Lucifer

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SEM REVISÃO.

***

Ele tinha olhos castanhos indescritíveis, os cabelos tão encaracolados perdidos em um tom dourado exuberante. Sua pele banhada em tons pálidos, desenhada por suas veias avermelhadas. Um dos primeiros filhos de Deus.

Lúcifer.

Aquele não era um de seus melhores dias no céu, na verdade, não estava tendo bons dias nos últimos tempos.

Aquele dilema estava dilatando cada vez mais em sua mente.

Andando em um canto mais afastado do Éden, ele desenhava na areia com os dedos dos pés, perdido em suas incansaveis dúvidas.

— Lúcifer? — uma voz conhecida chamou ao fundo, fazendo o anjo magro e alto acordar de seu transe e olhar por cima do ombro. — O que faz aqui sozinho, irmão?

O maior sorriu, terno.

Estou apenas pensando. — pôde ouvir um suspiro e logo escutou Miguel retrucar:

Não é incomum que eu não esteja surpreso com tal resposta. — ele aproximou-se, tocando os cachos do outro.

Talvez este seja o meu pecado. — murmurou, focando seus olhos confusos em seus pés.

O outro então enrijeceu, olhando seu perfil atentamente.

Anjos não pecam.

Lúcifer sorriu, sem deixar que Miguel pudesse vê-lo o fazendo, e então pensou:

"É claro que não...."

***

O corpo de Camila estava tão quente quanto brasa, os dedos fincados nas costas leitosas de Lauren. As pontas de seus chifres surgindo na extremidade de sua cabeça.

As mãos de sua amada recostadas em seu torso, tremendo enquanto a beijava, tremendo quando a afastou abruptamente.

— O que está acontecendo?! — ela perguntou, atônita e ofegante.

Camila respirava com dificuldade, sem olhá-la. Seu autocontrole posto em linha de fogo.

Lauren não conseguia entender, aquilo ia além do real e talvez por isso suas pernas pareciam gelatina e sua vontade de gritar fosse tão intensa.

Laurenzinha... — sua voz soou em um rosnado, baixo e feroz. Lauren se arrepiou da cabeça aos pés, dando dois passos para trás.

Mas foi tudo muito rápido.

Camila apenas tocou sua testa, e então ela se viu mergulhando em uma escuridão profunda.

***

Sofia estava sentada no sofá, lendo o jornal local, quando por ventura a mulher que há muito conhecia surgiu entre tropeços na porta do corredor dos quartos, mais debilitada que o de costume.

— Mamãe! — ela repreendeu, indo até Sinuhe e dando-lhe apoio para levá-la até a poltrona ao lado do sofá. — Mamãe, o que está fazendo? Sabe que não pode sair da cama assim, não nesse estado.

A mulher respirava fundo, recompondo o fôlego.

— Des-Desculpe por isso, Sofi. — ela pediu, branda, colocando sua palma no rosto da filha caçula. — Eu só queria relembrar a sensação de ter pernas e poder usá-las.

Sofia a olhava com um sentimento de dor e pena escancarados em suas pupilas. Sabia quais as circunstâncias que haviam levado sua mãe aquela condição tão cruel de impotência.

Mistérios em PensilvâniaOnde histórias criam vida. Descubra agora