Lucca

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SEM REVISÃO

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O dia estava fresco, embora não fosse muito agradável, mesmo assim. Camila resmungava a todo instante, estava sendo uma tortura subir todos aqueles degraus usando aquele kimono estúpido.

— Quanto falta ainda? — Sofia resmungou ao lado da irmã, ela também sofria com as vestimentas.

— Já estamos quase chegando. — Sinuhe proferiu, subindo as escadas com a ajuda de Lúcifer.

Era fácil para ele transitar entre os humanos, principalmente com Sinuhe ao lado. Ela o acalmava e alinhava suas decisões. O fazia ser são.

Apesar das reclamações das mais novas, os quatro continuaram subindo, até se depararem com a entrada de um templo. Duas estátuas de leões, com uma pata sobre uma esfera. Uma em cada lado.

Todos pareceram ignorar, mas Camila ficou intrigada. O que significava?

Não sabia exatamente porque estavam ali, só sabia que era algo importante para o seu pai e que precisavam comparecer.

Ao entrarem no templo, seguiram por uma passarela de pedras planas em mosaicos. Ao fim da passarela, um grande estabelecimento, com uma varanda que ia de uma ponta a outra, de paredes brancas, revestido em madeira e telhas vermelhas, um dragão esculpido em cada quina do telhado. Ao centro, uma porta dupla enorme, com o desenho de uma grande viga dourada esboçado que ia da porta esquerda à direita.

Frente a entrada, uma outra escada, o que fez Camila bufar. Ela não aguentava mais degraus. Entretanto, em cada canto da escada, havia um homem de cabeça raspada e vestido de tunica laranja com um rakusu bege por cima, formando uma fileira de ambos os lados, que seguia até a varanda.

Antes de começarem a subir os degraus de entrada, Sinuhe e Lúcifer reverenciaram, curvando os corpos em 30°. Camila e Sofia se entreolharam quando os homens fizeram o mesmo gesto e, mesmo confusas, elas repetiram as ações dos pais.

Então, logo depois, um senhor visivelmente velho apareceu em meio a entrada.

— É um prazer recebê-los em nossa casa. Por favor, me acompanhem e se sintam a vontade. — ele disse, saudoso e sorridente. Os homens ali então seguiram em sua direção quando ele virou as costas e voltou para dentro do estabelecimento.

Sinuhe e Lúcifer fizeram o mesmo, as duas filhas em seu alcanço.

Caminharam entre salas e corredores até chegaram à uma sala com uma mesa grande o suficiente para servir dezenas de pessoas. Porém, muito baixa, sercada de almofadas organizadas e com pouco estufamento. Uma quantidade imensa de comida posta sobre ela.

O senhor sentou-se na ponta, no chão, os homens sentaram-se ao seu lado esquerdo. Ele pediu que Lúcifer sentasse na outra ponta e Sinuhe e suas filhas sentassem no lado direito. Praticamente vazio em comparação a quantidade de pessoas a frente delas. Assim fizeram.

— Eu imagino que o cansaço seja seu principal sentimento após uma viagem longínqua como esta. — ele proferiu, as mãos escondidas entre as mangas da túnica branca. — Entretanto, o corpo é o que nos provem e mantém sobre o plano em que estamos, e sabendo disso, devemos mantê-lo em condições que possamos continuar nossa jornada de maneira eficaz. Por isso, deleitem-se do banquete, sem pressa. E após isso, alguns dos meus filhos se encarregarão de acompanhá-los aos seus respectivos aposentos. Escolhi a dedo cada um de seus acompanhantes, se me permitem a intervenção. — estreitou os olhos bem puxados em direção à Camila que, confusa, franziu as sobrancelhas — Bom, — espalmou as mãos, alto e de repente, assustando as duas irmãs Cabello. — tenham uma ótima refeição.

Mistérios em PensilvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora