PRÓLOGO

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ALEKSIOS DOBREV.



Moscou; uma semana antes.

Desde o dia em que cortei a cabeça do meu querido tio na Itália, eu detenho o poder da Russkaya Mafiya. Isso se deve ao italiano que tinha o infeliz do meu tio metido em seus negócios junto ao pai de sua esposa.

Ellijah Guarnieri é o chefe da Cosa Nostra na Sicília e nós mantemos um bom acordo. Não somos inimigos; ele me ajudou, eu ajudei-o, nós nos ajudamos. Sua esposa é uma mulher muito bonita e se eu estivesse naquela época à procura de problemas, poderia muito bem a cortejar, afinal, ela queria ir embora, de certa forma era o que parecia.

E hoje, cinco anos depois de toda aquela merda, me encontro mais fodido do que estava antes. Matar o meu tio não foi o suficiente, eu precisava de mais, muito mais, não ser apenas o filho da mulher que apenas cruzou o caminho de quem não deveria.

Nascer da forma como nasci e vindo de onde vim, jamais seria aceito como um nobre sucessor do Pakhan. Na realidade, meu pai era. Mas como ele nunca se casou ou não teve tempo para isso, meu tio acabou por ocupar seu lugar, o meu lugar na linha de sucessão. Eu queria muito mais do que apenas o meu lugar por direito, eu queria poder. Mas ele, na primeira oportunidade, tirou de mim o que eu mais amava de forma imunda e cruel.

E desde que o matei fiz o meu ponto pelo caminho. Foi preciso derrubar muitas pessoas para exigir o meu direito e eu o fiz.

Todo mundo teme a mim e o que eu represento. Sou o caos, o descontrole nos limites da minha organização e fora dela também. Tenho sangue em minhas mãos e não é somente das pessoas que deveriam pagar com suas próprias vidas por algo. Há um sangue inocente escorrendo por entre os meus dedos todos os dias, mesmo que ninguém o veja.

Sou um homem rico, poderoso, dono de bilhões em Moscou. Todavia, nesse momento, há uma merda muito grande acontecendo com os meus negócios em Miami, e eu não posso ficar de braços cruzados.

Há um infeliz movendo suas peças e eu preciso saber quem é. Essa viagem não estava em meus fodidos planos, mas é inevitável.

— Chefe? — Ouço o chamado de um dos meus homens.

Deixarei Moscou nas mãos do meu irmão por alguns dias, não que eu confie nele, apenas não tenho outra opção.

Mikhail e eu, por incrível que pareça, somos filhos do mesmo pai e mãe. Uma pena, pois, em contrapartida, ele tem muito do meu tio e não é nada que eu me orgulhe ou que minha mãe se orgulharia no futuro.

— O que há?

— Está tudo pronto para decolar para o seu destino.

— Onde está Ivan?

— À sua espera, chefe.

— Muito bem! Eu já estou saindo.

Caminhei até a porta do meu escritório, sentindo o peso da responsabilidade que deixaria para trás, mesmo que temporariamente. Passei pelo corredor decorado com obras de arte caras, um contraste gritante com a escuridão que habitava dentro de mim.

Não disse a ninguém qual seria meu destino. Muitas coisas que acontecem prefiro resolver sozinho e à minha maneira, nem que para isso eu precise arrancar algumas cabeças por aí.

Ao chegar à garagem, vi Ivan ao lado do carro que nos levaria ao aeroporto. Ele acenou com a cabeça em um cumprimento silencioso.

— Está pronto, Ivan? — perguntei, embora já soubesse a resposta.

— Sempre, chefe, — respondeu ele, abrindo a porta para mim.

Entramos no carro e, enquanto o motor roncava, senti a adrenalina começar a correr pelas minhas veias. Era hora de lidar com mais uma ameaça, de mostrar a todos que Aleksios Dobrev não é alguém com quem se brinca.

O caminho até o aeroporto foi rápido, e logo estávamos a bordo do meu jato particular. O luxo ao meu redor não conseguia mascarar a tensão no ar. Eu estava indo para Miami para resolver uma merda que poderia custar milhões, ou pior, minha reputação.

— Chefe, — Ivan chamou minha atenção enquanto o jato decolava. — Temos alguma pista de quem está por trás disso?

— Ainda não, mas vamos descobrir, — respondi com firmeza, olhando pela janela enquanto deixávamos Moscou para trás.

Os céus escureciam com a aproximação da noite, um lembrete do quanto a escuridão fazia parte da minha vida. Fechei os olhos por um momento, organizando meus pensamentos. Mikhail poderia tentar alguma coisa na minha ausência, mas ele sabia que eu voltaria, e quando voltasse, estaria pronto para qualquer golpe que ele tentasse dar.

— Preciso saber tudo sobre os meus inimigos em Miami, Ivan, — disse, abrindo os olhos e fitando-o. — Quem está tentando mexer com o que é meu?

— Já estamos em contato com nossos informantes lá, chefe. Teremos respostas em breve, — Ivan assegurou.

Assenti, satisfeito com a resposta. Havia um jogo sendo jogado, e eu era o tipo de jogador que nunca perdia. Manipulador, insensível, o diabo em pessoa... eles estavam certos sobre mim. Eu faria qualquer coisa para manter o meu poder, e quem quer que estivesse por trás dessa merda em Miami, logo descobriria o quão perigoso eu podia ser.

DOMINIUM  - A PERDIÇÃO DO PAKHAN.  VOL 1( EM ANDAMENTO )Onde histórias criam vida. Descubra agora