Angústia Cotidiana

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Torpor,
o oco que procela dentro de mim
o vazio em invólucro que me cobre como estojo

Calo

Deixo cada arranjo do meu lamento para a face do travesseiro
E lá silencia-lo.

Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado, Domingo Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Domingo, Segunda, Sexta, Quinta, Segunda, Quarta,Segunda, Domingo

O mesmo sentimento todo dia,
Espinho próximo ao coração que espeta
E o deixa amendrontado demais para bater
Pesar que aperta meu peito,
Me deixa sem fôlego,
Sem respirar,
Sem calma

Sinto cada veia do meu embaranhado de artérias se rompendo
Cada nervo de sinapses inúteis se partindo
Quero gritar até meu corpo entrar em colapso

Mas apenas me calo

Espero em silêncio a dor se esvair
Se diluir como rio a minha volta
E cair para fora de mim
Então após ficar livre de todo sofrimento

Me sinto morto

Não há nada para sentir,
nada para fazer,
nada para viver
Não há nada que me goze o bastante para sorrir

Sento-me,

não como gente, nem como máquina
Como pedra,
Como natureza morta decorando o ambiente,
Olho, mas não vejo
Ouço, mas não há som
E meus lábios se fecham agonizando
Uma aflição surda vai tomando forma em mim
Constrói vielas profundas
[como as larva fazem com as maçãs]
Mas eu não faço nada contra isso
Enterro-me em mim mesmo
Caindo e caindo no vasto abismo
Que antes era minha alma
Caio sem qualquer pulsar do coração

Poemas Ruins de Uma Vida PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora