"Grogue."

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Lucas's POV

Acordei meio atordoado, meu raciocínio estava lento. Só lembro de ouvir que passaria por uma cirurgia, coisa que mais me assusta nesse mundo. Estava internado? O acesso em meu braço esquerdo respondeu a minha pergunta. Virei a cabeça para o lado devagar e vi Manu conversando com uma enfermeira. A dor não estava mais tão forte, conseguia respirar normalmente. Eu sentia muito sono, isso sem falar na culpa que caía em meus ombros. Meus olhos pesavam demais. Decido cochilar só mais um pouquinho enquanto escuto Manu me detonar para a enfermeira.

Eu conseguia ouvir tudo. Tudo mesmo.

Consegui ouvir os passos de Manu até mim.

Ela segurou minha mão direita.

Estava fazendo carinho nela com o maior cuidado do mundo.

E então, a ouvi soltar um suspiro de maneira pesada.

"Quando você vai deixar de ser tão cabeça dura? Eu que deveria ser o adolescente inconsequente da relação, lembra?"

Eu lembrava dessa conversa.

Permanecia de olhos fechados.

Manu tinha lá seus defeitos, um deles era saber exatamente quais são os meus.

Finalmente juntei forças pra abrir os olhos, não era possível que eu não tivesse forças nem pra abrir os olhos.

Manu falava baixinho. Parecia ser algo como "Vai ficar tudo bem."

Assim que ela me viu de olhos abertos, ficou em choque.

— Olha, se você tá tentando me matar do coração é melhor me avisar. - Manu me olhava séria.

— Desculpa.

— Pelo que?

— Por te colocar nessa situação.

— Lucas, se eu estou aqui é porque eu quero estar aqui. Se eu fui até o seu apartamento te arrastar de lá pra vir em um hospital, foi porque eu quis. Não tem porque me pedir desculpas.

— Acho que eu tô sendo o adolescente inconsequente da relação, né?

— Um tanto, sim.

Soltei um riso. Manu segurava firme a minha mão.

— A medicação vai te deixar meio grogue, melhor te deixar ciente disso.

— Ah, então é por isso que eu vejo tudo em câmera lenta?

— Pode ser. - ela ri. — Como tá a dor?

— Não sei dizer. Tava forte mas agora tá passando.

— Tá passando?

Apenas assenti. Na minha cabeça, eu estava morrendo e Manu era o meu anjo.

— Numa escala de 0 a 10 tá quanto?

— 7.

Manu ainda mantinha um semblante sério ao falar comigo.

Eu sentia muito sono, mas não queria dormir. Pelo menos não agora.

— Você vai operar pela manhã. Melhor descansar, amor.

Até agora essa foi a primeira vez que ela me chamou por um apelido.

— Mas eu não quero dormir.

— Você pode ter uma reação negativa ao receber a anestesia, amor. Vai por mim, descanse.

Minha mente estava lenta demais, certeza que eu não estava dizendo nada com nada por conta do efeito da medicação.

— Cê vai me deixar aqui sozinho?

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⏰ Última atualização: May 23, 2023 ⏰

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