10 - Promessas Incertas

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Antes que desse por isso, dois dias já se haviam passado em Krugya. E depois desses, dias, onde tive a oportunidade de conhecer mais sobre os habitantes do palácio, incluindo os irmãos e irmãs mais novos de Aloysius, ainda se passaram mais alguns. Nárnia permanecia como uma constante na minha mente, algo que estava impossível de ser apagado e que nem toda a beleza e fascínio no Império Krugya era capaz de apagar. Às vezes dava por mim, empoleirada sobre a varanda do quarto onde agora dormia, sentindo o aroma do rio e pensando no quanto sentia falta do sal carregado na brisa marítima e no canto das sereias que influenciavam os marinheiros e homens a desfrutarem de uma aventura no mar. E quando esses pensamentos me acometiam a mente, as lágrimas logo se seguiam, recheadas de saudades.

Buscava que Aloysius e a sua família não soubessem sobre isso. Já era muita amabilidade da parte deles tentarem-me inserir nos seus assuntos, fossem estes mais frívolos ou então políticos. O Rei Kristian chegara a incutir que a minha inteligência daria muito jeito em algumas das reuniões sobre acordos e melhorias no sistema político do Império mas, e graças um pouco à influência da Rainha Vera, a qual agora insistia que não lhe chamasse por títulos honoríficos quando estávamos sozinhas, pude manter-me afastada do escritório real com a desculpa de não estar aqui com o tópico de assuntos políticos e ser uma falta de respeito para com os meus soberanos, os quais deveriam estar presentes para o caso de se chegar a algum tipo de conclusão que beneficie ambos os reinos e uma aliança. Até Aloysius concordou em relação a isso, embora sentisse que o fazia não para me agradar, mas para poder ter algum tempo disponível comigo.

Quando nenhum de nós estava muito ocupado com responsabilidades, conversas ou outro tipo de tarefas que nos tivessem incumbido na agenda, era normal darmos pequenos passeios pelo jardim, por vezes trotando a cavalo, e noutras apenas seguindo num passo lento e vagaroso.

Depois de já me ter acomodado ao palácio, foi a altura em que demos o nosso primeiro passeio fora dos muros do palácio. Não fugimos pela porta secreta, como acontecera da última vez quando entrei no palácio. Em vez disso, as grandes portas principais foram abertas, por onde passamos acompanhados por alguns guardas que garantiam a nossa proteção. Um pouco irónico, tendo em conta que, para a minha primeira apresentação ao povo, havia criado redemoinhos à minha volta que garantiram algum respeito da maior parte das pessoas que tentavam sufocar-me apenas com a sua presença.

Tinha uma expressão pensativa quando refletia sobre esse comportamento. E Aloysius rapidamente notou isso.

- Estás a pensar sobre o dia que chegaste aqui?

- Não. Quer dizer, sim. Mas não especificamente sobre esse dia e sim sobre como usei os meus poderes. Acho que o teu povo deve estar com medo que ainda use algo assim.

Houve uma breve pausa, na qual pensei que ele estaria a pensar e a refletir quais seriam as melhores palavras a usarem para me acalmar. Era isso que ele fazia sempre, inclusive com a família. Mas, em vez disso, fui surpreendida por o ver a rir-se e balançar os ombros. Ele estava a rir e bem.

- O que foi?

- Nada. Não fiques ofendida, mas é engraçado ver-te com medo do que o meu povo possa achar de ti. - Erguia uma sobrancelha, visivelmente confusa com aquelas perguntas e reações. - Não usaste um poder que os magoasse de facto, pois não?

Neguei com a cabeça. Afinal, só tinha lançado o vento para que eles se afastassem um pouco e me dessem espaço.

- Então porque estás preocupada? Eles sabem que foram um pouco exagerados. Além que usaste uma tática defensiva, não ofensiva.

- Oh, por favor. Não vamos falar de estratégias de batalhas. Já chega ter de vos ver a discutir qual a melhor forma de destroçar um inimigo quando avança por território neutro. - Tentei não revirar os olhos, mas até a Rainha Vera o fazia. Às horas de almoço e jantar, quando todos nos reuníamos à mesa, tirando os irmãos com menos de 10 anos de Aloysius, o Rei Kristian punha-se a colocar testes políticos e bélicos aos irmãos do príncipe. Quando todos erravam, voltava-se para Aloysius, esperando a resposta do filho mais velho e herdeiro. Na maioria das vezes, ele respondia corretamente quando lhe pediam.

If I am the King, You Would be My Queen [Spin Off]Onde histórias criam vida. Descubra agora