Capítulo X - Clube 6

4.1K 462 27
                                    

O restante da semana passou, sem que eu me encontrasse com Dreik nem uma única vez. Durante o dia, eu revezava entre treinar e caminhar pelo castelo, indo da cozinha ao salão, conversando com Mimi e as esposas de Maloror.

Apesar do clima leve que permeava no reino, eu sabia que algo não estava certo, alguma coisa estava acontecendo. Dreik chegava sempre na madrugada e levantava antes mesmo do amanhecer o que virou nossa rotina. E assim não trocamos mais nem uma palavra e isso estava me matando.

Não sabia se estava bravo comigo, ou se estava apenas ocupado demais.

Estou pronta para ir a festa de Deise, já passam das 11:00hs e não tenho nenhuma notícia de Dreik, não queria sair sem avisá-lo e dar mais uma razão para não falar comigo. Mas preciso ir, meu irmão estará lá e estou com saudades. Preciso ir.

Dou uma ultima conferida no espelho. Não sei se Dreik aprovaria o cumprimento deste vestido, ele quase chega ao joelho, mas como aqui todos se vestem aos pés... talvez ele não gostasse.

Calço meus saltos e retoco meu batom rosado, dou uma bagunçada no cabelo e decido sair sem avisar mesmo. Talvez ele nem perceba minha ausência.

Encontro Mimi na cozinha e peço a ela a chave do carro, que ela havia conseguido mais cedo com Joaquim.

- Vou me encrencar por isso Charllote. - Mimi diz com pesar.

- Vai nada, eles nem vão perceber minha ausência. - Retiro a chave das suas mãos.

- Você está muito linda. Está radiante! - Diz com sinceridade nos olhos.

- Obrigada minha amiga. Depois te compenso. - Dou um beijo em seu rosto e Mimi se espanta com meu gesto de carinho. - Agora preciso mesmo ir.

Embarco no SUV preto e dou partida no carro, os portões se abrem sem nenhuma complicação, o que agradeço mentalmente.

Após me perder por um tempo, finalmente chego ao local da festa.

O Clube 6 era um prédio antigo, sua alvenaria toda pichada, com uma placa meio torta, com letras de neon vermelha indicando que aquele era o local correto.

Estaciono o carro um pouco longe, pois não havia mais vagas por perto.

Coloco a fita no pulso e me dirijo à entrada, onde um homem forte e negro com os cabelos raspados nas laterais, pega meu pulso e acende uma lanterna sobre a fita, me deixando passar em seguida.

O ambiente estava escuro com luzes coloridas que variava do rosa choque ao verde neon, pessoas de todos os tipos dançavam empurrando uns aos outros e o chão se apagava pela neblina que subia, fabricada por alguma máquina de fumaça.

O cheiro doce irritava minhas narinas, tão doce que uma pontada em minha cabeça se transformou numa grande alfinetada que ia de um lado ao outro.

Me apoio no balcão e peço uma água, talvez este terrível incomodo seja apenas uma desidratação, não lembro de ter ingerido algum líquido neste dia tumultuoso. A menina de cabelos roxos com uma argola no nariz me entrega a garrafa e se afasta para atender alguém que senta próximo a mim no bar.

- Um Gim, por favor. - Uma voz rouca pede a cabelo roxo.

Ainda sentindo uma enorme dor, apoio os cotovelos sobre o balcão e começo a apertar entre os olhos. Estava começando a achar que não deveria ter saído de casa.

- Não está se sentindo bem? - O estranho de voz rouca pergunta ao se aproximar mais.

- Estou sim. - Digo abrindo os olhos vagarosamente. O homem está muito próximo, talvez até demais. Quem avistasse a cena de fora diria que somos íntimos. Seus olhos azuis quase brancos me penetravam com muita intensidade, seu cabelo loiro espetado cheirava a terrível fragrância que me adoecia. Sua mão gélida encosta na minha e sinto que preciso sair daqui. Algo nele gritava PERIGO. - Só preciso tomar..- tento não respirar muito e me concentro nas palavras. - ..Um pouco de água e ficarei bem, o dia de hoje não foi muito agradável.

GRIMM A MaldiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora