Eu irei te amar mil vezes mais

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"Como duas mentes tão inocentes podem ser tão inteligentes assim?"

Addison

Era a quarta vez que Meredith suspirava ao lado da porta, inquieta olhando para o seu relógio de pulso ansiosamente. Talvez o fato de estar ao meu lado a deixasse incomodada, talvez as suas palavras fizessem peso em sua mente, e talvez, apenas talvez ela se sentia culpada por alguma coisa.

Eu olhava para o teto, ainda sentada no sofá, com a cabeça deitada no encosto, sem muito o que fazer, apenas esperando e esperando, qualquer que fosse a intensão das duas crianças ao lado de fora daquele escritório, não daria certo, não mesmo. 

Fechei os olhos quando mais um suspiro foi emitido por ela, que finalmente se moveu um pouco sobre os seus pés, apenas trocando o peso desconfortavelmente, andando até uma das cadeiras que rodeava a mesa mais ao centro, a puxando e a sentando ali, me parecia pensativa, e eu queria perguntar no que ela tanto pensava, mas isso não me importava mais, ela não me importava mais, assim como um dia, ela nunca se importou. 

— No que está pensando? — perguntei, depois de ter acabado de declarar que não me importava com os seus pensamentos, me xinguei pesadamente em meus pensamentos quando ela olhou para mim, cognitiva.

— Bailey não trouxe um boneco, eu deveria ter pensado nisso antes de subir até aqui. 

— E os óculos reserva de Henry sempre ficaram em meu closet, não tinha sentido estarem no banheiro do meu escritório. — murmurei. — É, eles tinham um plano, e o executaram muito bem.

— Bem até demais. — ela respondeu, olhando para as suas unhas, e as roendo novamente, o pequeno diálogo, morreu naquele segundo, pois eu não o levantaria de novo.

— Yang, Karev, O'Malley e Stevens sentem a sua falta no restaurante.

Puta merda, Addison, não sabe ficar com a boca fechada?!

Ah... é... eu também sinto falta deles, são amigos legais.

— Você ainda pode voltar, se quiser, a vaga de garçonete está disponível e a prova de novo chef será daqui quatro dias — indaguei por algum motivo, me julgando e me mandando ficar quieta, mas parei de pensar quando ela olhou pra mim, parecia querer dizer algo, mas apenas, negou e voltou a olhar para o chão. — Não quer voltar por minha causa, não é?

— Você nunca foi o motivo da minha demissão. 

Dessa vez quem olhou fui eu, com as sobrancelhas enrugadas e a testa franzida em dúvida, me arrumei no sofá, e mais uma vez ali estava eu, tentando decifrar Meredith arduamente, por que era tão impossível ler os seus olhos? Como ela conseguia esconder tantas coisas e fingir que nada, absolutamente nada estava acontecendo? Droga, eu a conhecia! Esse era o problema. Eu a conhecia, e sabia que aquela história estava extremamente mau contada, tudo aquilo estava extremamente mau contado.

(Inicie: Where Does the Good Go - Sleeping At Last)

— Você já... — ela começou, ainda muito pensativa. — Já se encontrou em um mar apenas de escolha? Como... queime no fogo ou se afogue na água. Me colocaram nesse mar, Addison.

— Quem fez isso? — a mulher negou, eu bati o pé impaciente — Meu Deus, por que é tão difícil pra você apenas falar a verdade, Meredith?!

— Porque nunca acreditaram na minha verdade. 

Ela lançou, com a voz baixa, com os olhos baixos, e finalmente, naquela meia brecha que os seus olhos me deram, consegui enxergar toda a sua insegurança e todo o seu medo, alguém, algo, alguma coisa, estava a manipulando, o seu pedido de entendimento me mostrava isso, e eu queria acreditar que a sua falta de fala era apenas receio, medo, eu só conseguia ver isso em seu mar castanho, apenas medo. 

Receita para o Amor - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora