CAPÍTULO 72

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LUA

Não.

Não.

Não.

Era mentira, eu não tinha pai. Não tinha pai. Era só eu e minha mãe.

Ela não me enganaria durante esses anos. Ela não seria tão egoísta assim. Meu pai foi um homem que nos abandonou e era por isso que minha mãe se recusava a falar dele. Era por isso que ela não gostava de falar sobre ele, para não me magoar e proteger.

Minha mãe não faria isso comigo. Ela não...

— É melhor você sentar, Lua. — Pediu minha avó.

Saindo do meu estado de paralisação, caminhei lentamente e sem falar nada até o sofá. As lágrimas desciam pelo meu rosto descontroladamente. Me sentei e encarei a TV, porque não tinha coragem para olhar para minha avó nem para o senhor Chris.

Se ele fosse mesmo a pessoa que estava pensando, significava que a história que minha tia Fernanda contou no dia em que fui à casa do Chase, para conversarmos, era sobre minha mãe. A minha mãe era a mulher que se relacionava com seu chefe. Ele era o homem que vivia em um casamento perturbador. Minha mãe era a mulher que fugiu e levou um segredo junto. O segredo era que estava esperando uma filha dele, eu.

A verdade sempre esteve diante dos meus olhos. Todos mentiram para mim. Minha avó e minha tia viviam com essas histórias e esses enigmas.

— Lua, é... — Sr. Parker iniciou. — Não sei por onde começar. — Ele também parecia perdido.

Ele também parecia alguém que foi enganado.

— Conte a história toda, Christian. — Disse minha avó.

— Eu e sua mãe nos conhecemos através do trabalho, como você já percebeu lendo as cartas. Me lembro até hoje do dia que ela chegou para a entrevista nervosa e com um inglês iniciante. — Riu fraco, pacificando o clima. — Mas depois com o tempo ela se tornou uma profissional maravilhosa, mas creio que não é isso que te interessa, então... eu e a Júlia, passado alguns anos juntos trabalhando em equipe, nos apaixonamos e tivemos um relacionamento proibido. E te prometo, que em nenhum segundo me arrependo da história que tive com sua mãe. Bom, em 2003, durante alguns meses, Júlia começou a agir de forma estranha e eu não fazia a mínima ideia do porquê. Não tinha ideia que ela carregava um filho meu em sua barriga. — Fez uma pausa para soltar uma respiração pesada.

Sacudi a cabeça e apertei as pálpebras com força, não acreditando. Não podia ser real. Não queria saber de mais nada, queria gritar e pedir para que ele parasse de inventar mentiras.

Era mentira, merda. Não, não, não.

— Júlia me evitava e era fria comigo, até o dia que tudo aconteceu. Certo dia, cheguei na empresa para mais um dia de trabalho e estranhei não encontrar sua mãe no seu lugar de costume, mas não me importei, porque ela poderia estar atrasada. Ao entrar na sala, me deparei com uma carta em cima da minha mesa. Era uma carta de demissão e de despedida da Júlia. Sua mãe abandonou o trabalho e fugiu sem explicações. Tentei ligar várias vezes, mas o número nem estava mais ativo. Nem o dela, nem da família dela. Então, fui na casa dela, mas ao chegar lá encontrei o apartamento vazio, ela tinha se mudado.

— Antes do dia da nossa fuga, sua mãe me chamou para conversar, Lua. — Prosseguiu dona Malu. — Ela me mostrou o teste e os exames de gravidez e ambos deram positivos. E o único homem que sua mãe se relacionava era o Christian. Sua mãe quis fugir porque se sentia culpada por engravidar de um homem que ainda era casado no papel e a ex esposa do Christian era uma pessoa ruim e amarga.

A Lua está linda hojeOnde histórias criam vida. Descubra agora