Pecado

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Juliette Fairmont

Não acreditei quando aquela voz veio em minha direção, estava tão obcecada em minha vingança, em fazer Calliope sangrar como ela havia me feito que não notei quando o corpo de Margo ganhou vida. Ela ressurgiu da melhor forma possível, com uma piada tipicamente ao seu estilo. 

O sorriso se misturou em meio as minhas lágrimas e eu corri para seus braços, o melhor de tudo é que ela parecia grata, não ao meu pai ou a mim, mas a Calliope. Aquele era um sentimento que eu precisaria digerir, com calma e tempo, o mais importante já havia acontecido, Margo havia sobrevivido. 

-Você me assustou, de verdade. Susurrei fraco em seu ouvido. -Nunca mais me deixe. 

-Agora que eu sei que sou mais importante que Calliope? Impossível. Ela deu seu típico sorriso brincalhão. 

-Ninguém, nunca, estará acima de você. 

Minhas palavras eram sinceras, mas ao mesmo tempo poderiam ser postas em cheque. Será que realmente Calliope estava abaixo de Margo? Os sentimentos ainda eram confusos uma pela outra. De um lado havia a caçadora que sem qualquer dúvida era o amor da minha vida, mas do outro havia a imaculada que deixou toda sua singularidade para viver com o propósito de me servir de forma leal e inquestionável. 

Olhei para Calliope, o ritmo do coração dela estava diferente, mais suave... Sem dúvida estava aliviada, assim como eu estava de ver Margo bem, diante de toda sua alma aventureira e brincalhona. Beijei seus cabelos de cobre e abracei apertado. 

-Calma aí! Ela reclamou. -Ainda não estou cem por cento.

-Desculpe. Disse atrapalhada. -Eu só...

-Estava sendo a minha Jules. Ela disse sorrindo. -Atrapalhada como sempre. 

-Sim. Sorri francamente. 

-Eu acho que você tem coisas a tratar. Ela sussurrou. -Não deve ser fácil tentar matar um grande amor.

-Desde quando você estava acordada? Perguntei incrédula. 

-Foi divertido assistir, algo como novelas mexicanas. Ela riu. -Agora só vai lá e resolva as coisas, tudo bem? 

Eu assenti, não poderia negar um pedido de Margo, ela sabia exatamente do que eu precisava, era a minha alma gêmea naquele mundo, não seria alguém que eu negaria qualquer pedido, afinal, me entendia como ninguém. 

Caminhei lentamente em direção a Calliope, dei um sorriso para Theo, ele entendeu que eu não buscava guerra e me deixou passar. Peguei na mão da negra em minha frente e sussurrei: vamos conversar. Ela prontamente aceitou e eu a conduzi para outro cômodo, para o meu quarto. 

Calliope Burns

Meu coração estava acelerado dentro do meu peito, via uma Juliette que eu não conhecia, sombria e com ódio nos olhos. Ela assistiu a melhor amiga morrer, graças as minhas atitudes, podia ver-me naquele olhar perdido e vendo a vingança como a única razão para continuar existindo. Foi aquilo que me fez existir durante todos esses anos, como poderia julgada-la?

Ela veio em minha direção, me jogou contra a parede e sua mão gelada enforcou-me, eu não tive como reagir, tentei de forma fraca, inútil. Theo estava lá e ele me protegeu como o irmão mais velho que sempre fora, mesmo sendo um imaculado, ele era o meu Theo de sempre, protetor e amigo. Mas aquele assunto era entre eu e Juliette, estava disposta a oferecer uma trégua, deixando que nos resolvessemos, que ela tentasse me fazer virar um cadáver, era justo.

O nosso fim - First killOnde histórias criam vida. Descubra agora