Parte 30

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VAZIO I
Alicia

Acordo uma segunda vez. Há alguns segundos não estava em um laboratório. Mas agora estou. É como fechar os olhos e acordar em um local diferente. Isto está me agoniando. Sinto como se estivesse de novo no Instituto Vidal. Quando era drogada e levada para nem sei onde.
 Tento me soltar. Estou suando. Até que noto que há tubos por toda a extensão do meu tórax através dos quais o meu sangue está sendo puxado em direção a grandes frascos de vidro que estão pela metade. 
Alguém está tirando meus fluidos de mim, e assim tenho a impressão de quê não se trata mais só de Asmodeus, e sim de algo ainda pior. Talvez seja uma gangue de Arcontes que descobriu sobre as minhas reais capacidades e agora querem tirar vantagem na batalha que decidirá quem cuidará dos humanos.

_Já estava na hora de acordar irmãzinha.

Ou é só o Asmodeus enchendo a minha paciência como sempre.

_O quê está fazendo exatamente?

_Eu tenho cara de vilão de quadrinho para contar todos os meus planos e te dá uma chance de me impedir por acaso? Não. Esta é a vida real. Haja de acordo.

_Está bem. Então a que devo a desonra de sua aparição ?

Sorrio de forma teatral.

_É simples. Vi que tem controlado a sua ira para não perder a cabeça, e vim acelerar o processo, pois preciso de sua insanidade no nível mais extremo.

_Acho impossível ser mais louca que isso. Já desenvolvi bons mecanismos defesa.

_Será mesmo? Estes mecanismos podem vencer o seu maior trauma?

O som da voz dele é doce e diabólico. Não dá para evitar o arrepio. A mistura do belo rosto e a voz aveludada sempre me assustaram, mas nunca soube o porquê.

Antes que profira alguma coisa, vejo-o desamarrar o seu cinto, e abaixar o zíper da calça jeans. Para outras mulheres isso seria sensual. Já no meu caso entro em desespero. Suas intenções estão óbvias, e não quero ver o quê fará comigo.
Minha respiração começa a se tornar ofegante. O coração bate tão forte que parece tentar o rasgar o peito. Eu preciso fugir imediatamente antes que a visão se realize.
Bato meus braços no apoio da cadeira. Movo as pernas me empurrando para cima sem me importar se meus ossos serão quebrados. Não quero que me toque! Não quero que se aproxime! Não quero que... abuse de mim!
Mas é tarde demais para querer alguma coisa. Ao ver meus movimentos de pânico seu membro se enrijece, como se sentisse prazer com a minha dor. Sádico! Doente! Asqueroso! Psicopata! Estas são as palavras que me vem a mente, ao olhar para o seu sorriso crescente que aumenta, assim que sua mão aperta meu maxilar de forma que me impede  de gritar.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VAZIO II
Alicia
Seus dedos repugnantes percorrem por meu corpo, até passar por debaixo do tecido do meu vestido, onde aperta minha coxa até me fazer agonizar. O gemido de prazer pra ele não é nada. Ele gosta é de ouvir o meu desespero através do espaço que deixou em meus lábios. Sinto os olhos arderem, como se quisesse chorar, mas me seguro. Asmodeus já venceu o suficiente para permitir que ganhe esta luta também.
De repente, ele se debruça contra mim, e os dedos que antes pressionavam minha pele  violentamente , agora conduzem seu grande e assustador membro fálico ao meio das minhas pernas. Por cima da calcinha sinto-o empurrar a cabeça daquela coisa gosmenta, como se quisesse furar meu corpo.
Me movo com repulsa. Não! Ele não pode conseguir isso! Não nesta vida! Penso lutando para mover algum dos majestosos tubos de vidro, só que de nada adianta. O sangue e a energia são a mesma coisa, e como o meu está sendo puxado para fora, todo o meu poder se encontra dentro dos recipientes no momento. Não há o quê ser feito, senão ceder. Então aguento calada.
Como um martelo martelando o prego, ele enfia seu órgão fálico em mim até finalmente destruir o tecido que me protegia do seu contato. Dou um urro por causa da estocada, e as lágrimas escorrem pelo canto dos olhos.
Não aguento mais fingir que posso aguentar porquê não posso. Eu quero gritar. Quero esmurrá-lo. Espancá-lo. Estripá-lo. Mas nada posso fazer. Por isso apenas ouço o vai e vem incessante, até que sinto de novo que meu corpo é o antro do pecado que desperta os piores desejos dos seres vivos.
Toda a minha vida passa diante dos meus olhos. De novo sou aquela garotinha estúpida que torturou garotos porquê foi molestada. De novo olho para cima esperando por um milagre que apague esta tragédia. De novo rezo para Deus pedindo desculpa por ser tão má, e por fim abaixo a cabeça, permitindo que Asmodeus faça o quê desejar, pois depois de refletir, tenho certeza de quê nada virá me salvar, e que sou destinada a sofrer nas mãos de maníacos que buscam por diversão macabra.
Afinal sou filha de Lúcifer e Lilith, e como tal é meu destino servir como brinquedo de alguns demônios, porquê Deus jamais enviaria um dos seus anjos para me salvar. Portanto tenho que ser forte sozinha, e continuar a suportar tamanho sacrilégio até que esse monstro canse, por isso me entrego a um sentimento de vazio e deixo minha consciência para trás.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MACABRO
ARAX

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