PANIC SATANIC┃EDDIE MUNSON ✓ [EM REVISÃO]

❪ 002. ❫ sentir dor é melhor do que não sentir nada

PANIC ── SATANIC

CAPÍTULO DOIS
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SENTIR DOR É MELHOR DO QUE NÃO SENTIR NADA

❪ HAWKINS, 15 DE MARÇO DE 1986 ❫

ERA QUASE NOITE quando Harvey Corrigan trancou a porta do Family Video e despediu-se de seu primeiro dia de trabalho. Ele não havia feito muita coisa e nem ao menos tinha ficado cansado. No entanto, evitar as perguntas de Steve Harrington e suas tentativas de ser seu amigo, foram a coisa mais exaustiva daquele dia.

Toda vez que Harrington chegava perto de Harvey, ele se esquivava para outro canto da loja e tentava fingir que estava ocupado. Até mesmo chegou a se trancar no banheiro por quinze minutos inteiros para não ter que falar com ele. Mas, assim que abriu a porta, lá estava ele com seu penteado perfeito e um sorriso amigável.

Steve queria saber o motivo do sumiço de Harvey naquela manhã e, por mais que tentasse convencê-lo que apenas havia saído para fumar, ele não acreditava. Então, quando finalmente Steve foi embora e deixou que Harvey fechasse a loja, foi o único momento que teve um pouco de paz.

O caminho para casa foi silencioso e rápido e, enquanto voltava para o Forest Hills Trailer Park, Harvey pensou em seu irmão. Viktor Corrigan. Ele era alguns anos mais velho que Harvey e, para ele, era um completo idiota. Viktor acabou fugindo de casa após a morte da mãe deles alguns anos atrás, quando era apenas uma criança.

Por anos, Harvey teve de lidar com a ira de seu pai e o luto por perder sua mãe sozinho e, em pouco tempo, o sumiço do irmão mais velho. Enquanto Viktor estava escondido em algum lugar do mundo e mandava, mensalmente, cartas que jamais foram respondidas. Harvey tentava esquecê-lo de vez. Mas as notícias que recebia dele o faziam lembrar de sua existência.

Harvey não o odiava. Odiar era um sentimento e, sentir algo, era a última coisa que se permitia fazer. Era apenas um desconforto no peito ao pensar no irmão e, por causa disso, evitava ler as cartas ou, até mesmo, ir buscá-las nos correios. Max havia feito um favor a ele e, por mais que se incomodasse com aquilo, não podia culpá-la por ter um irmão fugitivo.