Parte 3

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O despertador toca. Catarina sequer consegue desligar. Obviamente todas aquelas margueritas não a fariam bem. De fato, já era hora e precisava trabalhar. Como trabalhar se não aguentava nem levantar da cama. O seu único reflexo foi mirar o chão e ali mesmo despejar tudo o que havia bebido.
- Céus que dor de cabeça. Não posso trabalhar nesse estado. - Pega o celular e liga para Alice. Do outro lado apenas cai na caixa postal. - Oras, Alice, onde você está?
Não lembra de muitas coisas da noite anterior, mas lembrasse do fato contado por Pietro. Tenta entender. Liga mais uma vez para Alice, mas é em vão.
Vai ao banheiro, despensa o banho quente. Não tem coragem nem de olhar o espelho. Enrola-se na toalha e vai até seu guarda-roupa procurar o que vestir. Elege um belo vestido azul marinho, bem acinturado, sem mangas e de comprimento mediano. Vasculha seus sapatos e lá está ela, sua única sapatilha. "Há quanto tempo não te vejo", pensa. Se sentia tão mal e enjoada que o salto lhe causava tontura. Tomou as chaves do carro, sua bolsa e foi em direção a garagem. Cabelo e maquiagem a desejar. Tomou posse de seus óculos escuros e dirigiu-se ao trabalho. Já estava atrasada.
- Alô. - atende ao telefone seca.
- Onde é que você se meteu Catarina?- era seu tio, dono do escritório, que parecia um tanto quanto irritado.
-Estou a caminho . Não se preocupe.
-Me preocupar? Não Catarina, você não está entendendo. Está completamente atrasada para a reunião que por sinal já irá começar. Onde está sua responsabilidade Catarina?
- Pode ficando relaxado aí Enzo. Estou chegando. Não precisa exagerar.
-Não entre na sala dessa reunião, Catarina.
Ela apenas ouviu o celular desligar. Seu dia já começara bem.

-Onde está a incompetente da minha secretária, Flávia?
- Ela ligou avisando que não vem, Catarina. Está indisposta.
-Ligue agora para ela e transfira para minha sala.
-Alô.
- Que lindo, Alice. Não vem trabalhar porque está indisposta? Imagine como eu estou. - se altera.
- Bom dia pra você também, Catarina. Estou passando mal sim, e você pouco se preocupa com isso não é verdade? Não se preocupe. Amanhã mesmo passo para recolher minhas coisas, não sou mais sua escrava.
-Escrava? Eu lhe faço o favor de arrumar um emprego e você me agradece assim?
- É isso sim. Enquanto eu trabalhava para você não podia me queixar, mas agora é a Alice amiga falando. Sua grossa. Espero que tenha um péssimo dia de ressaca!- Mais uma vez Catarina ouve o som de telefone sendo desligado do outro lado.
Catarina não consegue compreender o que aconteceu para que Alice tenha ficado assim tão chateada. Afinal, Alice sempre foi muito calma.
A tarde, Catarina não consegue tirar de sua cabeça as palavras de Pietro. A menina tenta, mas não consegue lembrar-se de nada.
-Pietro. Quem é você, Pietro? Por que não me lembro?
Ela então para e tenta lembrar do baile de formatura:
"Naquele dia, Catarina havia ido ao baile acompanhada pelo capitão do time de futebol (cujo nome não recorda). No meio da festa, ela vê seu acompanhante com outra menina aos beijos. Como forma de se vingar, visto que Catarina Ferraz jamais ficava por baixo, agarrou e beijou o primeiro menino que passava. Não sabia nome nem turma, mas a fisionomia pareceu conhecida".
- Pietro Moraes! Foi o menino que beijei para me vingar. Oras, agora ele quer vir com papo de que eu o deixei. Tolo! Além de grosso é idiota. Mas por que o interesse em se vingar? E como ele mudou. Está até mais apresentável. - pega o telefone e disca para a recepção. - Flávia, liga para o consultório do dentista Pietro Moraes. E me transfere a ligação.
Como de praxe, Catarina nunca agradecia. Marcou um horário no consultório ao fim da tarde. Sua descoberta não podia parar ali.

Na ponta do salto agulhaOnde histórias criam vida. Descubra agora