Perdoe-me

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Juliette Fairmont

Margo Cesarini era a pessoa mais gentil que conheci em anos, ela havia se tornado minha melhor amiga desde que descobrimos uma sobre a outra. Em uma ocasião trocamos um beijo, mas logo que nossas bocas se descolaram começamos a rir e achar aquilo repulsivo, definitivamente não haviamos sido feitas para ser um casal, mas não havia dúvidas que nascemos para cuidar uma da outra. 

Assim nossa amizade começou, uma cuidando da outra para que nossa identidade não fosse revelada. Quando apresentei Margo a minha família vi a felicidade estampada no rosto da minha mãe, iniciando por algumas coincidências, minha mãe se chamava Margot e também era uma imaculada. Ela estava feliz que eu estava me aproximando dos "meus". 

Durante a faculdade saíamos juntas para caçar e nos divertir, às vezes conseguiamos fazer os dois de uma só vez, às vezes um ou outro. Com ela não havia tempo para tristeza, seu astral sempre animado e mesmo diante de problemas tudo o que ela fazia era dar seu típico sorriso largo e dizer "relaxa, Fairmont, eu vou consertar isso" e ela sempre cumprira com os seus propósitos, sempre me ajudara. 

Tornei-me uma vampira melhor graças a Margo, ela me ensinou que não era errado caçar para sobreviver, também havia lutado contra sua própria natureza, mas que alternativa tinha? Sangue era o nosso alimento, comida humana não era capaz de manter nossa energia. Ensinou-me que ter dúvidas era normal, se sentir repulsiva também, com ela eu descobri melhor como domar meus dons e ser generosa comigo mesma. 

Ela era tão confiante e me ensinou a ser também, bem como me ensinou a ser um pouco menos triste, me divertir e entender um pouco melhor o mundo. Eu a amava. Não poderia seguir minha vida após a faculdade sem aquele raio de sol perto de mim, lembrando-me o quanto eu ainda conseguia ser feliz. Foi então que fiz uma proposta arriscada, eu iria tomar a frente dos negócios da minha família aos poucos, pedi que ela fosse o meu braço direito. 

Sabia que Margo tinha seus próprios planos e isso incluia abrir uma venícola no sul da Itália e passar seus dias longe do sol, saboreando vinhos e saindo a noite para se alimentar e se divertir, nunca achei que ela aceitaria, mas eu tinha que tentar. "Achei que não teria coragem de me fazer esse convite e eu teria que me oferecer" ela disse com seu típico sorriso largo "fala sério?" perguntei incrédula "Jules, eu vou para onde você for!". 

Desde então fora assim, eu e Margo contra o mundo, até que Calliope cruzou o meu caminho naquele maldito baile, usando da minha maior fraqueza: meu amor pela caçadora. 

Ela me distraiu, sabia que estava prestes a dizer que me amava, eu podia sentir seu ritmo cardíaco se alterando, ficando intenso, mas regular. Então, quando minha mão afrouxou de seu corpo, ela fez o que eu não pude acreditar. Foi tão rapidamente buscar a sua arma e desferir o seu golpe que eu não tive tempo de reagir, não consegui defender-me, apenas assisti ela vindo em direção ao meu coração com aquela maldita adaga prateada com a lateral da lâmina em madeira. 

Ouvi Margo gritando "Jules!", mas era tarde demais para qualquer reação de minha parte, meus olhos ainda encaravam aqueles escuros olhos de Calliope cheios de ódio e concentrados em cumprir sua promessa, obstinados em matar-me. 

O sangue espirrou tão forte, molhando a pele morena de Calliope, seus olhos se arregalaram, ela não acreditara que realmente fizera aquilo, mas algo estava errado, eu não senti dor alguma, foi quando notei, Margo parada em minha frente, a cabeça abaixada, olhando para o seu peito, o sangue era dela, não meu. As lágrimas correram pelo meu rosto de imediato, eu não podia acreditar no que estava acontecendo, no que Calliope havia feito e que Margo estava se sacrificando para me salvar. 

O nosso fim - First killOnde histórias criam vida. Descubra agora