XI.

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Eu - estou prestes a contar tudo o que se passou até agora, de mim. - Eu nunca divulgaria nada sobre ti ou escreveria algo... eu estou a começar a gostar de ti - a minha boca tem vida própria agora e obriga-me a mentir sempre que vejo o olhar de Jamie.

- Começar a gostar de mim? - o seu rosto ilumina-se - Estou surpreendido.

- Porque jamie? - Eu suspiro - Acho que é mais que óbvio, mas eu não quero ser mais uma das tuas coisas que tu tens por aí, à noite... eu quero ser especial - eu cruzo os braços e encaro qualquer outro ponto, menos o seu rosto.

- E tu és especial - ele sorri.

- Eu não sou. Conheces-me há uma semana, não me mintas! - porquê que eu estou a exigir deste homem que me seja sincero, quando eu tenho mentido para ele este tempo todo.

- Se calhar porque nunca tive nada sério com alguém que agora, tu és algo especial - ele solta. Eu reviro os olhos. Ele dá a volta ao sofá e fica de frente para mim, apenas a alguns centímetros.

- Eu não confio - eu rio-me.

- Quando alguém é muito desconfiado, é porque também tem algo a esconder - os meus olhos arregalam-se no segundo que ele dispara tal frase. Mas ele cai na risada. - Quando alguém é assim, é porque são traumas a pesarem até hoje. Diz-me Yasmin, quais são os teus? - ele agarra-me no rosto e encara os meus olhos. O seu olhar é brilhante e penetrante é meu deus, faz-me querer entregar-me em segundos.

- Nunca te irei contar - eu respondo. Ele afasta-se de mim e direciona-se até um armário preto que tem perto do corredor da sala. Ele abre o tal armário e observo várias garrafas de álcool que se espalham por todo o lado. - Nem uma pessoa que quisesse se embebedar todos os dias, conseguiria acabar as garrafas em 1 ano - crítico a quantidade de bebidas que ele tem embutidas no armário.

- Para momentos como estes - ele pega em três garrafas e dois copos. Ele caminha rapidamente até perto de mim e atira as garrafas para o sofá.

- Elas estão intactas - aponto para as mesmas - Bebés pouco.

- Só estava à espera de acabá-las com a pessoa certa - ele pisca me o olho. Jamie pega numa garrafa e abre-a, servindo nos copos e entregar-me um deles. - Aqui.

E eu bebi. Nunca uma bebida me soube tão bem, quanto esta bebida que está a misturar-se com o meu sangue.

...

Nós bebemos e bebemos, até não podermos mais... mas acho que bebemos não o bastante e sim demais.
- Querias saber o porquê de eu não confiar ? Não me entregar? - eu balanço para a frente e para trás, mesmo estando sentada. - Fui traída por dois homens que eu pensei que iriam ficar para sempre na minha vida e olha - paro com um soluço forte que me deu - Desapareceram - eu já não sinto o corpo nem sei mais o que estou a dizer.

- O amor é fodido - ele diz rindo-se um pouco. Ele está bastante embriagado também. - Eu nunca sofri com isso. Como as que eu quero, estou a viver a minha melhor fase e só quero aproveitar a minha vida assim.

- Tudo o que disseste amigo - eu levanto o copo para brindar com ele e ele olha-me com um olhar vazio devido ao álcool.

- Eu não gosto quando me tratas como se eu fosse apenas teu amigo - ele fica sério de repente.

- Para - eu dou-lhe um empurrão e desato a rir-me - Acabaste de dizer que queria ter uma vida tipo rockstar e agora vens me com essas balelas, para!

- Ainda não percebeste? - ele aproxima-se de mim, meio tonto, e fica a centímetros dos meus lábios. A sua respiração faz-se sentir na minha pele e o seu hálito a álcool também. Parece que o álcool no meu sistema está a desaparecer de forma muito drástica.

- Eu estou bebada, neste momento não percebo nada - desato a rir e caio para trás, no chão. Eu olho para Jamie que revira os olhos e depois vira o seu olhar para mim.

O rapaz dos olhos azuis pega em mim e me coloca de novo ao seu lado.

- Tudo isso acabava num piscar de olhos se me dissesses que me amavas - ele solta.

- Não Jamie, isso é o álcool a falar - eu tapo a sua boca, mais a sua bochecha, porque os seus lábios parecem que andam à roda. - Impossível amares alguém que conheceste há dias.

- Eu amo-te - ele insiste. Eu reviro os olhos e depois faço uma expressão de chateada para que ele se cale. O seu cabelo loiro está todo despenteado, mas de alguma forma é tudo o que preciso para ser feliz: Jamie embriagado com o seu cabelo desmanchado.

- Porquê a mim? Não faz sentido... - eu coloco as mãos no seu rosto e espalmo a sua cara nas minhas mãos. - Seu doido.
Não faço a mínima porquê que acabei de fazer isto.

- Porque és tu - ele dispara. E da maneira que ele dispara, faz disparar o meu coração também. Sinto que alguém acabou de me tirar tudo o que eu alguma vez senti de mal e colocasse dentro de mim toda a esperança que eu já senti, mas pensara que não a teria de volta. - Se fosse qualquer uma, não significaria nada, mas és tu! - ele insiste.

- Tu nunca demonstraste esse sentimento forte por mim... sempre deste a entender que querias sexo, mas pensei que não passa-se disso... - eu explico. Eu estou completamente fora de mim com esta conversa que estou a ter com o Jamie. Sinto que estou sóbria de novo.

- Eu não sou muito bom a demonstrar sentimentos - ele desabafa. A sua cabeça cai sobre o meu ombro e ele fica ali, a descansar durante um tempo.

- Jamie? - eu chamo pelo seu nome num suspiro. Ele murmura como resposta. - Como é que eu sei que estás a dizer a verdade?

- Vives aqui - começa - Eu nunca deixei alguém viver na minha casa, comigo, para conheces o meu verdadeiro eu.

- Mas eu ainda não conheço nada de ti... - eu respondo. Ele permanece em silêncio durante um tempo, ainda encostado com a cabeça em mim.

- Mas vais. - e foi tudo o que eu precisei de ouvir dele para conseguir confiar no Jamie.

{Maybe the devil wasn't him}Onde histórias criam vida. Descubra agora