Parte 6

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Catarina não era de se abater facilmente, mas devido os últimos acontecimentos estava se sentindo perdida. Resolveu ir ao bar, como sempre fazia. Mas dessa vez não seria a marguerita sua eleita.
Chegou ao bar e foi direto para o balcão. Sentou- se e pediu um chá gelado. Sua cabeça girava. Perdera a amiga, seu passado a perseguia, e agora sua mãe estava indo embora do país devido uma doença. A menina estava perdida.
- Que milagre, não chegou hoje enchendo a cara e nem me aborrecendo.
Ela estava tão distraída que não tinha percebido nem a pessoa que estava ao seu lado.
- Por favor, não estou pra ninguém hoje. Me deixa.
- Seria estranho o contrário. Você estar aberta as pessoas.
- Eu vim aqui para aliviar meus problemas, mas se for para você me encher o saco vou pra outro lugar.- a menina se levantou para ir embora, mas Pietro a segurou.
- Não, fique. Já estou de saída.
Pietro se levantou e deixou o balcão. Mas não foi embora, apenas sentou- se em outra mesa. Ele também precisava ficar sozinho.
Catarina resolveu ligar para a irmã mais nova, Fabricia, que morava com a mãe e poderia lhe passar mais informações sobre o que estava acontecendo. Uma vez que ela não queria no momento entrar em contato com a mãe.
- Alô? - atendeu a irmã.
- Fabricia?
- Sim, quem está falando?
- Sou eu. Não lembra mais de mim?
- Olha se não disser quem é irei desligar.
- É a Cathy. -falou a menina desapontada.
- Não acredito! Lembrou que eu existo?!
- Fabi, por favor. Não fale assim.
- Quer que eu fale como, Catarina? Você some, não procura e nem responde ninguém e ainda quer ser tratada como prioridade?
- O que a mamãe tem? - Catarina preferiu não discutir sobre sua postura com a irmã.
- Como assim?
- Ela me procurou hoje e disse que está doente.
- Disse para ela não te procurar, mas ela é teimosa.
- Por que não me procurar? Sou filha dela também!
- Foi preciso ela estar quase morrendo e ir te procurar para você lembrar disso.
Catarina ficou chocada com as falas da irmã.
- Como? Estar quase o que?
- Ela não te contou tudo não é? Mamãe está muito doente, Catarina. Os médicos daqui já a desenganaram. Por isso ela está indo embora. Procurar outras opiniões.
Catarina não acreditava no que estava ouvindo. Ficou muda, não sabia o que falar.
- Catarina ainda está aí?
- Sim. Não posso acreditar nisso.
- Pois é. Ela descobriu que estava doente um pouco depois que você saiu de casa. Ela quis te procurar, Alexander deu a maior força, mas eu fui contra. Mesmo assim ela insistia em te ligar.
- Como fui idiota.
- É, Catarina. Foi sim. Foi não, você é. Só sabe pensar em si mesma. Não se preocupa com ninguém. Acha que o centro do mundo é você.
- Olha aqui, Fabricia. Eu sei que errei, mas meça suas palavras pra falar comigo. Desculpas eu só devo a minha mãe.
- Então faça isso antes que seja tarde demais.
A irmã da menina desligou o telefone sem se despedir.
Catarina tentou ser forte, mas pensar que poderia perder a mãe a fez desabar. Sozinha. Sem ninguém. A menina chorou ali mesmo, sem ter tempo nem de pensar nos outros que a veriam chorar. A forte Catarina Ferraz agora era apenas Catarina Maria, aquela menina que quando sentia medo na infância corria para o colo da mãe.
De sua mesa Pietro viu a menina se desfazendo em lágrimas e, mesmo não querendo, se preocupou e foi saber se a menina precisava de ajuda.
- Catarina?
- Por favor, Pietro, hoje não. - disse a menina aos prantos.
- Ei, o que houve? Calma. Fala comigo. Está sentindo alguma coisa?
- Sim. Tudo. Principalmente culpa. - e desabou em choro.
Pietro a envolveu em um abraço. Deixou que a menina chorasse em seus braços. Sem perguntas, apenas um abraço compreensivo e amigo, que era o que a menina precisava no momento.
Depois de um tempo tornou a falar.
- Quer sair daqui? Sentar em um outro lugar?
- Não tenho outro lugar.
- Pensamos em um. Quer que eu vá embora?
- Não! - se desesperou a menina- Fica por favor. Não me deixa agora. Eu não tenho ninguém.
- Tudo bem, olha se acalma. Não vou te deixar. Mas não sei se o balcão de um bar seria o melhor lugar.
- Se incomoda se formos para o meu apartamento?
Pietro pensou um pouco, mas a menina estava muito abalada para que fosse apenas um plano.
- Tudo bem, vamos. Onde está seu carro? Depois busco o meu.
- Está aqui perto da porta.
Eles saíram do bar e foram para o apartamento de Catarina. Um silêncio tomou conta do caminho. Ao chegarem Pietro propôs que ela subisse e tomasse um banho.
- Vou voltar ao bar e trazer meu carro enquanto isso.
- Tudo bem. Mas diz que isso não é um motivo pra me deixar aqui.
- Pode confiar em mim. Você pode não lembrar, mas não sou do tipo que deixa de ajudar um amigo.
Catarina soube que ele estava falando dela. Subiu e fez o que haviam combinado enquanto Pietro buscava o carro.

Na ponta do salto agulhaOnde histórias criam vida. Descubra agora