13 - O Rei de Nanzan

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Enquanto todos prosseguiam o caminho por terra, eu e Hazel fazíamos a vigilância pelos céus, atentos a quaisquer sinais que indicassem a presença de um obstáculo no caminho, ou uma maior proximidade com as tropas de Nanzan. Temia que já tivessem ultrapassado a fronteira, apesar de uma parte do meu coração dizer-me que eles não o fariam. Se eu quisesse mesmo acreditar nas palavras de Susan e Lucy precisava ter esperança de que o Rei de Nanzan só nos estava a colocar à prova. Uma invasão seria o oposto disso.

Sophia, respira. Estás tensa demais.

A cabeça de Hazel balançou à minha frente, o seu relinchar demonstrando o descontentamento com que se encontrava. Foi o suficiente para me obrigar a acalmar a preocupação e a inclinar o corpo na direção do pescoço dele, apoiando a cabeça contra a sua crina. Uma parte da minha atenção prosseguia nas tropas atrás e abaixo de nós, às vezes mais visíveis através das pequenas clareiras na floresta ou das planícies.

- Desculpa. A situação preocupa-me. – Expliquei, fechando os olhos e suspirando o ar contido nos pulmões. Nem me tinha apercebido de que o estava a fazer. – Temo o que possa acontecer. Ou se ainda temos tempo de alcançar a fronteira hoje.

Isso é uma tarefa impossível. Mesmo que alguns vão a passos de corrida, não seria lógico. Se houver uma batalha, precisam ter forças para a combater.

- Acampar pode ser igualmente poderoso. Não sabemos se há inimigos por aí ou tropas desertoras de Nanzan que tenham atravessado para cá. Peter, Edmund e Aloysius poderão ficar em risco.

A pausa que se seguiu fez-me questionar se Hazel estava apenas a ignorar-me ou se teria visto alguma coisa do seu interesse e que o colocara em alerta. Em vez disso, voltei a ouvir as suas sábias palavras na minha mente.

Todos nós sabemos os riscos. Mas precisamos pensar nas tropas em geral e não apenas nós mesmos. Tu já me ensinaste isso antes. E mesmo que queiras proteger os generais desta campanha, tu também és uma das que os guia e arriscas a vida estando a vigiar nos céus comigo quando podias estar a cavalgar com os teus amigos e em segurança.

- Nunca faria isso! Não te deixaria por outra montada.

A risada dele ecoou à minha volta, como que trazida pelo vento e tornando-se um vago eco. Era engraçado ouvi-lo a rir-se como se fosse quase um humano, apesar de ser muito mais mágico que isso. No entanto, se encarasse as palavras dele como uma lição importante, isso significava que não podia deixar a minha vigia com falhas.

Durante horas e horas, não houve quaisquer sinais de perigos através da nossa perspetiva do céu. As asas de Hazel pareciam mais pesadas nos seus movimentos, pelo que sugeri uma caminhada ao lado dos nossos amigos, antes de retomarmos a nossa função mais acima. Apesar de ele não querer admitir, apercebi-me bastante bem de como pareceu agradecer em silêncio a minha sugestão, em vez de ser ele a indicar estar cansado demais.

Entre os nossos companheiros, foi mais fácil manter uma conversa. Nem todos estavam muito confiantes em como esta campanha poderia correr bem a nossa favor. Alguns estavam preocupados com os familiares que deixavam para trás, na esperança de os manter protegidos enquanto eles serviriam de escudo para Nárnia. Outros repudiavam as atitudes de Nanzan e os recentes episódios que tinham ouvido correr pelo mundo em relação ao seu monarca e família. Parecia que não era a única a ter uma má imagem de Neysa.

Não houveram nenhumas pausas enquanto o dia ainda nos fornecia luz para andar. A comida era partilhada e comida ao passado de marcha, e por vezes havia ninfas e dríades que faziam questão de dividir água e cuidar de quem estivesse mais cansado. Alguns centauros tinham-se oferecido para servir de ajudantes para levar os menos resistentes nas caminhadas, mas até estes pareciam não querer ficar muito tempo parados, saindo ao fim de algum tempo dos seus torsos e retomando o ritmo de marcha ao lado dos restantes.

If I am the King, You Would be My Queen [Spin Off]Onde histórias criam vida. Descubra agora