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Passo a noite toda em claro a pensar nas várias formas de poder prejudicar o Jamie. As mentiras que eu podia colocar no artigo que poria o nome dele na lama.
Mas, eu não sou esta pessoa, a raiva está a falar por mim... apenas termina com isto e engole o teu orgulho... diz o anjo que pesa do meu lado...

Faz, apenas faz! Com poucas falas, o diabinho cutuca me no ouvido e parece que pesa mais do outro lado... e eu faço tudo o que a minha consciência ferida me pede... eu vou o levar ao fundo!

...

No dia seguinte acordo com batidas na porta do meu quarto.
- Entre! - grito, enquanto o meu rosto afunda-se no meio das almofadas.

- Preparei-te algo - diz o Jamie entrando com uma travessa nas mãos e pousa no meu colo - Panquecas, fui eu que fiz - diz todo orgulhoso

- Oh... - eu detesto que ele seja assim. Eu não vou conseguir acabar o trabalho se ele tem este tipo de pedido de desculpas - Lembraste-te que eu adoro panquecas! Tão fofo.

- Eu fui muito filho da puta ontem à noite - ele senta-se perto de mim, na cama. - Eu só não quero que tu precises de mim apenas para o sexo - desabafa.

- E isso nunca vai acontecer Jamie - garanto. Ele não tem ideia o quanto eu me estou apegar a ele, o mesmo sobre ele não ter a mínima ideia de estar a recrutar informações dele e pareço mais uma espiã do que sua amiga... - Eu só disse aquilo da boca para fora.

- Eu quero que me conheças - ele olha-me nos olhos e leva a sua mão ao meu rosto, afastando uma mecha de cabelo - Como nunca ninguém conheceu.

- Eu também espero isso... - e eu sou sincera... em todos os sentidos, também espero o conhecer como ninguém o conheceu.

Ele espeta-me um beijo nos lábios e sai apressadamente do meu quarto. Eu fico parada a encarar a porta por onde o Jamie acabou de passar, sem acreditar no que acabou de acontecer.

...

Quase que arranco os meus cabelos ao ouvir a Jessy enumerar as inúmeras razões pela qual o meu artigo tem que ser um sucesso.
- Tu queres este trabalho, certo? - ela garante. Os seus olhos quase que me queimam viva. Jessy tem um olhar sufocante, para não dizer eletrizante. Ela olha para ti, como se fosses a pessoa que ela mais detesta, mas também, como se fosses a única esperança dela... neste preciso momento, eu acho mesmo que sou a única esperança dela.

- Está tudo a correr bem, como já disse, eu guardo tudo na pasta do pc e nesta gaveta que está fechada a sete chaves - dou três palmadinhas na gaveta que guarda as informações daquele homem e ela assiste-me, enquanto explico, com muita atenção.

- É bom que sim... - ela sai do escritório. Quando finalmente acho que estou descansada, ouço batidas na porta. - Pode entrar!

Na porta, avisto uma mulher vistosa, alta, com os seus vinte e poucos anos que parece confiante e é intimidante.
- Precisa de ajuda? - questiono. A mulher que parecia bastante sisuda, de repente, abre um sorriso de uma criança de cinco anos que acabara de ver uma loja de doces.

- Olá - ela sauda me com entusiasmo - Sou nova aqui.

- A sério? Também sou. - nem sei o que dizer

- Eu sei que sim - ela pisca me o olho. - Mas eu sou na cidade...

- A sério? Que ótimo - eu felicito-a - Toma aqui o meu contacto e se quiseres apresento te Londres! - o seu sotaque americano não engana ninguém. Mas até parece ser simpática, visto que não tenho nenhuma amiga por aqui, ela pode me fazer companhia neste inferno de trabalho.

- Claro - ela dá pulos de alegria - Adoraria. O meu nome é Danielle, mas podes me chamar Elle!

- Prazer, Yasmin! - eu estico a mão.

- Eu sei muito bem quem és... Jamie - diz ela entre gargalhadas. Fico desiludida quando ela solta o nome do Jamie... pensei que a sua aproximação foi genuína, mas talvez tenha algum interesse por trás

- Mas não vim até aqui por ele, todos falam de ti por aqui e quis te conhecer... parece que fui a única com coragem! - ela sorri. Parece que a sua escolha de palavras me tranquilizou. - Todos estão a morrer para vir falar contigo!

Quando eu vou a questionar o que ela queria dizer com a sua última frase, um homem alto e velho chama-a para ela voltar ao seu trabalho.

- Eu ligo-te depois - ela acena e sai de cena.

Como assim? Todos querem me conhecer?

...

Quando saio do trabalho, um enorme grupo de pessoas se juntam à porta da imprensa.
- O que é isto? - aponto para a multidão enquanto espero uma explicação de um segurança que se mantém na porta.

- Estão todos à sua espera - ele diz - Isto tudo é para si.

Ele sorri olhando para mim e eu mantenho o meu olhar fixado em todos eles. Toda a gente sabe agora de mim e do Jamie? Mas como?? Por eu apenas viver na casa dele?

- Yasmin! Yasmin? - pessoas chamam o meu nome. Pessoas que eu nem conheço, isto é tão surreal.

- Mas o que se passa aqui? - ouço uma voz a gritar do fundo do corredor. Quando me viro para encarar a pessoa que berra pelo prédio, avisto a Jessy a caminhar furiosa em minha direção.

- Supostamente sabem que eu estou a ter um caso com o Jamie - eu explico com medo da sua reação.

- Yasmin? - com apenas dois dedos ela me convida a ir até perto dela e faço exatamente o que ela pede - Eu não quero esta atenção toda aqui no prédio. Portanto, a partir de hoje, vais fazer o teu trabalho em casa! - manda.

- Nem um "obrigada"? - eu mostro desprezo pelas suas palavras.

- Obrigada? - ela encara-me como se eu acabasse de ter dito a pior coisa do mundo, talvez até tenha dito. Parece que "obrigada" e "por favor" são duas palavras fora da lista dela. - Tu nao devias estar a trazer esta atenção toda para aqui e muito menos para ti! És burra? Ele vai desconfiar de ti! - ela fala em sussurros altos, o que me faz ficar extremamente envergonhada.

- Eu dou a volta, como sempre faço - finjo que sou exatamente como ela, mas ela parece não acreditar muito.

- Não voltes até teres o teu trabalho pronto - ela vira costas e volta a andar para longe de mim. Os seus cabelos ruivos balançam pelas suas costas e até esse gesto, intimida. Cada passo que ela dá, é só mais uma razão pela qual eu devo desistir de tudo e ficar com o Jamie... eu simplesmente estou a ser uma pessoa horrível pela Jessy e pela minha carreira e eu apenas não sou assim...

...

Chego a casa e vejo Jamie com a perna cruzada, sentado no sofá e parece irrequieto.
- Tudo bem Jamie? - eu questiono. Ele não parece nada bem e a minha teoria confirma se. Ele não olha nos meus olhos e parece ignorar a minha pergunta.

- O que estavas a fazer na Office Celebrity ? Trabalhas la? - ele parece incomodado por ter descoberto.

- Sim, eu trabalho la Jamie - confesso num sussurro. Ele dá um soco no sofá onde está sentado e respira numa velocidade feroz. Ele leva as suas mãos ao seu rosto e respira fundo. - Tu nunca me perguntaste onde eu trabalhava...

- Porque eu não imaginava que andavas a fornecer informações minhas àquela merda de pessoas - ele levanta-se e encara-me com o rosto vermelho, completo de raiva, e as suas veias são visíveis cada vez mais. - Tu traíste-me.

- E-eu não te trai! - eu digo - Tu sabia muito bem que eu era jornalista antes... onde nós nos conhecemos? Eu entrevistei-te... lembraste?

- Sim, mas nunca me disseste que trabalhavas para a maior imprensa de fofocas - ele passa as mãos na cabeça. - O que escreveste sobre mim?

- Eu juro, eu não escrevi nada - minto. - Senão, já teria um artigo teu publicado. Eu juro - minto de novo. Cada mentira que me sai da boca, reparo na face do Jamie a descansar mais um pouco.

- Prometes? - ele parece mais relaxado. O que eu estou a fazer... - Prometes que nunca vais usar nada de mim, para teu benefício ?

- Eu... - eu não consigo mentir...

{Maybe the devil wasn't him}Onde histórias criam vida. Descubra agora