Indomável

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No  Reino Taiyō, mais uma briga era ouvida vindo da sala do trono. Os gritos  ecoavam nos corredores e ninguém ousava intervir. O medo direcionado ao pai ou ao filho, seria completamente justificável.

—Recuso-me! Tal ideia é um completo disparate! De todas as adversidades que fizeste-me passar, esta situação foi a mais estapafúrdia!-Sasuke o jovem príncipe gritava de pé, frente ao trono de seu pai. —Não sou um acordo, sou seu filho.

—E eu sou seu pai e acima de tudo se Rei. Não serei contrariado. -respondeu Fugaku mantendo o olhar fulgaz.

Sasuke riu desacreditado e cruzou os braços.

Agora você é meu pai? -passou as mãos nervosamente pelos cabelos. —Onde estava quando fui mal letrado, doutrinado e jogado de um lado a outro como um boneco de cera? Onde estava durante todos esses anos em que precisei? Onde estava quando minha mãe morreu?

Itachi sentado ao lado do rei, decidiu que seria melhor intervir antes que os ânimos se exaltassem ainda mais.

Otouto, por favor -usava um tom âmeno ao se referir ao irmão. —Acalme-se.

—Me acalmar? Acaso ouviu o que o seu querido pai  me ordenou? -falou em um tom mais baixo, porém ainda afetado.

—Sim, meu irmão, mas veja bem -Itachi por mais que não achasse justo colocar o caçula naquela posição também entendia o lado de seu pai, portanto fazia o máximo para equilibrar os dois. —Nós estamos quase sem recursos, você sabe, os reinos ao redor estão planejando um ataque. Podemos ser invadidos a qualquer momento então precisamos fortalecer nossas alianças.

—Então o Rei e seu Conselheiro decidiram que eu seria a garantia desta aliança? -proferiu irritado. —O que eu sou? Uma prostituta? Me venderão ao primeiro ancião que oferecer um baú de ouro?

—Chega! -Fugaku gritou levantando-se de seu trono de ouro. —Casarás e pronto. Não há lugar para objeções. -declarou  olhando-o firmemente.

Sasuke mordeu o lábio inferior para impedir-se de chorar. Não demonstraria fraqueza. Não na frente de Fugaku. Deu uma última olhada para seu irmão esperando que ele o defendesse, mas Itachi apenas baixou o olhar em silêncio. 

—Se o que dizem sobre minha mãe for verdade, ela jamais permitiria que isso ocorresse. -suas palavras fizeram Fugaku engolir em seco e se sentar novamente. —Mikoto jamais aceitaria  que eu, filho legítimo dela, uma grande rainha, fosse tratado desta maneira -olhou para Itachi ao dizer -Mas ao que me parece, ser ômega é menos honroso que ser um alfa e filho de uma meretriz. -fez uma reverência jocosa e saiu da sala. Sasuke saiu da sala levando seu orgulho e deixou o pai e o irmão com suas consciências pesadas.

______

O ômega decidiu não descer para jantar.

—Meu amo? -a voz de Sakura soou do outro lado da porta juntamente com três batidas leves. —Estou entrando. -a beta de cabelos rosados e um pouco mais velha que ele, entrou trazendo um carrinho consigo, nele havia uma refeição completa para duas pessoas.

Sasuke se sentou na mesa que havia lá aguardando ser servido, não começou a comer até que a rosada fizesse o mesmo com seu próprio prato. Mantinham uma relação além de príncipe e criada. Sakura era sua amiga de longa data, conseguia entendê-lo mesmo quando nem mesmo ele era capaz de fazer isso. Sempre paciente e atenta as suas palavras, nunca o forçava a falar o que não queria e era sempre receptiva as suas lamúrias. 

—Eles querem que eu case. -disse mexendo um pouco na comida, sem realmente se alimentar. Estava sem fome. —Eu, casar.

—Eles? -Sakura arqueou a sobrancelha estranhando a pluralidade do pronome.

—Fugaku e Itachi. -falou com desdém. Não se referia ao mais velho como pai. Porém, tinha um sentimento profundo por seu irmão e vê-lo concordar com aquele acordo o fazia sentir um tanto amargurado. —Eles decidiram meu destino como se isso não fosse nada. Me prometeram  para o futuro rei de Konoha  em troca de proteção militar.  Acredita nisto? Eu sou o único herdeiro legítimo que este reino tem! Eu valho o trono de Konoha, no mínimo.

A mulher largou os talheres deixando a comida de lado. Entendia Itachi, assim como entendia o Rei e Sasuke que se sentia traído. 

— Não quero ser como  a advogada do diabo, mas entendo ambos os lados. -Sasuke lhe lançou um olhar furioso. —Calma, deixa eu terminar. A obrigação de um Rei é proteger seu povo acima de tudo e isto  inclui  a própria família. Itachi é conselheiro dele. Por mais que tenha uma posição de prestígio não tem poder decisório, apenas sugere o que pode ser feito e o Rei Fugaku decide se fará ou não. Talvez não tenha interferido quanto ao casamento porque há real necessidade disto no momento, mas pode ter interferido na escolha de seu futuro esposo. Seu irmão te ama, jamais te deixaria passar por situações de perigo, mesmo que isso significasse ir contra o Rei.

Era verdade, Sasuke mesmo de cabeça quente teria de admitir que Itachi jamais o colocaria em risco. Ele provavelmente havia escolhido a melhor das opções disponíveis para o matrimônio, isso abrandava a ira de Sasuke, mas não a dissipava.

—Me sinto uma mercadoria, Sakura. -uma lágrima rolou em sua face. —Me sinto uma coisa,um item de valor duvidoso. Não uma pessoa. Eu sou o príncipe, sou um Uchiha.  Mas no momento em que também sou um ômega tudo perde o valor.

Seus olhos aquosos partiram o coração dela em mil  pedaços, então a mulher decidiu fazer a única coisa que poderia naquele momento: se levantar e abraçar seu melhor amigo na esperança que isso aliviasse um pouco a dor estampada na face dele.

—Eu não serei negociado como um objeto e adestrado como um cavalo. Jamais. -proferiu com raiva. —Se este homem me quer, não me terá antes de  uma ótima batalha.

Sakura ouvia seu desabafo em silêncio. Não sabia a quem Sasuke seria despojado, mas confiava nas palavras que  ouviu de sua boca:ele não seria convencido. Não seria controlado. E definitivamente não seria domado

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