Catarina não via a hora daquela angústia passar. Queria que tudo não passasse de um pesadelo. Passou a noite no hospital, e Pietro a acompanhou. Desmarcou todas as suas consultas do dia seguinte para que pudesse fazer companhia para a menina.
- Pietro, não quero que perca seu dia de trabalho por minha causa.
-Tudo bem, querida. Não tem problema. Não vou sair do seu lado até saber que está bem.
- Obrigado, Pietro. Você é um amor.
- Que nada. - o rapaz sorriu- vem cá, me dê um abraço.
A menina o abraçou, e eles ficaram ali por um longo tempo abraçados.
Encontraram um sofá na sala de espera e Catarina acabou pegando no sono deitada no colo de Pietro. A menina estava completamente mudada. Não era mais a mesma Catarina que achava ser a dona da razão, aquela mesma menina que "atacou" Pietro com palavras repetidas vezes. Agora era uma Catarina muito mais simpática, era uma pessoa que poderia ser adorada por quem quisesse. Catarina precisou de um choque de realidade para que acordasse e visse o tempo que estava perdendo com sua arrogância e mau humor.
Infelizmente Catarina passou por essa mudança também devido fato de sua mãe agora estar doente, necessitando de cuidados, e seu pensamento agora girava em torno do fato de se sentir culpada. Claro que a culpa não era da menina, mas a notícia a abalou muito. Catarina amava sua mãe infinitamente. Mesmo que tivesse se afastado, seu motivo foi sim muito egoísta, mas também serviu para que ela amadurecesse.
No outro dia de manhã, Catarina acordou assustada. Havia tido um pesadelo. E logo em seguida o médico surgiu na sala de espera.
- Bom dia, senhorita Ferraz.
- Bom dia, doutor. Alguma notícia?
- Bom, até o momento não. Sua mãe continua cedada.
- Eu posso vê-la doutor?
- Senhorita, não posso permitir que entre, mas pode olhá-la através do vidro do quarto.
Catarina foi até o quarto da mãe. Quando a viu naquela situação a menina ficou completamente sem reação. De repente a lágrima começou a cair.
- Mãezinha, como queria lhe pedir perdão. Sei que não fui uma boa filha. Que falhei muitas vezes. Sabe mãe? Não queria ter perdido todo esse tempo longe de você. Sofri em silêncio todo esse tempo. Não podia dar meu braço à torcer devido meu orgulho besta. Tenho muita raiva de mim, mãe. Eu fui uma idiota. Me perdoa mãe. Me perdoa mãezinha. Eu te amo muito. Não me deixa, mãe. Por favor. - a menina calou sua voz e deu lugar a apenas o seu choro. Um de dor e constante. Sentiu um abraço quente ao redor de seus ombros. Era Pietro que havia acordado. A abraçou e a menina perdeu seu chão de vez.- Precisamos almoçar, querida. Você não pode ficar sem comer.
- Não vou sair daqui.
- Só vamos almoçar. Tem um restaurante aqui ao lado.
- Vai, Cathy. -insistiu a irmã- você não pode ficar sem comer também.
- Tudo bem, mas vou e volto muito rápido.
Pietro levou a menina para almoçar. E no meio do almoço lembrou:
- Engraçado, há uns dias atrás jamais imaginaria nós dois juntos.
- Como assim? - Catarina ficou um pouco confusa.
- Oras, juntos. Como um casal.
- Casal?
- Desculpa,-Pietro ficou sem graça- me precipitei.
- Não! Me desculpe você. É que não havia pensado nisso.
-Tudo bem. Eu falaria sobre isso no nosso jantar. Mas devido os acontecimentos, não pude. Claro que não estou reclamando, longe disso. Só estou, digamos, justificando.
- O que você falaria no jantar?
Pietro ficou sem jeito. Remexeu o bolso, tirou uma pequena caixinha.
- Ontem, quando Alice ligou, eu estava em uma joalheria ali perto. - ele colocou a caixinha em cima da mesa. -Ia preparar um momento mais romântico, uma forma mais apropriada. Mas, o caso é que, -ele abriu a caixinha- eu ia no jantar de ontem a noite te pedir em namoro.
Catarina ficou surpresa.
-Que lindo! É para mim?- ela ficou indecisa. - Nossa, não sei como reagir.
- Só me diz se gostou. E o mais importante, se aceita.
- Eu não gostei. Eu amei!!! E claro que eu aceito! Nossa, jamais imaginei.
Pietro se levantou, ajoelhou aos pés da menina, segurou o anel e fez o pedido.
- Catarina, você quer namorar comigo?
- Claro! - a menina não conseguiu esconder a alegria que sentiu. Mesmo preocupada com sua mãe, a menina ficou muito feliz.
Voltaram para a sala de espera do hospital, onde a ansiedade estava em evidência.
O que acontecerá com a mãe de Catarina? Como será esse novo sentimento que brota e namoro que surge? Catarina não sabia mais do rumo de sua vida.
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Na ponta do salto agulha
RomanceCatarina era uma menina ousada. Delineado sempre nos olhos, batom vermelho e unhas bem feitas, com aquele esmalte sempre muito rosa. Catarina gostava de chegar arrasando por onde quer que fosse. Em seus pés sempre um bom salto alto. Do trabalho até...