Cap 4 | KATY FERRARO

123 23 2
                                    

No quarto, olhei ao redor e tudo estava muito bem-arrumado, chique, decorado com coisas caras de verdade, cortinas de seda e as paredes pintadas em um tom neutro, tudo muito bonito. No centro do cômodo tinha a cama e em cima dela, algemas, chicote e uma mordaça.

E um homem ao meu lado para quem tenho que fazer jus ao seu dinheiro.

Tenho que valer os dez mil dólares que ele está pagando para usar o meu corpo da forma que ele quiser.

Eu já tinha visto essas coisas e lido algumas coisas sobre elas, afinal quantos livros por aí não trazem essa temática em algum momento?

Mas, ler é uma coisa; fazer, é outra bem diferente. Eu não esperava por isso, nunca em meus sonhos mais eróticos e perversos durante à noite. E ali, claramente, podia ver que ele era praticante de BDSM — eu não sei nada sobre isso a não ser coisas que já vi em filmes e livros.

Tem que haver um meio termo, certo?

Eu me perguntava como havia chegado ali, presa no olhar sombrio daquele homem que parecia destilar autoridade em cada palavra. O quarto, antes acolhedor, agora se tornava um cenário de tensão palpável. Eu mal conseguia respirar, minha voz um fio hesitante enquanto tentava entender.

— O que são essas coisas? — perguntei, a voz tremendo como uma folha ao vento, enquanto ele fechava a porta com um estalo que ecoou no silêncio.

— Você irá se despir e ficar de joelhos aos meus pés, — ele disse, com uma naturalidade assustadora, como se estivesse me dando instruções sobre algo banal. Por um segundo, pensei estar em um filme surreal. — Pegarei a mordaça e a colocarei em sua boca, — ele continuou, se aproximando com passos lentos, cada movimento seu carregado de intenção. — Amarrarei suas mãos em suas costas, — sua voz grave se tornou um sussurro que raspou pela minha pele, enquanto ele segurava minha mandíbula com firmeza, inclinando meu rosto para que eu o olhasse nos olhos. — Irei inclinar você sobre o carpete e chicoteá-la sempre que me desobedecer, — disse encostando-se em mim, o calor de seu corpo irradiando contra o meu, acendendo uma faísca de desejo que eu não queria admitir.

O jeito frio com que ele falava, sem hesitação ou dúvida, deveria ter me assustado. E talvez tivesse, em outra circunstância. Mas ali, naquele momento, tudo que eu sentia era o calor crescente tomando conta de mim, um fogo que queimava sob a pele, um arrepio que deslizava pela minha espinha.

— Ou sempre que eu achar viável e, então, depois que estiver realmente satisfeito, te jogarei sobre a cama e te foderei por trás. E se ainda tiver tempo, como eu desejar, farei o que eu quiser. — As palavras dele saíam cortantes, frias como gelo, mas carregadas de uma promessa que fez meu estômago se revirar de antecipação.

Ele finalizou deslizando a mão da minha mandíbula para o meu pescoço, a pressão leve, mas suficiente para me deixar ciente de quem estava no controle. Quando ele se afastou, minhas pernas tremiam, a mente um turbilhão de pensamentos confusos.

Mas onde estava a emoção nisso tudo? Eu me perguntava, quase como uma última tentativa de racionalidade. Onde estavam os beijos, os toques suaves que eu esperava? Aqueles momentos que faziam meu corpo se aquecerem de desejo, que nos conectavam de uma forma mais profunda?

Eu estava sendo transformada em um objeto, uma boneca sem vontade própria. Ele nem sequer se preocupava em me tocar de verdade, a não ser para reforçar seu controle. Parte de mim se rebelava contra isso, mas outra parte, aquela que eu não queria admitir, estava fascinada pela ideia. Uma fantasia distorcida que me atraía e repelia ao mesmo tempo.

Acho que estava começando a entender. Não era sobre carinhos ou toques suaves. Era sobre poder. Sobre entregar-se completamente a alguém, mesmo quando tudo dentro de você gritava o contrário. Talvez eu devesse fugir, sair correndo enquanto ainda havia tempo. Mas o quanto isso realmente importava agora?

DOMINIUM  - A PERDIÇÃO DO PAKHAN.  VOL 1( EM ANDAMENTO )Onde histórias criam vida. Descubra agora