Parte 8

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Ela controla o choro e então se lembra que Pietro é comprometido.
- Sua namorada vai reclamar de você estar no apartamento de uma menina, e sozinhos.
- Não, - Pietro dá um breve suspiro. - não vai.
- Nossa ela é mesmo melhor do que eu.
- Não se trata de melhor ou pior. Se trata de que não estamos mais juntos.
- Você com seus próprios problemas e eu aqui te enchendo com os meus.
- Não, que isso. O meu não seria um problema. Já havia acabado o namoro. Eu que não quis enxergar.
- Você é bem romântico né?
- Sou um idiota, isso sim.
- Não. Por que seria?
- Porque homem quando é romântico só toma na cara.
- Mulher também, Pietro. Não pense assim. Se todos os homens fossem um pouco mais românticos nós mulheres estaríamos muito mais felizes.
Catarina estava se sentindo muito confortável conversando com Pietro. Conversaram tanto que perderam a noção da hora. Lembraram dos tempos de escola, cada um com seu ponto de vista, já que Catarina não recordava de Pietro no colégio.
- Ai ai Pietro, queria lembrar de metade do que você lembra.
- Eu não queria não. Eu era o patinho feio.
- Com toda certeza não é mais. - Catarina ficou sem graça. - Desculpa.
- Tudo bem. - sorriu Pietro. - Nossa! Olha a hora! Preciso ir.
- Não! Fica um pouco mais. Por favor.
- Já está muito tarde. Ficar por aí até tarde não é muito bom.
- Sim, mas nem comemos nada. Não posso deixar que vá sem que coma algo.
- Pedir comida essa hora só vão entregar sabe lá quando.
- Quem falou em pedir comida? Eu vou preparar.
Pietro fingiu se sentir assustado e fez uma cara como quem diz "você cozinhando? "
- Ora não seja bobo. Sou ótima na cozinha.
- Huuummm... Agora fiquei curioso.
- Você tem restrição a alguma comida?
- Sim, àquelas que não se comem.
Catarina deu uma intensa risada. E no mesmo instante sentiu- se num mundo diferente. Começou a perceber que podia sim mudar. Que não precisava ser aquela menina que todo mundo odeia. Mas sim uma menina com uma vida social bem movimentada. Percebeu também que as pessoas precisam sim de uma segunda chance. E resolveu que no dia seguinte procuraria sua família.

- Catarina Ferraz no fogão. Acho que ninguém em sã consciência imaginaria isso.
- Muito engraçadinho você.
- Sério. Eu mesmo nunca pensei. Agira basta saber se a comida vai mesmo ficar boa.
- Maravilhosa. Me desculpe mas no fogão me garanto.
- Uhh.. Quero só ver.
A sintonia entre os dois era algo impressionante. Pareciam ser amigos há tempos. E Catarina estava gostando de ter visita em casa.
- Sabe, você é a primeira visita do meu apartamento.
- Mentira? !
- Sério. Ninguém vem aqui.
- Nem a Alice?
- Alice veio aqui mas não como visita. Então, não conta.
- Uau...Primeira visita, sou o único a te ver vestida assim, vou provar sua comida, estou me sentindo especial. E lisonjeado. - Ele gargalhou.
Ela sorriu, mas no fundo era isso o que Catarina estava sentindo. Que ele era uma pessoa especial.
- Vou por a mesa.
- Eu te ajudo.
- Não, não. Você é visita. Sente-se e espere.
Pietro sorriu. E seguiu as ordens da moça. Afinal, ela continuava sendo Catarina. E era a dona da casa.
Catarina pôs a mesa com primor. Ela fazia isso muito bem.
- Nossa! Estou impressionado com seu capricho. Parabéns.
- Obrigado. - Ela ficou sem graça. - Sirva-se, fique a vontade.
- Oba! Vamos provar os dotes culinários de Catarina.
Pietro fez seu prato. Catarina estava receosa. Até então, só havia cozinhado para ela mesma. Ele provou. E sua expressão era indecifrável.
- Cathy, uau! Aplausos pra você. Porque está uma delícia.
- Pode falar a verdade. Não vou ficar chateada.
- Não, estou falando sério. Não sabia que ia ficar tão bom. Parabéns.
- Ufa! Obrigado. É a primeira vez que... Ah, você já sabe. - Os dois riem.
Terminam de comer, conversam sobre os seus gostos musicais, filmes, comidas preferidas, e outros assuntos como estes.
- Minha linda a noite foi ótima, estava tudo muito bom, nem foi esse o real motivo para eu ter vindo, mas vejo que está muito melhor. Mas agora tenho que ir.
- Gostaria de pedir que ficasse mais u pouco. Mas entendo.
- Olha, vamos manter contato ok? Vamos marcar outras vezes, quero agora poder cozinhar pra você. Não vai ser com tanta desenvoltura como você, mas vou me esforçar.
- Você falando assim vou achar que sou uma chef de cozinha.
- Não exagera.- Os dois riem novamente.
- Posso anotar seu número?
- Sim, com certeza.
Eles trocam números de celular, emails, redes sociais. Queriam a partir de então manter a amizade.
- Pietro, muito obrigado. Você mudou o rumo das minhas escolhas hoje. Eu te agradeço muito por ter me feito ver que eu ainda tenho chance, que eu posso melhorar.
- Que isso não me agradeça. Pense em tudo como ação do destino, para unir nossos caminhos e nos aproximar. - ele a abraça. Com carinho. Ainda há sentimento.
- Obrigado mesmo assim mais ouma vez. - ela sente algo diferente. Algo novo que nunca sentiu.
- Bom, agora eu vou. Qualquer coisa me liga. Até se quiser dizer oi tá bom?
- Não seja exagerado, Pietro. Você também se precisar, pode ligar.
- Obrigado pela noite.
- Obrigado pelo carinho.
Catarina o viu partir, mas no fundo queria que ele ficasse. O olhou ir embora pela janela de seu apartamento. Deitou- se no sofá e pensou na noite que tivera. Estava encantada. E agora tinha um longo caminho pela frente. Será que esse caminho será fácil?

Na ponta do salto agulhaOnde histórias criam vida. Descubra agora