• 008

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Eu e Max estamos sentadas em cadeiras de madeira pesada desconfortáveis, sem almofadas nem nada. Em nossa frente, Nancy e Robin do outro lado da mesa de ferro, que está fria. Elas estão nos encarando com seriedade, mas Nancy parece ter vontade de nos matar. Ângela está num sofá distante, segurando uma bolsa de gelo sobre o nariz.

- Seus distintivos. Agora. - Nancy diz, fazendo um gesto.

- Não é justo! - Eu praticamente grito. - Nós não fizemos nada, é nosso primeiro distintivo e eu não quero perder.

- Ninguém quer perder distintivos, mas vocês agiram errado.

- A el... Jane - Max corrige, acho que é por causa da presença de Ângela. - Não fez nada. Ela foi vítima na história todo esse tempo. Se querem tiram distintivo de alguém, que seja o de Ângela.

- Você me deu um soco! - Ângela diz, agora parece mais calma. Ela precisou vir até aqui sendo apoiada por Steve e Vickie, que a seguravam enquanto ela soltava gritinhos histéricos. O soco não foi tão forte para fazer nada além de sair muito sangue, mas isso é algo que ela pode superar se for menos mesquinha. - É uma louca. Está tomando as dores dessa garota esquisita - Max se levanta ao ouvir isso, Ângela sorri, mas recua, com medo. - Vai fazer isso de novo?

- Parem! - Nancy diz, se levantando também, e agora todas estão de pé. - Ângela, quero seu distintivo da atividade de hoje. E Max, o seu também.

- A Max só tentou me defender! - Protesto.

- Ainda assim foi violência. - Nancy diz, calmamente.

- Não vou entregar meu distintivo - Ângela diz, pondo a mão sobre os que tem até agora. São muitos, para minha infelicidade. - Levei um soco e estou com o nariz sangrando, ainda preciso perder uma conquista?

- Uma conquista que não é digna. - Max praticamente cospe as palavras, especialmente a última.

- Não quero repetir mais uma vez. Façam isso ser simples e entreguem os distintivos.

- Deve ter um jeito! - Robin diz, como uma daquelas pessoas que acabou de ter uma ideia que mudaria o mundo. Nancy revira os olhos e bufa. - Max e El...Jane não fizeram nada de errado. Os distintivos ficam com elas.

- Max desrespeitou uma das regras. Já disse que violência não é tolerada.

Desvio o olhar para Ângela, que vira o rosto. Se eu disser o que ela fez comigo, talvez Max se livre do castigo de precisar entregar seu único distintivo. Ou talvez isso só faça Max ficar mais brava e ela reagir de uma forma agressiva, então eu nem quero pensar no que ela faria com Ângela. Não me importo, de verdade, mas sem distintivos para entregar, talvez Max tenha que voltar para sua casa.

- E se violência não é tolerada - Nancy torna a falar, olhando para Max, o que me deixa com raiva. - Acho justo que haja uma punição com quem a praticou.

Entediada disso tudo, Max arranca seu distintivo da blusa e o segura com força. Olha para ele uma última vez antes de entregar para Nancy.

- Sua vez, Ângela.

A loira revira os olhos e retira cuidadosamente o distintivo.

- Mas não é justo, lembrem-se disso. - Ela praticamente ameaça.

- Quer falar de injustiça? - Max a provoca.

- Podem ir agora - Nancy diz. É inteligente. Mais um segundo elas duas juntas e essa cabana vai ficar em ruínas.

Max é a primeira a sair, eu vou atrás dela.

- Sou uma idiota - Ela diz, agitada. - Um soco não foi suficiente. Ângela ainda estava com aquele sorriso presunçoso no rosto mesmo com o nariz naquele estado, eu não suporto ela.

- Eu também não.

- É insuportável, inacreditável e sei lá mais o que eu usaria para descrever Ângela. Ela que é uma esquisita, isso sim. Não deveria sair por aí falando essas coisas para você, El.

- Eu estou bem, ok? - Digo, ficando ao seu lado, ela para de andar.

- Você sempre diz que está tudo bem. Não vai ser sempre assim, El. Coisas ruins acontecem, mas você não está sozinha. Conte comigo, e se ela vier falar alguma coisa mais uma vez, vamos resolver isso, mesmo que seja apenas conversando com os monitores.

Volto a caminhar, e Max também. Estamos voltando para a cabana com passos lentos, mas pingos de chuva me fazem andar mais rápido.

- Vamos. - Max diz, correndo.

Sigo atrás dela, então chegamos em nossa cabana e eu fecho a porta antes que comece a molhar aqui dentro. Galhos estão arranhando os vidros das janelas, isso provoca um arrepio porque esse barulho é horrível.

Max tira sua jaqueta e a joga no chão. Ela ainda está irritada, balançando a cabeça e resmungando algo para si mesma.

- Não sei se eu deveria te falar isso - Começo, ela se vira rapidamente para me olhar. - Mas eu não caí sozinha naquele dia. Sei que você é inteligente para não acreditar na mentira, mas eu acho que precisava dizer a verdade.

- Eu odeio a Ângela - Max fecha os olhos e suspira. - Odeio tanto ela por ter machucado você.

Engulo em seco.

- Está brava porque eu menti?

- Meu deus, não - Ela deixa os olhos semicerrados. - Te conheço e sei que não fez isso por mal. Mas não entendo o motivo para proteger a Ângela.

- Não era a questão de proteger ela. Eu estava tentando proteger você.

Max me encara com surpresa.

- Mas... Era a você que ela estava machucando.

- Eu não queria perder você mais uma vez, Max. Não queria mesmo - Digo, me aproximando dela e segurando suas mãos. - Tive medo que... acontecesse igual a hoje. Tudo foi tão rápido, e vai saber o que elas fariam se você não tivesse distintivo nenhum. Eu ficaria sem a melhor desse acampamento - Passo a palma da minha mão pelo seu rosto, ela fica vermelha, é engraçado. - E não quero te perder, Maxine Mayfield.

Camping love • ElmaxOnde histórias criam vida. Descubra agora