Love was born in New York

1.1K 108 134
                                    

Os primeiros dias na Flórida foram terríveis. Eu só sentia vontade de chorar e me lamentar. Era como se meu peito estivesse dilacerado por dentro. Tinha a sensação de que aquele tempo na companhia de Joseph Quinn tinha me estragado pelo resto da vida.

Mas eu sabia que precisava seguir em frente, sabia que uma hora aquela dor iria passar, a ferida iria cicatrizar e tudo que vivi seria uma doce lembrança.

Mas estava sendo difícil.

Graças a Deus, Ivy tinha viajado a trabalho e só fomos nos encontrar alguns dias depois da minha chegada.

Então, eu passei o restante das minhas férias fazendo coisas normais com minha melhor amiga. Fui ao cinema, ao shopping, a restaurantes, entre outras coisas que costumávamos fazer. Mas nada me preenchia, nada tinha o mesmo gosto, a mesma cor e ela percebeu.

Por mais que eu tentasse demonstrar normalidade, Ivy viu que eu estava estranha, quieta demais, com os olhos sempre vermelhos e parecendo um fantasma pela casa. Não demorou para começar o interrogatório.

Por fim, acabei abrindo o jogo. Eu precisava falar para alguém ou iria enlouquecer.

Depois de meia hora relatando com detalhes tudo o que aconteceu, Ivy teve um ataque de riso, que lhe arrancou lágrimas. Ela achava que eu tinha endoidecido.

E eu nem podia culpá-la, porque era surreal.

— Sabe o que é pior — indaguei, desgostosa —, eu não tenho uma maldita foto para comprovar tudo isso.

Meu empenho em esconder de Joseph minha loucura por ele, acabou naquilo, era a minha palavra contra a descrença da minha amiga.

— Por mais maluco que seja, eu acredito em você. Olha só como anda triste — disse depois de me observar com atenção. — Mas não conte essa história a outras pessoas, elas vão achar que é mentira.

Ivy tinha razão, além disso, eu não pretendia dividir aquilo com mais ninguém.

O problema é que ela estava saindo com um carinha do jurídico da minha empresa que fora apresentado por mim e ela acabou comentando o quanto estava preocupada comigo. Ele, por sua vez, contou para a estagiária do seu setor, que contou para outra e, aos poucos, a coisa foi se espalhando de modo que toda a empresa sabia que eu tinha passado as férias com Joseph Quinn.

Fofoqueiros!

Só que ninguém acreditou e logo eu estava escutando piadinhas de mau gosto e encontrando bilhetinhos e montagens de fotos sobre a minha mesa.

Ivy se desculpou milhares de vezes e até terminou com o cara, mas a merda já estava feita e minha reputação de mentirosa já era conhecida em todos os andares do prédio.

Meu chefe também ficou sabendo e se compadeceu com o que estavam fazendo comigo, chegando a pedir que me deixassem em paz e após isso as coisas melhoraram um pouco, mas toda vez que eu chegava no escritório, sempre havia cochichos e olhares em minha direção.

Só que eu estava tão triste, que não dava importância a nada. Que se danasse se eu tinha virado chacota entre meus colegas de trabalho, o importante era que eu sabia o que tinha vivido e o quanto aqueles dias tinham marcado minha vida.

Peguei um café para viagem e segui para mais um dia de trabalho.

Assim que atravessei as portas do edifício, vi as pessoas olhando insistentemente para mim, como havia acontecido semanas atrás, quando a fofoca começou.

Revirei os olhos e, de costume, ignorei todo mundo e entrei no elevador.

Cheguei no meu andar e, na medida em que andava entre as baias, tive a impressão de que todos me esperavam. Ninguém falou nada, apenas me olharam enquanto passava por eles, sem disfarçar.

Ten Days - Joseph QuinnOnde histórias criam vida. Descubra agora