Capítulo 2

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ELISA


— Hummm....qual será o humor dela hoje? — Samara pergunta, enquanto estou abaixada arrumando a vitrine com os petiscos finos que acabaram de sair da cozinha.

Contudo, não preciso sequer olhar para saber de quem a minha amiga está falando. Apenas uma pessoa é capaz de fazer meu radar começa a apitar dentro da minha mente:

Perigo a vista. Ameaça se aproximando. Corra para as colinas. Repito: corra para as colinas. Desastre acontecendo em 3,2,1...

— A pergunta certa não seria: Qual das espécies de cobra ela incorporou esta manhã?

Aqui, já podemos esperar um ataque, uma mordida e uma gota de veneno que pode coagular todo o seu sangue, de deixar imóvel, sem oxigênio e levar a morte em questão de horas, minutos até.

Com essa adrenalina do perigo lambendo nossas costas como labaredas de fogos e chutando nossa bunda como se fosse o pé grande. Quem precisa de café para despertar em uma manhã de segunda-feira?

— Considerando o vestido que ela está usando hoje. Precisamos ligar urgentemente para o Butantan para eles providenciarem uma tonelada de antiveneno para ser entregue via Sedex para a cafeteria. — Sam, fala fazendo menção de pegar o ramal em cima do balcão, mas então ela para e seu olhos ficam arregalados. — Ah, merda, e temos a primeira vítima.

Levanto rápido, olhando para a portaria e vendo como o coitado do porteiro, o senhor Arnaldo, está sendo atacado sem piedade.

Nhac! Nhac! Nhac!

Ele não tem nem para onde correr.

O pobre já caiu no bote.

— Olhe para essa porta. Está tão suja como se fosse...— a voz rude da megera é apenas um sussurro aos nossos ouvidos pelo lado de dentro, mas aposto que lá fora está zunindo como se a sua garganta estivesse ligada a mil alto-falantes.

— Caracas, o senhor Arnaldo parece desesperado.

Samara olha com pesar para onde a cena se desenrola.

— Estou com pena dele. O senhor Arnaldo é tão alegre, que parece o coelhinho da pascoa fofinho. — lembro de como ele é tão gentil e como seu sorriso é capaz de conquistar até o mais rabugento dos cliente. — Mas agora ele está tão vermelho e amedrontando, que aposto que esse ano ninguém irá ganhar ovos de chocolates.

Minha amiga sacode a cabeça, fazendo seus cachos negros balançar com o movimento.

— Certamente se o próprio demônio não estivesse arrancando o couro peludo e fofinho do pobre coelhinho, esse ano seria o ano que teríamos mais chocolates. Mas que merda!

Sacudo a cabeça concordando. Raios, são chocolates. Todo ano arrumo sempre qualquer motivo para me entupir do doce. Estou triste? Uma barra de chocolate resolve. Estou ansiosa? Olha uma bombozinho ali. Quero sair gritando pelada pela rua? Uma caixa de bombom, duas barras e um sorvete de chocolate, resolve na hora.

Poxa!

Espero que a serpente não consiga abocanhar o coelhinho de uma vez, para quem sabe consigamos salvar a pascoa, mas considerando os gestos cruéis e ameaçadores que ela está fazendo com as mãos e braços, a jiboia com corpo de medusa, irá estraçalhar de vez com o pobre orelhudo.

Ah, nossa senhora protetora dos animais fofinho e nossa senhora dos chocólatras, intercedeis por nós.

— Olhe só, como ela está irritada. Parece que vai soltar fumaça pelo nariz e orelha a qualquer momento. Ela parece um dragão preste a incendiar a avenida paulista toda — Um sorriso malicioso brinca nos lábios cor de rosa de Samara, enquanto seus dedos ágeis deixam a caixa registradora para fazer um simples sinal. — Se ela esquentar mais ainda a cabeça, com toda certeza seus chifres irão derreter.

CASAMENTO ARRANJADO: O CEO E A ÓRFÃ. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora