「Chapter six」

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𝘿𝙤𝙫𝙚 𝙋𝙊𝙑 

A vida é uma roleta russa, uma hora você está em cima e na outra embaixo. A vida simplesmente dá um giro de 360° sem ao menos a gente esperar e as coisas que acontecem durante nossa trajetória são as adagas afiadas que o universo joga em direção a nós, obviamente estamos nessa roleta russa. Nós estamos girando enquanto o universo joga as adagas na nossa direção, cada adaga perfurada é algo que acontecerá em nossas vidas.

O universo pode ser confundido facilmente com aqueles homens metidos a ricos dos cassinos de Las Vegas com um copo de bebida na mão e o corpo tendo mais álcool do que sangue depositando suas frustrações nos jogos e nós somos os jogos. É uma metáfora incrível que simplifica as coisas que acontecem conosco, meu professor de química orgânica sempre fazia questão de falar isso para nós e ninguém fazia questão de prestar atenção quando ele fazia momentos reflexivos. 

Eu era uma dessas alunas até sentir na pele o que isso queria dizer e desde então suas palavras ficaram presas na minha mente. Perder meu pai foi algo muito doloroso para mim, sempre fui muito apegada a ele e a notícia da sua morte me tirou dos eixos. Não me orgulho do que fiz, mas também não me envergonho das minhas decisões, se eu não tivesse feito elas não teria tido o Cas e ter sentido como é ser mãe por breves semanas. Perder o Cas, na forma literal, me fez perder ainda mais a cabeça. 

Na reabilitação você encontra várias pessoas na mesma situação que você e diversos motivos que as levaram ali. Os profissionais que estão naquele ambiente fazem você enxergar uma luz no fim do túnel e fazem ver o mundo com outra perspectiva. Em uma das sessões com a psicóloga sobre a vida, acabei falando sobre essa metáfora do meu professor, a psicóloga achou um pouco engraçado a comparação. Porém, isso rendeu umas duas sessões. 

[...]

Abri o arquivo do caso do meu filho no notebook, era a primeira vez depois do sequestro que estou fazendo isso. Sentia meu coração disparar e uma sensação de sufocamento fazer presente, era intervalo e como as meninas não poderiam fazer companhia, decidi ir para uma área mais isolada do campus. Era atrás do prédio universitário e quase nenhum aluno estava por ali, sentei encostada na árvore que tinha ali com meu notebook aberto em meu colo.

Escuto um barulho vindo da cerca que delimita o terreno da universidade, olhei na direção e por não estar muito longe dali pude facilmente reconhecer as pessoas que apareceram por ali. Minha respiração parou ao mesmo tempo que meus olhos caíram na figura de altura mediana com o cabelo passado na régua e mais musculoso do que lembrava. Comecei a recolher minhas coisas com rapidez, porém aquele movimento atraiu a atenção do pequeno grupo de maconheiros que ali se juntava. 

— Ora, ora, ora. Olha só quem eu encontrei aqui, Dove Cameron — a voz debochada de Noah e seus passos perto da cerca fizeram meu coração disparar — Não vai falar com seus amigos? Que coisa feia

— Em nenhum momento considerei vocês como amigos — virei para encará-lo, seus olhos azuis encaravam-me fixamente. Tentei disfarçar o quão afetada fiquei com sua presença — É um desgosto te ver aqui 

— Vejo que conseguiu entrar nesta universidade de metidos a besta! — olhou ao redor — E pela sua aparência deve está gostando dessa vida 

— Eu não vou ficar aqui escutando você falando, Noah. Tenho mais coisa para fazer do que ficar olhando para sua cara de maconheiro — girei sob meus pés para voltar para dentro do campus. 

— Se está aqui luxando na universidade é porque abortou aquela criança inútil! — sua voz saiu mais alta me fazendo parar — Você foi burra em não se prevenir o suficiente e acabou engravidando, tão ingênua. Ainda bem que cai fora logo em seguida ou teria continuado essa gravidez e botado ao mundo uma criança fútil 

— Você não fala assim do meu filho — avancei em direção a ele tendo a cerca nós separando — Lave a porra da sua boca para falar do meu filho, está bem? Pelo menos ele não herdou nada seu, porque você não tinha nada bom para ser aproveitado. Ele não é dissimulado como o idiota cafajeste e canalha que és! — falei com raiva — És um filho da puta e me arrependo todos os dias por ter me envolvido com você, sinto nojo de você! — cuspi as palavras na cara dele — O meu filho terá um futuro brilhante e se depender de mim não saberá nunca quem é você!

— Seu querido filho está morto! — jogou as palavras na minha cara. 

— Ele não está morto! — falei alto me exaltando — Ele pode está morto para você, mas nunca estará para mim. Você não sabe nada do que está falando, Noah

— Ele está morto, Dove! Morto! Você mais uma vez mostrou o quanto é inútil e burra, deixou uma criança morrer! — neguei com a cabeça recuando para trás — E a culpa é toda sua! 

— Noah, desapareça da minha vida como fez nos últimos anos! Esqueça que eu existo e me deixe em paz! — pedi — Se vier atrás de mim novamente tomarei medidas trágicas e que possivelmente não será capaz de fazer muita coisa - sem dizer mais nada, segurei firme minha mochila no ombro e voltei às pressas para dentro do campus, com a cabeça baixa e tentando desviar das pessoas. Sentia uma dor dilacerante no peito e os olhos arderam pelas lágrimas acumuladas, precisava chegar no banheiro. 

[...]

A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes. Receio que não possa explicar, Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas, mas não posso explicar a mim mesma…” 

Alice no País das Maravilhas é um dos meus contos favoritos e citei uma frase dele no primeiro dia de terapia, sempre tenho o trecho em mente quando estou próximo a uma crise. Durante o dia trocamos de capa, personalidade e humor várias vezes para se adequar ao local que estamos, mas com tantas mudanças você acaba esquecendo da sua verdadeira face ao ponto de não compreender a si mesma. Andei o mais rápido depressa sentindo meu ombro bater levemente com de outras pessoas que transitavam por ali, senti meu corpo colidir com mais força em uma pessoa. 

— Desculpa, foi sem querer — minha voz saiu baixo e olhei para a pessoa por três segundos antes de voltar para o caminho rumo ao banheiro.

Era uma garota morena e olhos castanhos, tinha sensação de ter visto ela em algum lugar... 

[...]

— Turn it off, Dov — encostei minha cabeça na porta da cabine deixando a bolsa cair ao meu lado — Turn it off… — as lágrimas começaram a cair com abundância — Reviens vers moi… — reprimi um soluço deixando meu corpo escorregar até o chão, escondi meu rosto entre os joelhos e continuei chorando — Turn it off… Allons-y! Éteignez-le. Reviens vers moi… Éteignez-le, allons-y

[...]

L_C_Oliver 💙

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐧𝐥𝐲 𝐄𝐱𝐜𝐞𝐩𝐭𝐢𝐨𝐧 - Dofia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora