Estranhamente Estranha

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SEM REVISÃO.

***

Não tive tempo de me surpreender, Camila logo me envolveu em um abraço apertado, fungando meu pescoço. O QUE ELA PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!

— Ei, ei, ei! Calma ai! — exclamei afastando-a de mim, realmente assustada com a atitude dela. — O que pensa que está fazendo aqui?

— Não posso mais fazer uma visita à minha amiga? — fez uma pergunta retórica, enquanto se movia para dentro de minha casa sem sequer pedir permissão.

— Claro que pode, a diferença é que não somos amigas. — falei como se fosse óbvio. Ela deveria saber disso.

— Bom, agora somos. — sorriu por cima dos ombros, indo para minha sala.

— Por que?

— Porque eu quero que nós sejamos.

Bufei e fechei a porta, ela não iria embora nem mesmo se eu pedisse. Segui rapidamente seus passos, não confiava nela para deixá-la sozinha, não aqui dentro.

Encontrei-a de pé, perto dos sofás. Seus olhos pareciam correr curiosos por cada canto, como se soubessem de algo, como se procurassem algo.

Pensei em oferecer algo, ela poderia estar com fome, não é?

— Leite e cookies seriam bons agora. — falou de maneira aleatória, encarando-me e sorrindo ladina. Abri minha boca por inteiro, surpresa com a sorte dela de sempre complementar o que estou pensando.

Assenti, e mesmo receosa sobre deixá-la ali, segui para cozinha, buscar o que ela tinha pedido.

Camila era de longe a pessoa mais estranha que eu conhecia...

E olha que eu conheço várias pessoas.

Sorte! O leite estava quentinho e eu havia acabado de abrir um saquinho de "biscoitos".

— Bom, eu tenho um pouco disso aqui. — falei ao voltar para o mesmo cômodo que ela com uma bandeja prateada nas mãos. Eu não poderia negar, ela era muito bonita.

Seus olhos castanhos caíram gentilmente sobre mim, ela agora que estava sentada no sofá, dobrou as pernas com elegância, catando alguns cookies quando eu repousei a bandeja sobre a mesinha de centro.

Sentei-me frente a ela, no outro sofá, e observei a forma como ela fazia os simples cookies serem tão interessantes. Aquela garota não era desse planeta, talvez do submundo mais próximo.

— Então, Laurenzinha... — terminou de mastigar e bateu as mãos uma na outra para limpar os farelos. — Recebendo muitas visitas ultimamente?

— Ah, não.— respondi, vendo-a sorrir em seguida. — E você? — eu não sabia o que dizer! Tive que bolar algo!

— Eu não recebo visitas. — disse ela, apoiando um de seus cotovelos em seu joelho que estava mais alto, o outro braço ela deixou repousando em seu colo. — Bom, e quando recebo nunca são boas.

— Por que? — eu não poderia conter a minha curiosidade, era algo que ia além de mim. Eu esperava que ela não se incomodasse com isso. Por mais que ela fosse estranha, eu não queria deixá-la desconfortável.

Ela soltou uma risadinha e eu franzi o cenho.

— Tenho uma família complicada. — disse, encarando fixamente a fogueira apagada ao nosso lado. — Minha irmã está sempre fora, meu pai está sempre dormindo, e minha mãe é doente. No final das contas eu é quem resolvo todos os problemas.

Mistérios em PensilvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora