Uma dança

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"Ela pode te completar, ela pode estar ao seu lado, apenas deixe isso acontecer."

Meredith

— E... está pronto!

Anunciei tão animada após finalizar com algumas nozes por cima do bolo, Addison limpava a borda para que tudo ficasse lindo, ela sorria orgulhosa e satisfeita assim que me olhou. Ela estava sorrindo, naquela noite ela não retirou o seu sorriso do rosto uma única vez, e era assim que eu gostava dela, com aquele sorriso tão acolhedor.

— Ficou lindo, posso tirar uma foto?

— Você me paga depois, caso a foto fique famosa. — brinquei, pegando a travessa aonde estava o bolo e fazendo uma careta, já que a farinha ainda habitava o meu rosto.

Addison me fotografou e riu baixo, me deixando ir até a geladeira para que o bolo esfriasse um pouco, bati um pouco as mãos em meu avental para conferir a hora, quase onze, de alguma forma, ainda estava cedo o suficiente para esperar o bolo resfriar, e para comer um pedaço, e se ela ficasse, eu ficaria também.

E é óbvio que ela ficou.

(Inicie: Dancing On My Own - Vitamin String Quartet)

— Eu não sabia que você gostava desse tipo de música. — comentou aleatoriamente, assim que mais uma das músicas clássicas tocaram em meu celular.

— Elas me acalmam quando vou cozinhar, assim consigo fazer tudo direito.

— É uma boa técnica. Me concede uma dança?

Ela perguntou educadamente, estendendo a mão, sorri e desci da pequena bancada aonde estava sentada, segurei a sua mão levemente. Addison as levou até seus ombros, deslizando devagar até o meu quadril, sua aproximação me desmontou um pouco e eu quase me embaralhei com tudo. A forma que estava tão perto, o seu perfume tão presente sobre minhas narinas, seu calor, as suas mãos sobre mim, tudo isso, tudo tão junto, me fez ficar levemente tonta, mas o sorriso não sumiu tão cedo.

Eu a segui nos passos, olhando para baixo, não querendo me perder, sabendo que se eu olhasse para ela, seria o fim.

— Olhe para mim, Meredith. — Addison sussurrou, maldito sussurro que me deixou completamente arrepiada em seus braços e pela primeira vez pude notar a fala do meu nome saindo corretamente em seu lábios.

Levantei um pouco os olhos, engoli seco, a observei mais atentamente, observei os seus detalhes, a sua pele, o seu coração, a sua alma, tudo isso, através dos seus olhos esverdeados. Observei seu sorriso, suas bochechas, seu nariz, seu cabelo, a observei como um quadro, e eu poderia dizer fácil que... nenhum quadro chega aos pés da beleza que ela transporta.

Era até meio impossível não dar um forte suspiro sobre aquilo... sobre ela.

Então me lembrei que estava completamente suja de farinha e corei fortemente, desviei o olhar, virei o meu rosto com tanta vergonha que me xinguei algumas vezes mentalmente.
Mas Addison segurou o meu queixo com a ponta dos seus dedos, e me trouxe de volta para ela, meu estômago deu uma pequena cambalhota, e aquilo me deixou, me permitiu curtir um pouco mais do momento que estávamos tendo.

Dançávamos pela grande cozinha, mas sem presa, em uma lentidão que me fazia flutuar sobre os seus braços, seu toque era leve, mas me prendia o suficiente para que eu não fosse embora, seus olhos eram calmos, mas me mostravam que estava tão hipnotizada quanto eu. Estávamos em uma sincronia com a música, com o toque dela, os instrumentais, tudo tão junto me fez reviver algo que já tinha morrido dentro de mim a muitos anos.

Eu revivi a minha timidez, as minhas mãos suadas, meu estômago com borboletas, a queimação por entre minhas veias.

Mas tudo isso, voltado para o amor.

Meus olhos focaram nas órbitas de Addison, ela estava me encarando também, mas sem querer disfarçar, seus olhos começaram a cair até os meus lábios, e ali ficaram, alternando sobre meus olhos e a minha boca, me deixando ansiosa, louca por sua aproximação, mas ela não vinha.

Com medo, e certa vergonha, deslizei minhas mãos por sua nuca, emaranhando os seus fios sobre meus dedos, os acariciando, descobrindo a sua maciez, descobrindo ela por fim.

— Meredith.— ela chamou, seus olhos se fecharam quando meu nome saiu por sua boca.

— Sim? — tentei responder o mais claro possível, mas eu sabia, tinha quase certeza que tudo não passou de um sussurro.

— Eu posso te beijar?

Minha respiração prendeu levemente, mas o meu sorriso permaneceu em meu rosto, mesmo sabendo que ela não veria, eu assenti, animada o suficiente para rir baixo.

— Você pode.

(Inicie: XO - John Mayer)

Addison abriu o sorriso mais largo que poderia dar naquele segundo e me puxou pela cintura, com as mãos fortes e confortáveis, e como resposta, puxei seus fios até que a sua boca estivesse junto a minha. Meu coração disparou, gritou, mas eu estava ocupada demais, tendo o prazer de sentir a sua língua adentrar a minha boca de uma forma cautelosa o suficiente para que eu a acompanhasse sem medo algum, ou até mesmo timidez.

O primeiro contato me arrepiou por inteira, cada pedaço do meu corpo, cada respiração que eu soltava era um pouco pesada, pesadamente feliz e surpresa por tal coisa tão... perfeita.

Virei um pouco a minha cabeça para o lado e segurei a sua bochecha, me empenhando igual a ela, em um ritmo lento, romântico, barulhento, me sentia mole, caindo, mas os seus braços me impediam.

Com o seu cuidado extremo, Addison me ergueu e me colocou sentada na ponta da ilha de metal que ficava no meio da cozinha, me deixando segura, acho que isso aumentou um pouco a velocidade do nosso beijo, os seus toques agora eram um pouco mais ousados.

Continuei o empenho e comandei o beijo da minha forma, mal deixando as nossas línguas se tocarem, sorrindo quando ela se inclinava o suficiente para me encontrar, murmurando quando eu parava e apenas mordia o seu lábio. Suas mãos apertavam gradualmente minhas coxas, descendo e subindo por minhas nádegas, mas não parando nelas exatamente, apenas descansavam as mãos novamente em meu quadril, sorrindo um pouco mais quando eu deixava as nossas línguas finalmente se entrelaçarem.

Sua mão caiu sobre a minha coxa novamente e ali acariciou sem malícia alguma, se afastando um pouco, mas ainda sim, com as mãos em meu corpo e deixando as minhas em seus fios, mostrando que se eu me afastasse, ela viria atrás.

De qualquer forma.

Ela me fitou, sorriu e se aproximou de novo, beijou meus lábios docemente, voltando a me encarar enquanto nossas testas grudavam calmamente.

— Vou sujar o seu cabelo. — afirmei, lembrando da minha cara suja de farinha, e agora seus fios roçava a minha testa, Addison riu despreocupada.

— Eu não ligo. — deu de ombros, segurando a minha mão e a levando até os seus lábios, meu coração derreteu, é claro que eu me derreteria com aquele ato, em vê-la beijando o topo da minha mão de uma forma tão cavalheira. — Você aceitaria sair comigo amanhã?

— Aonde iremos? — perguntei, já animada.

— É uma surpresa. — garantiu. — Aceita?

— Aceito.

***

O PRIMEIRO BEIJO FINALMENTE
ACONTECEU AAAAAAAAA 🎉🎉🎉

Receita para o Amor - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora