"Saudade"

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Há uns dias, minha tia veio morar comigo, era só por um tempo. Ela era minha única familiar que sabia em partes da minha relação com Lucas.
Como ela trabalhava direto, quase nunca ficava na minha casa, só aparecia pra dormir, às vezes nem isso. Lucas estava voltando de viagem e queria muito vê-lo hoje. Mesmo sabendo que ele estaria exausto.

Não custa nada tentar, né?

"quer vir aqui hoje não? 👀"

"quero 👀"
"ainda nem cheguei na Dutra, mas eu quero te ver"

Lucas me manda uma foto ainda no carro.
Tinha viajado pro Rio, afim de adiantar um projeto do canal.

"vou deixar a porta aberta, tá?"

"belê, acho que antes do almoço eu já tô em São Paulo."
"quero te ver nem que seja só por 15 minutinhos 🥺"

"como assim 15 minutinhos, Lucas?"

"vai que sua tia quer me bater de novo…"
"não tô afim de apanhar dela
mas de você sim"
"falando sério agora, eu tenho um ensaio na parte da tarde com os meninos, por isso vai ser corrido mas mesmo assim eu quero te ver."

"BESTAKKKKKKK"
"ela já aceitou você, pode vir tranquilo.
ela não vai te bater."
"ah, saquei.
projeto da playlist de funk?"

"isso mesmo! 🤩"

"QUE FODA!"

"e está convidada a ir assistir o ensaio dessa banda maravilhosa"

Flashback - 2 semanas atrás.

Lucas estava dormindo na casa de Manu e  acordou primeiro que ela, achou que seria uma ótima ideia ir até a cozinha da moça pegar um copo d'água. Ele só não contava que Dona Leonora também estava na casa.

Era simples.
Lucas já estava acostumado com o ambiente.
Loki já o conhecia.

O rapaz já estava na cozinha, prestes a pegar um copo no armário quando um grito o assustou.

— QUEM É VOCÊ E O QUE FAZ AQUI?

Ao se virar, viu uma mulher de aproximadamente uns 46 anos segurando um cabo de vassoura na mão.

— Espera, quem é você?

— EU FAÇO AS PERGUNTAS AQUI, MOCINHO. - Ela se afasta andando de costas, em direção ao quarto de Manu. — MANUELA TEM UM CARA PELADO NA SUA COZINHA.

Lucas estava parado na cozinha se perguntando "o que caralhos acabou de acontecer?"

— Porra, mas eu nem tô pelado…

Manu chega à cozinha com uma terrível cara de sono e com o cabelo todo pro alto. Usava uma camisa de Lucas como pijama. Após conversar com sua tia, Manu conseguiu acalmá-la e explicar a situação .

— Tia Leo, esse é Lucas. Nós… estamos namorando. Não precisa bater no menino.

Aquilo fez Lucas sorrir, era a primeira vez que ela se dirigia a ele como "namorado".

— Poxa Manu, mas como eu ia saber? - Leonora diz envergonhada. - Lucas, peço desculpas por isso.

— Tudo bem, Dona Leonora.

— Me chame apenas de Leo, rapazinho. Não sou tão velha assim.

— Tudo bem, DONA Leo. - Lucas ri ao implicar com a tia de Manu.

Tempos Atuais.

Lucas saiu da casa de Marcelo bem cedo, antes mesmo do sol nascer, chegaria aqui ainda pela manhã - segundo o próprio. Ainda era cedo, estava com sono. Depois de mandar uma foto da minha cara amassada para Lucas, decidi voltar a dormir.

Acordei às 11, ainda tinha muita preguiça. Decidi ir tomar um banho de banheira hoje, a intenção era relaxar. Estava de folga do trabalho e pretendia aproveitar essa folga no meio da semana da melhor maneira possível.
Lucas tinha me mandado uma mensagem avisando que já tinha chegado em SP, mas estava preso no trânsito de uma avenida. Talvez demoraria um pouco pra chegar. Depois do banho, fui pra sala junto de Loki. Perto da hora do almoço, ouvi um barulho da porta e vi a maçaneta se mover para a direita, mostrando que alguém havia chegado, cara alto, ombros largos, cabelo arrepiado … Meu coração acelerou só de saber que era Lucas por trás daquela porta. Lucas abriu a porta, seu olhar cansado dedurava que ele passou a noite em claro e mesmo assim, veio dirigindo pra São Paulo … Ali me conformei que Deus protege os motoristas assim como também protege os bêbados no caminho de casa. Não precisei me levantar, ele apenas largou a mochila que carregava nos ombros no chão e logo em seguida se jogou no sofá bem do meu ladinho.

– Tava com saudade. - Me abraçava forte. Seus braços me envolviam de uma forma confortável, ali era o meu lar.

– Eu também estava, meu amor. - Falei enquanto ele enchia meu rosto com beijinhos. Me fazia rir.

Lucas tomou meus lábios, me beijava de maneira calorosa. Me perdia e me encontrava tantas vezes ali que nem sequer me lembrava de como era respirar. Eu sentia o clima esquentar mais e mais, eu sabia de onde vinha o calor, o calor tinha o sol em Aquário e o ascendente em Sagitário.

– Foram 4 dias longe, mas pareciam 4 anos. - Lucas fala parando o beijo devagar.

– Ainda bem que não foram 4 anos. Seria uma tortura sem perdão.

– Nem quero pensar em algo assim.






"Enrolado em seus caracóis,
jurando que se ela disser que me ama
hoje eu mudo de vida …
Pensando na primeira vez que te vi,
engraçado eu não ter notado que eu o que eu procurava tava bem ali."





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