Capítulo 3 - B

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Lucca LeBlanc

Ela não me ama
Ela ainda me ama
Mas ela nunca vai amar de novo
Ela se deita ao meu lado
Mas ela estará lá quando eu me for?
Porque eu sou aquele que espera por você
Ou você é imperdoável também?
(The unforgiven II - Metallica)

A música tocava estridente dentro daquele salão de festa, cansado de beber fui para a área externa e me sentei nos degraus da escadaria que dava acesso ao jardim. A lua era a única fonte de iluminação ali, observei o céu com poucas estrelas e pensei nela.
Uma onda de ansiedade me atingiu e numa tentativa falha de me sentir melhor coloquei um cigarro na boca o acendendo, ao tragar a fumaça para dentro de meus pulmões senti que as batidas do meu coração desaceleraram. O gosto na minha boca permaneceu o mesmo fumando 3 cigarros seguidos, o gosto dela.

Suspirei alto esfregando meu rosto e desistindo de ficar ali, joguei as bitucas de cigarro dentro do copo de whiskey ao meu lado e me levantei, segui rumo ao meu quarto desviando no caminho de alguns alunos se pegando.
Ao chegar no segundo andar vi meu irmão de costas puxando uma garota para seu quarto, não fazia ideia de quem era a garota, dali não conseguia ver nada além de suas costas, provavelmente uma das líderes de torcida que sempre abria as pernas pra ele nas festas que fazíamos aqui em casa quando nossos pais estavam fora. Ele pagava de santo mas já tinha conseguido levar todas da equipe de líderes de torcida para a cama dele e sempre conseguia manter sua aparência de bom moço, gentil e educado.

Chegando no meu quarto ao final do corredor entrei no banheiro e me despi, ao olhar de relance no espelho vi a pequena cicatriz em meu ombro e sorri de canto negando com a cabeça pela recordação.

Embaixo da água quente senti meus músculos relaxarem, fiquei ali por um bom tempo. Daqui um mês eu estaria fazendo um curso de Gestão de Negócios em uma universidade no norte do país pelo simples fato de ter nascido 6 minutos antes do meu irmão e que, por tradição da família, seria o herdeiro dos negócios LeBlanc. Eu nem sabia se queria aquilo ou se seria bom, mas realmente não teria porque  questionar já que minha situação não era negociável.

Por muitos anos tentei mudar meu destino, briguei incontáveis vezes com meus pais e com meu irmão, não era a vida que eu queria, mas não tinha escolha. Então desisti de nadar contra a maré, aceitar o futuro planejado minuciosamente por meus pais, tomaria frente dos negócios e meu querido irmão seria meu substituto se eu falhasse.
E era bem o que ele queria, assumir os negócios, ter poder, muito dinheiro e muitas mulheres enroladas em seus lençóis, a ganância era tanta que não duvidava que ele iria tentar me prejudicar futuramente para conseguir o que queria.

Sai do chuveiro e me sequei com a toalha, vesti uma cueca boxer e peguei as roupas de antes para colocar no cesto de roupa suja, esvaziei os bolsos da calça tirando o maço de cigarro e o tecido que procurava logo se enroscou entre meus dedos, observei a renda delicada e não pude conter o sorriso malicioso.

Eva era outro ponto conflitante nessa história, era óbvio que ela estava apaixonada por Henry, nunca tive problemas em enxergar isso. Ela foi dona dos meus pensamentos por muito tempo, as garotas que beijava, as que iam para minha cama, eu a via em todas. Depois de sentir seu gosto, ser dono dos seus gemidos e do seu prazer eu quase enlouqueci naquele gramado.

No momento que ela entrou por aquele salão roubou todo o ar dos meus pulmões, tão linda naquele vestido, os fios perfeitamente penteados, porém minha perdição foi notar aqueles lábios carnudos pintados com um batom vermelho. Sonhei com eles por várias noites depois do baile, em como seria sentir eles em minha pele, como seria a ter ajoelhada pra mim provando todo o prazer que era causado por ela.

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