Parte 1

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-Alô, Alice? Já está no escritório?
- Não Cathy, sabe como é depender de ônibus né? Ah é, esqueci que você não anda mais de ônibus faz um bom tempo.
- Não seja irônica Ali, -responde Catarina dando uma longa risada- sabe que este tipo de transporte não combina com meu estilo.
Catarina cursara Contabilidade e agora trabalhava na empresa do tio, onde havia arranjado também uma vaga de secretária para sua melhor amiga, Alice. As duas cresceram juntas num bairro afastado do centro da cidade e se tornaram inseparáveis desde o jardim de infância.
-Alice, não esqueça por favor de hoje.  - Catarina havia arrumado um encontro para sua amiga que não queria saber de romance desde o rompimento de seu noivado há pouco mais de seis meses.- É importante para você.
- Cathy, não estou nem um pouco confortável com essa situação. Enfim, não esqueça que temos uma reunião com seu tio hoje às 15h.
Catarina odiava essas reuniões e revirou os olhos ao ser lembrada pela amiga da mesma.
- Estou entrando no carro agora, no escritório conversamos.
- Atrasada de novo dona Catarina!
E Alice só ouviu o tom de encerramento de ligação.
Saia estilo tulipa preta, camisa de cetim branca, blazer preto, peep toe preto. Maquiagem perfeita. Catarina sempre saía de casa impecável. Muito elegante, dirigia até de salto. O escritório era há vinte minutos de seu apartamento. No caminho precisou parar na farmácia, emergência feminina. Ao sair, levou um susto ao ser acertada por um grande empurrão desengonçado que aconteceu sem querer por um belo moreno.
Catarina ficou completamente irritada:
- Está louco?! Olhe por onde anda!
- Me perdoe, estava distraído.
-Isso não é desculpa. Ora veja, só o que me faltava.
-Senhora, me descul...
-Senhora? Só se for sua mãe que está aqui e não estou vendo.
-Olha aqui o Dona do Mundo, já me desculpei, não quer aceitar problema seu.
-Oi?! Ogro!
- Grossa.
O rapaz vira as costas e sai em direção ao corredor de itens masculinos.
Catarina já havia perdido a pequena faísca de bom humor com a qual havia acordado.
- Bom dia senhorita Catarina.
- Só se for pra você. - E assim começava mais um dia empolgante no escritório.

-Alice, é a última vez que falo com você, brega e cafona desse jeito você não vai mesmo conseguir nada.
-Antes brega e cafona do que grossa como você, Catarina.
- Ai amiga, me desculpe. Mas você está passando dos limites. Já pedi mil vezes que se arrume melhor. Não moramos mais naquela cidadezinha sem graça. Você precisa mudar esse jeito.
-Cathy, eu sou assim. E se alguém tiver que gostar de mim será do jeito que sou.
-Tá bom, Alice. Faça como quiser.
Catarina e Alice tinham um encontro no bar mais badalado da cidade. Catarina havia arranjado o encontro, porém não fazia questão alguma de ir. Sua intenção era apenas desencalhar a amiga, que vivia se lamentando por seu noivado, o que a deixava entediada. O pretendente era o amigo do mecânico de Catarina. O qual ela havia arranjado por um grande acaso: o rapaz sofria do mesmo mal de Alice.
Ao chegarem no bar, Catarina, que não havia tido um bom dia, sentiu o fim do dia ser lamentável para o resto da semana ao descobrir que o acompanhante do pretendente em questão era o mesmo moreno com o qual ela havia se desentendido mais cedo. O pensamento de Catarina foi um só:
- Só pode ser brincadeira.

Na ponta do salto agulhaOnde histórias criam vida. Descubra agora