A vida continua

56 6 15
                                    

🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀

Já faz tanto tempo que não me recordo da última vez que tracei seu rosto na minha mente corretamente.

São coisas que penso...

Você tinha os olhos caídos ou eles eram como os da mamãe? Você era alto como sou hoje ou nem tanto assim? Você me levava mesmo para passear quando criança ou mamãe me contava histórias felizes com o senhor para me alegrar da sua existência?

Afinal... você foi ou não um bom pai?

O silêncio na minha mente, a parte vaga que você deixou... O que tinha ali?

Eu preciso descobrir, porquê sinto que estou perdendo. Perdendo a lucidez... eu estou gradativamente perdendo a cabeça. E você sabe disso. Você sabia disso.

Foi a razão de ter me abandonado?

Vazio. Um completo vazio.

🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀

Temos de temer os zumbis. Eles evoluíram como espécie. Nós, contudo, regredimos como uma.

🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀🥀

Uma semana. Havia se passado uma semana desde o caos instalado em Crow pela morte de Aurora em decorrência à falha na proteção do vilarejo.

O dia seguinte ao ocorrido foi vago na mente de todos, e que por isso nem ao menos tenha acontecido de verdade.

Todos passaram o dia enfurnados dentro de suas próprias casas. A vila era um silêncio completo. Como um lock down silencioso e não planejado.

Luke demorou para acordar. Quando de fato se conscientizou de estar vivo passara das quatro da tarde e ele mal tinha vontade, ou coragem, ou forças para se levantar. Pensou diversas vezes em apenas fingir que não havia acordado porque parecia muito atordoado para fingir viver.

Estranhou um pequeno peso do lado oposto da cama e se levantou suavemente para observar. Com o feito encontrou Ben, deitado e adormecido dentre edredons e um pequeno travesseiro infantil zelando seu sono.

Foi então que se lembrou da noite passada, de como foi parar na cama junto do menor, pois a única coisa que conseguia se recordar era a notícia deprimente que os desestabilizou ao entrar pelos portões tão fortes e normalmente receptivos.

Luke teve sua atenção voltada para a porta quando ouviu um pigarrear saindo de lá. Se assustou brevemente pela falta de foco não usual.

Era Michael. De pijamas e um pequeno rabo de cavalo amarrado no meio da cabeça, feito provavelmente com um barbante. Ele segurava uma xícara que soltava fumaça do líquido quente, e na mão oposta uma maçã.

Clifford sorria minimamente. Não tinha tanta olheira abaixo dos olhos, mas Luke notou uma pequena vermelhidão ali presente.

- Posso entrar? - Michael perguntou, sem elevar a voz. Ben ainda dormia profundamente ao lado do loiro.

- Claro... - Luke bossejou antes de se afastar para o lado sem movimentos bruscos, dando espaço ao Clifford para se achegar também. Foi o que o líder fez. Retirou seus sapatos antes de adentrar o quarto e caminhou vagarosamente até a cama. Se sentou e suspirou fundo, observando os fios desgrenhados de Hemmings.

- Beba isso, você deve estar com faminto, L. - Michael estendeu a xícara na direção do maior, que aceitou sem muita cerimônia. Estava mesmo faminto e havia percebido apenas agora, com a fala do líder.

The Death Virus ×MukeOnde histórias criam vida. Descubra agora