XVII.

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Duas semanas passam-se e as nossas vidas, minha e do Jamie, não se alteraram muito. Na verdade, estamos os dois mais calmos do que nunca o que é algo extraordinário.
- Jay ? - chamo - Podias me passar o sal? - aponto para o frasco que está na outra ponta da bancada, enquanto eu estou sentada com as pernas cruzadas em cima da mesma a cozinhar. Quem diria que o nosso relacionamento iria-se basear nestas tranquilas e estáveis perguntas.

- Está mais perto de ti - fala da sala de estar aos berros para a cozinha. - Mas deixa, eu pego por ti.

Ouço os seus passos a ficarem mais fortes à medida que ele se aproxima. Olho para Jamie a entrar pelo enorme arco de parede e observo os seus olhos a arregalarem-se discretamente, enquanto me avista em cima do balcão.
- Esta cozinha, de repente, está mais interessante do que antes - brinca. Jaime pega no frasco de sal e faz o mesmo deslizar pela bancada até chegar a mim.

Ao pegar no frasco, apercebo-me dos seus olhos a analisarem todo o meu corpo. Confesso que me sinto confiante aqui mesmo, enquanto uma tshirt do Jaime é a única coisa que cobre o meu corpo e os meus cabelos estão apanhados num coque. - Para de olhar para mim, assim não consigo cozinhar para te dar de comer... - brinco, fazendo uma voz de bebé como se estivesse a falar para um criança.

Jaime trinca o lábio suavemente e dirige-se até mim tirando a taça, que eu segurava, das minhas mãos. Eu sorrio para ele e afasto as suas mãos de mim - E a comida?

- E que tal deixares a comida por fazer - ele agarra na minha cintura - Neste momento, apetece-me mais ao a Yasmin... e que tal eu comer-te- a ti ? - ele finge uma cara de surpresa com a sua pergunta, como se estivesse em choque com a sua ousadia, mas é o Jamie...

- Pois Jamie - eu começo. Eu arrasto o meu corpo mais para trás, como forma de afastar as suas mãos de mim, e abro as minhas pernas ligeiramente para ele olhar para dentro delas - Mas eu não sou apenas um petisco que tu possas comer... - as minhas pernas roçam-se e o meu rosto expressa-se de forma incidente, num beicinho, como se eu não soubesse o efeito que lhe estou a causar neste momento.

- Não Yasmin - ele puxa as minhas pernas para ele e eu cerco-o com elas, enquanto uma das suas mãos sobe para o meu pescoço. - Tu és a refeição toda! - Mal as suas palavras dançam para fora da sua boca, a mesma que expulsou tal frase, devora a minha como se não houvesse amanhã.

A sua mão no meu pescoço fecha-se cada vez mais, mas apesar da dor, eu consigo encontrar prazer no meio dela. A sua mão desocupada sobe pelas minhas coxas e desliza a minha cueca para o lado acariciando o meio delas com os seus dedos.
Eu curvo as minhas costas e a minha cabeça quer inclinar para trás, mas a sua mão impede, agarrando os meus cabelos.

De repente, somos interrompidos pelo som do meu telemóvel.
- Tenho que ir atender - falo entre suspiro

- Esquece aquela merda por um segundo e foca em mim - ele fala nos meus lábios e eu deixo-me levar pelas suas palavras.
Jamie começa a beijar os meus lábios, fazendo a sua língua brincar com a minha.

A sua mão desce de novo e os seus dedos entram dentro de mim. Quando tal acontece, solto um gemido mais alto do que esperava dentro da boca de Jamie. Sinto-o a gemer também, mas mais baixo e de novo somos interrompidos pelo meu telemóvel.
A minha cabeça vai sobre o seu ombro, pois estou cheia de frustração, e levanto a minha cabeça para olhar nos seus olhos.
- Desculpa. - ele dá um semi sorriso e eu salto da banca para o chão.

Corro até ao meu aparelho que toca vezes sem conta e respondo as ligações - Sim?

- Yasmin, tão bom ouvir da tua parte depois de tantas semanas sem me contactares - Jessy... a sua voz inconfundível e maléfica faz-se ouvir.

- Jessy, que prazer enorme - ironizo. Caminho até à cozinha e encosto-me no frigorífico enquanto observo Jamie a lamber os seus dedos. A minha expressão de nojo é visível e ele ri-se.

- O jantar estava bom - ele sussurra e deixa-me sozinha a mim e ao meu medo naquela, que agora assustadora, cozinha.

- Ouve eu não tenho tempo para as tuas palhaçadas - ouço-a reclamar. - Ou tu dás-me em exatamente uma semana todas as informações que tens do Jamie ou eu mesma contrato uma mulher ainda mais sedutora que tu, que conseguirá roubar a atenção do Jamie em questão de segundos e sacar tudo o que eu pretendo!

- Isso não aconteceria, o Jaime ama-me - garanto - Ele não me trocaria por nenhuma das tuas modelos ou o que lá seja! - cada palavra que eu digo, falo mais baixo com receio de Jamie ouvir.

- Achas mesmo que és assim tão especial? - questiona. Ouço-a a rir da minha ideia, que ela acha estupida, e logo ela discorda. - Ele acabará por ceder um dia. Ele é famoso, tem montes de mulheres atrás dele e o pior de tudo: ele é um homem!

- E tu és uma mulher sem escrúpulos que dás pena! - levanto a minha voz, mas é inevitável - Eu forneço a informação que eu quero, quando eu quiser, a quem eu quiser! Não te metas entre mim e ele ou vais te arrepender. - eu tento a intimidar, mas eu sou burra e apenas não consigo ver que tal é uma missão suicida.

- Uau, mas isso não é suficiente - ouve-se um silêncio na outra linha e depois papéis a serem remexidos e começo a ficar com receio - Lembra-te tu podes desistir agora, mas a gaveta que continha tudo o que havias guardado e o teu computador estão nas minhas mãos... a escolha é tua querida.

Ela desliga o telemóvel. Eu deixo cair o meu aparelho no chão e caio de joelhos, junto com ele.
As minhas lágrimas juntam-se aos meus olhos e começo a ter um ataque de choro.
- Jamie??? - chamo-o. Ele corre e atira-se para o chão para ficar perto de mim.

- O que foi amor? - eu olho para ele com os olhos cobertos de água e cobertos de mentira, porque eu não vou ter a coragem para contar-lhe.

- Liga para a Danielle - soluço desesperadamente e consigo avistar a aflição nos olhos de Jamie. Entrego o meu telemóvel desbloqueado e ele apressa-se a ligar para ela. Não encontro forças para marcar o seu nome no meu telemóvel.

{Maybe the devil wasn't him}Onde histórias criam vida. Descubra agora