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Visto meu casaco azul por cima da roupa e olho para Max mais uma vez antes de ir. Ela continua olhando para a janela.

- Max - Chamo por ela, que se vira para mim tirando os fones. - Eu volto logo.

Saio e não tranco a porta com a esperança de que ela ainda apareça lá para se divertir um pouco. Acho que Max precisa de distrair, eu venho percebendo isso desde o que aconteceu no shopping e acho que a Robin faz um bom trabalho animando ela, mas eu não queria só assistir. Gostaria de participar também, fazê-la sorrir tanto quanto antes. Max se afastou do Lucas também, então sempre estamos perguntando um para o outro o que sabemos sobre ela quando temos a chance.

Ângela está na cabana antes da nossa, eu consigo ver no momento em que ela tropeça na raiz da árvore e cai no chão.

- Árvore de merda!

Eu tento parar de encarar antes que ela perceba, mas é muito tarde.

- Jane! - Ela grita, eu apresso os passos. - Jane sua esquisita!

Paro antes que as provocações piorem, Ângela me alcança.

- Não conte a ninguém o que viu ou você vai se dar muito mal.

- Eu não vou contar. Não gosto de deixar as pessoas tristes. Nem pessoas como você.

- Pessoas como eu? - Ela questiona. - O que você quer dizer com isso, Jane? Que eu sou como qualquer um?

- Não. Eu não quis dizer isso.

Angela empina o nariz e sai andando na minha frente.

- Você vai ficar para trás, esquisita.

Continuo meu caminho sozinha e olho para trás procurando por Max, mas não há sinal nenhum dela.

Quando chego na fogueira onde todos estão sentados ao redor, percebo que as duplas estão todas perfeitas. Robin vem até mim assim que me aproximo dos meus amigos.

- Onde a Max está?

- Ela quis ficar - Digo. - Achei que mudaria de ideia, mas a verdade é que Max pareceu bem convencida sobre não vir.

Olho discretamente para as duplas ao meu redor. Ângela e Érica; Lucas e Will; Mike e Dustin; Steve e Robin; Vickie e Nancy; e mais alunos do colégio Hawkins. E eu... Eu estou sozinha.

- Se continuarem assim não vão ter pontos suficientes até o final.

- Não acho que ela esteja muito preocupada com isso.

Robin indica me indica um lugar para sentar, eu fico ao lado de Lucas, que pergunta:

- E a...

- A Max quis ficar na cabana.

Apoio meu queixo nos joelhos e fico olhando para a fogueira.

Tenho Will, que é quase meu irmão agora e tenho também meus amigos. Mas eu queria estar me divertindo com a Max mais uma vez.

- Eu quero todas as duplas formando uma fila bem aqui - Steve ordena. - Vamos, não temos a noite toda.

Todos da fila ganham um distintivo com o símbolo do acampamento, Will fica confuso quando me vê sentada ali.

- Esse é o seu primeiro distintivo - Steve segura bem alto e nos mostra. - Precisam de vários até o fim do acampamento.

- Precisam de seis, Steve - Nancy diz. Ela gosta das coisas certas, o que é bom. - Seis distintivos até o final, e a dupla vencedora é a que tiver vários deles.

Todos voltam a se sentar nos troncos, Dustin comemora.

- Isso vai ser moleza!

- Eu já estou cansado. - Mike diz, entediado.

- O quê? Mas você nem fez nada.

- Nós vamos trocar, lembram? - Lucas sussurra para eles.

- Se acalmem - Will repreende eles. - Estamos num acampamento. Temos tempo de sobra.

Deixo a discussão deles continuar e levanto dali. Outras pessoas parecem brigar por distintivos também, e os monitores se divertem cochichando sobre nós.

Caminho até me afastar um pouco de todos, onde suas vozes são apenas ruídos. Gostaria de ter os meus poderes novamente, talvez me sentisse menos sozinha. Coloco meu braço para frente e tento mover pequenas pedras do chão. Me concentro e tento lembrar dos experimentos, como tudo funcionava quando eu tinha poderes.

- Você é mesmo esquisita - Ângela diz, sorrindo de uma forma estranha. - O que é isso? Está tentando invocar alguma coisa?

Olho para trás e percebo seus amigos me cercando, engulo em seco e me levanto, mas não consigo correr por muito tempo porque alguém se joga em cima de mim.

- Não! - Eu grito, tentando me mexer mais uma vez.

- Você não vai contar para ninguém o que viu, não é, Jane? - Ela pressiona o recente corte que ganhei no meu queixo.

- Eu não vou contar. Já te disse.

- Vou garantir que não.

Ela dá alguns passos para trás e seus amigos começam a me chutar. Tento levantar mas alguém põe os pés em minhas costas e me faz cair de novo.

Levanto meu olhar para Ângela e pressiono forte minha mandíbula.

- Ângela! - Eu grito, e tento usar meus poderes. Achei que dessa vez daria certo, estou com raiva.

Ela sorri de mim.

- Quem chutou forte a cabeça da Jane? Agora ela está maluca - Ângela se aproxima novamente e seus amigos param. Ela pisa no meu braço. - E se você contar para alguém as coisas vão ser bem piores.

O grupo sai correndo para as cabanas e sorriem enquanto isso, como se não tivessem feito nada. Me levanto e fico apoiada numa árvore. Eu não queria, mas começo a chorar baixinho para que os monitores não escutem e tento limpar meu rosto sujo de terra. O meu casaco tem cascalho grudado nele e minha calça está arruinada.

Decido caminhar até minha cabana de novo antes que alguém perceba meu sumiço. Gostaria de estar sorrindo com eles, mas Ângela me machucou e agora todo meu corpo está dolorido.

Me escondo de Érica atrás de uma árvore, e só volto a andar novamente quando ela está longe. Subo as escadas pensando no que vou dizer para Max se ela perguntar alguma coisa, mas vejo que não era preciso, porque ela nem está aqui.

Camping love • ElmaxOnde histórias criam vida. Descubra agora