11 - Planos de Guerra

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Quanto tempo tínhamos ficado presos naquele abraço? Quanto tempo tinha pedido para que aquilo não acabasse e continuasse a observar o oceano que o olhar de Peter trazia até mim? A cada segundo passado, sentia uma urgência ainda maior para me enterrar contra o corpo dele e sentir-me protegida. Até me recordar onde nos encontrávamos e do facto que a princesa de Nanzan poderia estar presente. Aquela mesma sensação de mal estar regressou e tentei afastar-me de Peter, o qual me encarava de forma confusa.

- O que foi? Fiz alguma coisa? - Perguntou, o rosto a inclinar-se para tentar ler-me a expressão.

- A Neysa... Ela não vai gostar se te ver assim comigo.

- Peter? - Quase que saltei da minha própria pele ao ouvir o nome dele sendo proferido por outra voz.

No entanto, não se tratava de Neysa e isso eu tinha a certeza absoluta.

De imediato, voltei-me para a silhueta de Susan, a qual estava acompanhada de Lucy. A última, quando se apercebeu de quem estava ao lado do irmão mais velho, esboçou o seu típico sorriso rasgado de felicidade, correndo na minha direção a agarrar as saias para não tropeçar nas mesmas.

- Sophia! - Chamou, os braços a agarrarem-me o peito e enlaçarem-se à minha volta, enquanto eu retribuía o afeto. - Voltaste. Realmente voltaste. Porque não nos avisaste? Podias ter dito mais cedo!

- Foi algo à última da hora, eu diria.

Edmund tinha-se juntado a nós, e logo também o juntei ao nosso abraço, confortando-me por saber que os irmãos Pevensie ainda eram a minha família. Durante todo o tempo que havia estado em Krugya, nunca me havia sentido no meio de uma família como quando estava com eles. Não importava o quão eu me tentasse afastar, encontrava-me conectada a estas pessoas de uma maneira tão intensa, que nem mesmo uma pessoa como Neysa seria capaz de quebrar esses mesmos laços.

E sempre que pensava nela, um arrepio percorria-me as costas. Conseguia imaginá-la num dos corredores, cuja janela estivesse virada para o jardim, de onde nos pudesse ver ter um feliz e maravilhoso encontro, enquanto pensava em algum tipo de plano para me humilhar ou fazer perder as estribeiras.

Como que a ler os meus pensamentos, Susan colocou uma das mãos por cima do meu ombro e acenou negativamente com a cabeça.

- Ela foi-se embora. Não está em Cair Paravel.

- A princesa Neysa? - Perguntei, a surpresa estampada no rosto. - Onde ela está? Aconteceu alguma coisa? - Todos os rostos voltaram-se para Peter, o qual permaneceu em silêncio naqueles minutos e agora parecia estar em busca de palavras para esclarecer a informação que tinha recebido. - Peter? - Encorajei.

Ele suspirou, aproximando-se de mim e colocando a minha mão sobre o braço dele. Quase que reagindo em cadeia, os irmãos dele afastaram-se de mim para dar algum espaço.

- Vamos falar no escritório. Vou te por a par do que aconteceu na tua ausência.

Sem mais uma palavra, voltei-me para os restantes irmãos, esboçando um sorriso nervoso, e segui o mais velho para o interior do castelo, onde o escritório dele parecia estar tal e qual ainda me recordava depois de ter partido para Krugya. No entanto, quando prestei maior atenção ao mesmo, apercebi-me que havia certas diferenças apenas perspetiveis a quem já tivesse passado muito tempo no local.

Sobre a mesa escura e maciça, mapas de Nárnia e de outros reinos, bem como as suas fronteiras, estendiam-se juntamente com papéis de pergaminho, alguns deles escritos enquanto outros permaneciam em branco. Consegui perceber que alguns deles tratavam-se de cartas escritas na caligrafia de Peter e de Lucy, enquanto outros tratavam-se de estratégias e relatórios, os quais me deixaram com a pele a arrepiar-se.

If I am the King, You Would be My Queen [Spin Off]Onde histórias criam vida. Descubra agora