VI.

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- Estás a falar a sério? - eu olho para ele na esperança que ele confirme... não que eu queira... ou será que quero?

- Claro - ele encolhe os ombros como se não fosse algo de muito importante. - Até pelo menos te orientares e arranjares um lugar para ti.

- Ah obrigada! - dou um grito, abraçando-o, o que faz como que ele solte uma risada, mas logo me acalmo - Peço desculpa.

Afasto me dele e volto os meus olhos para a frente.
- Queres ir buscar alguma coisa a tua casa? - ele questiona ao mesmo tempo que roda as chaves e liga o  motor do carro.

- É pouco coisa, é só roupas... - comento - Melhor agora do que ter que ir lá depois e ter que o encarar.

...

Após uma viagem longa, finalmente chegamos à sua casa. Invejo cada parte do Jamie por ter uma casa tão grande e luxuosa. Eu nem me acredito que vou viver aqui.
Analiso todos os cantos e as várias possibilidades de cenários para tirar fotos e postar.

- A tua casa é incrível - menciono - Vives sozinho?

- Sim, só eu e a minha guitarra - ele aponta para o instrumento e depois olha de volta para mim.

- Humm esses dedos sabem tocar guitarra? - rio. Espero que ele me ensine a tocar, sempre sonhei em aprender...

- Não sabem tocar só isso - ele diz, enquanto desliza a sua mão pelo encosto do sofá e caminha até mim.

- Ensinas-me? - tento escapar a sua provocação

- Queres aprender ? - ele está a centímetros de mim. Eu assinto em resposta à sua pergunta - Deita-te então. - aponta para o sofá

- Eu quero aprender na guitarra, não em mim - eu molho os lábios, já sentindo a minha boca seca.

- Que pena - ele suspira e põe se de joelhos, encostando a cabeça na minha barriga, suspirando - Parece que vai demorar mais do que eu pensava...

Eu arregalo os olhos e o Jamie desata se a rir. Logo o empurro para longe de mim - O teu sentido de humor é preocupante.

- Ao menos és a única que me entende - ele levanta se, enrosca me num abraço e sai perto de mim.
Que coisa mais estranha...

- Quero saber onde vou dormir - dou um grito, visto que ele perdeu-se no meio da casa.

- Comigo - ouço a sua voz do fundo a disparar

- Nem pensar. - eu pouso a mala perto de mim e dou a volta ao sofá, sentando me nele.

- Porque não? - Sinto os seus dedos a percorrer o meu braço e a subirem até à minha nuca. Os seus lábios estão perto do meu ouvido e ele espeta beijos levemente molhados pelo meu pescoço. As suas mãos descem os meus braços e ficam em torno de mim. E logo, as minhas mãos entrelaçam as dele.

- Tou cheia de sono quero dormir - sussurro. Sinto os seus lábios a abrirem num sorriso. - Eu levo te ao teu quarto, anda - ele estica me a mão.
Admira-me ele não ter insistido mais.

Ele levou me para um quarto, diz ele que é de hóspedes, ajudando me a carregar as minhas tralhas para dentro do mesmo.
- Estou exausta, aqueles shots não me fizeram nada bem - digo enquanto bocejo.

- vou te deixar a vontade. Se precisares de alguma coisa, avisa - ele beija me o topo da cabeça e sai, encostando a porta.
Parte de mim, queria que ele ficasse naquele quarto comigo, não entendo o porque.
Nunca fui pessoa de me apaixonar tão fácil por alguém ou desenvolver um interesse numa rapidez como estou neste momento... ele parece que tem algo que me puxa para ele.

Eu tento esquecer o que sinto por ele. Estou em trabalho e não me posso envolver... mas eu acho que já me envolvi demais.

...

Logo de manhã acordo e vejo 13 mensagens no meu aparelho do Daniel
" como é que foste capaz de saber que eu estava no estado em que estou e nem vieste ao hospital?"

E o resto era mais do mesmo. Aposto que o Brad inventou umas mil desculpas e colocou me como a vilã da história.

Outra mensagem vai parar à central de notificações e eu percebo que é uma mensagem da Jessy:
" Segundo os paparazzis, há uma rapariga desconhecida na casa do Jamie, trata de saber quem é"

"Sou eu" respondo

"Nao me acredito!! Conta tudo!"

Eu ligo de imediato para ele e explico tudo o que acabara de acontecer...

Mal a chamada termina, eu desço as escadas daquela mansão e reparo que o Jamie não está em canto nenhum da casa.
Ligo para ele e não me atende. Decido então andar pela casa e conhecer parte dele... pode ser que encontre alguma informação

Num armário preto que encontro no meio de um corredor, encontro embalagens de comprimidos, não sei para que servem mas tiro fotos a tudo.
- Desculpa Jamie - sussurro. Por momento penso se tudo isto vale a pena... mas lembro me que ele só me vê como um pedaço de carne e não há sentimentos envolvidos por parte dele... talvez seja melhor assim.

Ouço a porta a abrir se e corro para a sala.
- Já chegaste? - sorrio e ele quando me vê abre um sorriso

- Queres saber das novas? - ele beija me a bochecha e tira o seu casaco, atirando-o para uma cadeira qualquer.

- Sou toda de ouvidos - eu inclino a cabeça, como demonstração de interesse no que ele fala.

- Toda a gente sabe que tenho uma pessoa em casa e todos pensam que é a minha namorada que tento esconder... não te importas? - nota se que ele está preocupado comigo e a sua expressão não deixa mentir

- Claro que não - nego de imediato. O seu corpo constrói um caminho até mim e ele puxa-me para ele.

- Hoje vou sair com uns amigos a noite, queres vir? - ele questiona ainda no abraço.

Eu limito-me a negar com a cabeça mas ele não me larga daquele longo abraço.
- Tu estás muito carinhoso hoje - observo.

- És tu que me fazes assim - ele afasta-se e aproxima-se para um beijo, mas eu afasto-o.

- Eu não quero dar-te uma ideia errada - ele franze a testa e comprime os lábios. - Tenho medo de criar algo que depois acabe, porque daqui a alguns dias já vou ter onde morar e nunca mais nos vamos ver...

- Eu tenciono manter te na minha vida e... - ele está prestes a falar mas para de imediato.

- E? - puxo por ele.

- E tu não me estás a dar uma ideia errada. Eu sei exatamente o que somos e o que não somos - responde me com a maior arrogância. Ele pega no seu casaco atirado na cadeira e sobe as escadas e não me diz mais nada.

- Ficaste chateado comigo? - eu espero por resposta mas ele não devolve nenhuma - Vá la, só nos conhecemos há dois dias!

Ele continua em silêncio.

{Maybe the devil wasn't him}Onde histórias criam vida. Descubra agora