CAPÍTULO 75

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LUA

— Ainda falta muito para chegarmos? Estou cansado. — Ele inquiriu sem fôlego assim que seus passos cessaram em frente ao armazém.

— Já chegamos, senhor Parker. — Tirei as chaves do bolso da jaqueta.

Precisei voltar para casa, pegar as chaves do ateliê e um casaco. Pelo caminho até nosso destino eu e o senhor Christian estivemos falando sobre temas aleatórios e assim ficamos mais à vontade com a companhia um do outro.

Conversamos sobre a minha faculdade, a minha candidatura em Miami. Uma vez que resolvi responder ao email do instituto superior e agora me restava esperar pela entrevista. Contei-lhe sobre o William e a Nycoly, meus melhores amigos e Christian me disse sobre seus passatempos, o que ele amava fazer quando não era um chefe que massacrava seus funcionários.

Foi legal, ri bastante e aliviou o clima que tinha instalado no cemitério.

— Ainda bem! — Parou do meu lado.

Coloquei as chaves na fechadura e empurrei a porta enferrujada. Dei passos para a frente e Parker veio atrás limpando sua testa suada. Reprimi a vontade de rir, por ele estar quase morrendo devido às ruas inclinadas. Com um corpo definido que ele aparentava ter, não tinha ideia que era tão sedentário.

Pedi para ele fechar a porta e ele fez. Removi a jaqueta e marchei até o sofá, guardando lá meus pertences. Em seguida, me direcionei para perto dos quartos, recolhendo os panos que cobriam as obras de dona Júlia.

Retornei a concentração para Christian, que analisava cada quadro abismado e com a boca aberta.

— Sua mãe como sempre me surpreendendo. Sempre tão talentosa. Aquele também foi ela? — Indicou o indicador para um específico encostado na parede.

Este era o quadro que eu e o Chase pintamos no dia em que apresentei o ateliê de minha mãe para ele. As memórias boas regressaram vivamente, me fazendo soltar um sorriso bobo. Parecia que tinha sido ontem, tão mágico. Sem dúvida um dos melhores dias da minha vida.

— Não, esse fui eu e o Chase que fizemos.

— O Chase já veio aqui? Se comportaram?

— Claro. — Respondi veloz.

Até parece que iríamos fazer alguma coisa aqui...

— E aquele ali? — Apontou para a parede.

Ele estava se referindo ao famoso pôr do sol, o preferido do Chase. Depois do meu namorado falar tanto sobre ele, comecei a amá-lo também, não que antes eu detestava, só não achava nada de mais, só um simples desenho.

— Esse fui eu que desenhei e pintei.

Durante o tempo que batíamos um papo, eu explorava o ambiente procurando por uma tela em branco.

— Você é a cópia da sua mãe, impressionante! Será que você saiu com alguma característica minha? — Brincou, admirando outros quadros.

— Notei que o formato dos nossos olhos são parecidos. — Comentei, encontrando o que procurava.

Levei-a até ao centro do espaço e pousei uma sacola de lixo por cima do piso para não sujar. Também achei o cavalete e repousei a tela em cima do objeto de suporte.

— Além de pintar e desenhar perfeitamente, o que você gosta de fazer?

— Amo ler. — Alcancei as tintas e pincéis, pondo onde os restantes itens estavam. — Principalmente na minha rede. Recentemente descobri que amo comidas italianas feitas, exclusivamente, pela minha sogra. Adoro falar sobre arte no geral e literatura. Essa pergunta é difícil, bate até uma crise existencial. — Zombei para descontrair.

A Lua está linda hojeOnde histórias criam vida. Descubra agora