz de um jeito exagerado e sarcástico propositalmente. - Por sinal, vai ter segundo round?

- Se eu não tivesse ficado ansioso na manhã todinha e rezando pra ele não acordar, poderia rolar um "segundo round". - Minha voz se abre em um tom sarcástico.

- Então deixa eu tentar te entender, - pausa - você vai lá, faz um boquete no menino, dormem juntos, eu imagino, e quando acorda de manhã, foge dele?

(Vamos fingir que isso não se encaixou perfeitamente.)

- Digamos que seja isso.

- Não vou reclamar, porque sei que vocês logo se resolvem.

- Espero. - Meu pé se mexe para cima e para baixo, ansioso.

(Não tem motivos pra eu ficar preocupado, né? Só vamos nos ver no almoço, 11:30, e até lá eu arranjo um jeito.)

Pensando, nem sinto que Rouge estacionou, só percebo quando ela sai do carro, e abre a porta para eu fazer o mesmo.

- Vamos procurar um terno pra você. - Ela tranca o carro e me arrasta pela calçada para vermos as lojas que nos paressem "promissoras".

- Nada muito diferente, será que deviamos procurar um shopping? - Digo, depois de rodarmos dois quarteirões.

- Eu estou indo ali, aquela parece que vende roupas sociais. - Ela me puxa para virarmos a esquerda.

- Cadê? Não estou vendo, Rouge.

- Essa aqui!

Chegamos na frente de uma loja certamente bem arrumada, com tamanho mediano e uma vitrine que ajudava na aparência, um dos manequins com um vestido vermelho, mas discreto, e o outro vestindo uma camisa social branca, e um terno preto.

- Vamos entrar, então. - Vejo que está aberta e abro a porta para Rouge entrar primeiro, um pequeno sino toca ao abri-la.

Adentramos o lugar, gelado por conta do ar-condicionado, um pouco vazio, dois/três funcionarios, o caixa e poucos clientes. Era separado por masculino, feminino e os provadores (dois, exatamente). Parecia mais ampla por dentro, tinha um cheiro agradável, perfumes caros.

(Eu podeira morar aqui facilmente.)

- Então esse é o habitat natural dos ricos? - pausa - Ou melhor, o seu habitat natural? - Deu um ênfase desnecessário no "seu".

- Era, não sou rico. - Reviro os olhos e procuro alguém pra nos ajudar.

- Shadow, você tem três cartões de crédito, uma casa de praia só sua, do tamanho de um terreno inteiro e uma piscina com luzes coloridas.

- Coloca tudo isso no passado, eu tinha, não tenho mais. Já esqueceu que meus pais me expulsaram de casa, e me mandaram esquecê-los? - Falo em tom de piada, apesar de ter sido a menos de um mês.

(Sinceramente, eu ansiava por eles me deixarem sair, não aguentava mais aquela casa.
E era culpa totalmente deles, as suas "piadas" homofóbicas, seu conservadorismo, os problemas de raiva, as expectativas altas sobre mim, a ausência deles em momentos importantes, as diversas vezes que cheguei em casa, os via brigando, sobre meu pai, sua outra mulher, e eles se enchendo de bebida alcoólica para depois fingir que nada aconteceu.
Aquele lugar nunca foi meu verdadeiro lar.

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