CHASE
ESTE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS EMOCIONAIS E DE ABUSO SEXUAL
Hoje era o grande almoço de família — como meu pai gostava de chamar — por outras palavras, palavras minhas, diria que vou almoçar com o próprio capeta, caso ele exista, mesmo.
Se ele existisse, tenho certeza que o nome dele seria: Kanji Mori.
Minha família chegou ontem do Japão e o meu pai quis marcar o almoço de família para hoje. Não queria vir, até avisei a minha mãe que não faria questão de estar no mesmo espaço que aquele merda, mas dona Bella insistiu com o seu típico: por favor, mio piccolino. Então chamei a Ailey para aturar comigo o drama que essa família era. Ontem, quando eles chegaram, avisei a minha prima que dormiria na casa do Tyler como de costume.
Por ironia da vida, escolhi o péssimo dia para ir lá. Tyler estava acompanhado por uma garota da escola, e como ela chegou primeiro que eu, não tinha como mandá-la embora, resultado disso: passei a noite escutando os gemidos exagerados dela. Essa porra me tirou o sono, porque os dois não paravam. No final, fiquei o resto da noite no sofá do quintal dele, fumando, porque era a única coisa que me acalmava. Meti o pé da casa do Tyler antes do sol nascer e fui para casa me arrumar.
Vestido com um terno azul-escuro, uma camisa branca social por baixo do blazer e uma gravata preta. Estava perfeito — era isso que Kanji queria mostrar para a mídia: a perfeição. Ele queria transparecer para o mundo que éramos uma família feliz, enquanto em casa era um louco fodido da cabeça e só se preocupava com o seu dinheiro.
A entrada do restaurante se localizava em frente a um jardim botânico e não era surpresa para ninguém a quantidade de repórteres e pessoas marcando presença na frente do portão só para tirar fotos do grande Sr. Mori. Tudo o que ele amava: atenção, fama, fotos, luxo, mulheres. Amava ser o centro das atenções.
Eu estava escondido em um lugar seguro o suficiente para que esses fofoqueiros não me vissem. Sentei na calçada e tirei um baseado preparado do bolso — era o segundo do dia — encaixei entre meus lábios, inalando e em seguida soltei a fumaça para a frente, segurando o beque entre meus dedos. Voltei a minha atenção para a multidão que começou a fazer uma grande confusão ao observar um Jipe da última geração ultrapassando os grandes portões do estabelecimento.
Ele chegou.
— Bando de baba ovo do caralho. — Comentei, dando outra tragada.
Continuei na calçada esperando que a Ailey desse algum sinal de vida, porque se ela não aparecer eu vou embora. Não irei aguentar a nossa família de merda sozinho. Além da nossa família, existia a galera de classe alta de nariz empinado, que se sentiam os fodões do mundo. Era sempre uma disputa para ver quem tinha mais dinheiro, queriam mostrar o grau de superioridade. Só merda.
— Pare de fumar essa merda, Chase. — Um vulto apareceu, roubando o meu baseado. — Preciso de você sóbrio. — Jogou-o para o chão.
— Qual é, Ailey? Não joga no chão, cara, custa dinheiro. — Resmunguei, erguendo meu cenho para olhá-la.
Usava um vestido preto longo e simples. Não parecia ser dela, até porque Ailey não usava vestidos. Em contrapartida, sua expressão relaxada me dizia que hoje ela parecia bem e com bom humor.
— De quem é esse vestido? Seu não é. — Me levantei, apoiando minhas mãos nas pernas.
— Da dona Emily, mãe do William. — Ajeitou seu cabelo curto e preto. Batia acima dos seus ombros. — Não tinha roupa para esse almoço e dormi na casa do Will.
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A Lua está linda hoje
Подростковая литература"A gente precisa amar a vida para ela nos amar de volta" Reclusa, Lua Moore vive através de livros e da arte, absorta em seu pequeno mundo enquanto tenta lidar com o luto, sua ansiedade e traumas em sua redoma que a impede de entender o lema deixado...