Capítulo 3

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Mauricio

O barulho dos meus socos atingindo o saco de areia ecoam por todo o lugar. Tinha levantado cedo, a insônia tinha me pegado de jeito na noite anterior. Tentei não pensar em cigarros, mesmo depois de cinco anos, a cada onda de estresse uma imensa vontade de fumar me atacava. Irritado com essa ânsia e fraqueza, decidir fazer um pouco de exercício físico. Coloquei as minhas roupas de musculação e subi até o ultimo pavimento do meu apartamento, onde fica a minha academia individual, muito bem equipada, de altares a equipamentos modernos.

Depois de iniciar com aquecimento leve, aumento a intensidade dos meus golpes, em ganchos de direita e esquerda e de vez em quando usando o joelho para socar o saco de areia que balança de forma desgovernada em minha frente. O suor escorre pelo o meu rosto e peito. Pego uma toalha e enxugo de forma brusca toda a minha pele, depois a jogo no chão. O som do meu Ipod está explodindo com a música alta, mas ainda assim, não estar alto o suficiente para mim. Então aumento até o último volume, testando as minhas caixas acústicas novas e as paredes a prova de som.

Agradecendo que o tinido das notas de Till Collapse do Eminem, estejam quase estourando os meus tímpanos, continuo socando rápido e forte, tentando evitar que os acontecimentos do dia anterior invada a minha mente, mas com a mesma agressividade e agilidade que uso a minha mão direita para atingir o saco preto, as palavras do doutor Costa se repete, em minha cabeça, como se fosse um sino, em badaladas altas e irritantes: Você escolhe segui o testamento ou deixar que toda a indústria F&D seja liquidada em menos de quatro meses. Um grupo chinês parece bem interessado na compra dos 40 % das ações dele.

Sacudo a cabeça em negativa.

Eu devia ter previsto que Pedro Dias estava planejando algo ardiloso, ele passou os últimos meses de sua vida negando qualquer uma de minhas tentativas de compra de suas ações. Por mais que oferecesse uma quantia absurda, a resposta era sempre não. O que eu não entendia, ele estava a beira da morte, tivera um ataque cardíaco e brutal há oito meses antes, ele já sequer tinha condições de andar, quanto mais cuidar de sua parte na empresa. Era lógico que ele deveria ter se desfeito dela antes. Já que não tinha esposa, filhos ou parentes para quem pudesse deixá-la como herança.

Bem, até que o seu advogado leu o testamento e então descobrir a existência de sua afilhada. A prometida desconhecida que eu teria de desposar para ter em minhas mãos 35% a mais de ações e assumir de vez a presidência da empresa.

Meu semblante se fecha.

Inferno!

Intensifico os meu socos. Atinjo o saco de pancada de forma frenética. Imagino ser ali em minha frente demente Pedro Dias, que me olha com desdém e seu sorriso irônico. A minha visão se torna vermelha, a minha respiração entrecortada e a fúria corre por minhas veia. Logo estou chutando o que imagino ser a bunda do infeliz, para que ele fique cada vez mais no inferno. Depois estou dando joelhadas no que fantasio ser suas costelas, para tentar tirar a todo custo de seus lábios seu riso zombador. Insano, despejo toda minha ira nele até a irritação sair do meu sangue quente.

Eu termino sem fôlego, o peito arfante e todo banhado de suor.

Desligo a música estridente, vou até o frigobar pegando uma garrafa de água, bebendo em longos goles até a minha respiração se estabilizar. Depois pouso a garrafa vazia sobre o aparador, pegando o meu celular em seguida. Vejo que ainda são quatro e meia da manhã, ainda tenho tempo o suficiente para ir para a F&D.

Então o meu celular vibra, na tela aparece a foto de Cintia, ela havia acabado de mandar mensagem, ficaria surpreso por ela está acordada a essa hora, eu sei que ela gosta de dormir até tarde. Mas então lembro que ela está do outro lado do mundo e certamente a essa hora ela deve estar caindo na cama.

CASAMENTO ARRANJADO: O CEO E A ÓRFÃ. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora