9.

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Fiquei em silêncio enquanto ela chorava.

Estava com sede mas não queria interromper suas lamúrias e nem tinha forças pra me levantar e pegar a água sozinho.

Esperei.

Ela me encarou com aqueles olhos inchados que há muito tempo não me olhavam com alegria e limpou o rosto com as palmas das mãos.

ㅡ Você consegue imaginar a dor que eu senti quando o seu irmão morreu?

ㅡ Sim.

Eu quis dizer que senti essa dor mil vezes mais forte porque ele era tão importante pra mim quanto era pra ela mas me pareceu injusto. Yongbok não saiu de minha barriga.

ㅡ Então imagine essa dor multiplicada por dois. Eu iria me sentir assim pelo resto da minha vida se você também me deixasse, Minho.

ㅡ Foi tudo culpa minha. ㅡ Desviei o olhar, foi a primeira vez que eu assumi aquilo em voz alta. Mesmo sabendo que a maioria das pessoas pensava assim.

ㅡ Se eu estivesse em casa naquela noite e morresse para protegê-lo, você colocaria a culpa nele? Você ficaria dia após dia culpando seu irmão pela minha morte? Iria ignorá-lo em casa? Iria fingir que ele não existe? Eu estou aqui, filho. Eu estou aqui, eu também o perdi.

Ficamos em silêncio.

ㅡ Se sente culpa por ter sido salvo pelo seu irmão, imagine o que eu sinto por ter levado aquele assassino pra nossa casa... Por ter confiado nele.

ㅡ Você não sabia. ㅡ Interrompi. ㅡ Nem eu imaginava que algo tão cruel poderia acontecer.

Percebi que minha dor provavelmente não chegava nem a um terço da dor que ela sentia e finalmente acordei de um transe terrível. Percebi que eu realmente havia deixado minha mãe sozinha. Ela não tinha mais ninguém além de mim, perdeu um filho pelas mãos de um cara que amou, foi julgada pelos nossos parentes, passou por toda a burocracia do velório e audiências no tribunal sozinha e eu ainda tentei me matar, que ótimo.

ㅡ Me desculpa, mãe.

Ela voltou a chorar e me abraçou.

Senti o peso dos meus ombros diminuir consideravelmente.

Senti o peso dos meus ombros diminuir consideravelmente

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