Rio de Janeiro, Brasil. Segunda-feira, 20 de julho de 2021.
- Eu estava te ligando. Liguei muitas vezes, na verdade, mas você não me atendeu. - a mãe de Juliette explicou, tomando um gole de café. A morena constatou que ela foi o motivo de seu celular vibrar enquanto estava na delegacia.
A morena estava conversando com sua mãe na cantina no hospital, enquanto Sarah estava com a mãe dela, no quarto de Luana, que ainda não havia acordado.
- Eu vim no helicóptero, da polícia. - a mulher explicou. - Primeira vez que eu ando num trequinho que voa.
- Como o tenente achou a Lua? - Juliette perguntou, passando as mãos pelo rosto. Seu corpo estava descendo de um pico de estresse, a morena estava esgotada. - O que fizeram com o Lucas depois que acharam minha filha?
- Quando a notícia chegou lá, eu reconheci a menina. Lembrei do dia que você foi no hospital... ver seu pai e ela estava junto. Quando eu vi que era ela, falei com o tenente, que é meu amigo, e ele espalhou um monte de fotos pela cidade, falou com as delegacias de outras cidades para fazerem a mesma coisa. Fizemos aquelas campanhas do zap. Fizemos tudo, minha filha. Se essa menina aparecesse em qualquer canto de Paraíba, graças a Deus apareceu, e o monstro foi achado. -Fátima explicou, abrindo mais um pacotinho de açúcar para por no café. - O cara lá, Lucas, tinha ido ao supermercado e deixado o carro estacionado em frente, na calçada. Era um astra, bem antigo. Pois muito que bem, ele entrou no supermercado e a garota ficou dentro do carro, trancada. Quem estava no supermercado também? Advinha?
- O tenente?
- Isso, minha filha! Ele e a mulher dele! Eles reconheceram esse cara aí, mas não falaram nada com ele dentro do supermercado. A mulher dele foi lá pra fora perguntar se tinham visto uma menina, ou se ele estava de carro, e o pessoal que estava ali na frente apontou pra esse carro prateado. A menina estava lá dentro, no porta-malas. Quebraram o carro todo. Quando ele saiu do supermercado tinha um monte de viatura esperando ele. - a mulher continuou. - Parecia cena de filme de terror. Tenente Carlos Alberto me ligou, avisando que era a menina, eu estava na capela rezando por vocês e corri direto pra lá. Ela não queria sair do porta-malas de jeito nenhum. - A mãe de Juliette pontuou, fazendo com que o coração da morena apertasse. - Só conseguiram tirar ela de lá porque ela tava bem cansado, não tinha muita força pra chutar. Demorou bastante, porque os policiais não queriam assustar ela.
- Ela estava... como? - Juliette indagou, não sabendo formular sua pergunta, mas aquelas palavras foram suficientes para sua mãe entender.
- O porta-malas era forrado com um edredom e tinha um travesseiro. As mãozinhas dela estavam amarradas e ela tava muito suja. Muito mesmo. - a mãe de Juliette não media palavras para explicar a real situação. Juliette não sabia se pedia para a mulher parar o continuar. - Assustada. ''O moço falou pra eu não sair daqui''. - ela repetiu a fala de Lua. - Tentaram dar um prato de comida a elazinha, mas não aceitou. - Juliette balançou a cabeça negativamente, chorando. Sua cabeça estava voltando a doer. - E com o tal do Lucas, eu só consegui ver o começo de uma surra que o pessoal estava dando nele. Queria ter participado, mas o tenente falou que se eu quisesse vir com a menina pra cá, eu poderia, né? Já que ela é sua filha e você é minha filha... - ela se embolou nas palavras. - enfim, me falaram aqui no zap que levaram ele pra delegacia depois e trouxeram ele de volta pra cá, pra aguardar julgamento. Mas um cara desse não fica solto nunca mais, minha filha.
- Ai, mãe... eu espero que não fique mesmo. - Juliette fungou, coçando os olhos.
- Não vai, Ju. Confia na sua mãe. - a mulher falou. - É uma menina muito bonita, viu? Que deus conserve assim. - ela falou, encarando Juliette.
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Aquarela - SARIETTE
FanfictionDuas mulheres se cruzam por conta de um atraso, gerando a história não dita sobre o amor a primeira vista. Todos os direitos reservados á @halfaheartoflove