Capítulo 8

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Elisa

Os ânimos na sala mudam completamente no segundo que a palavra casamento foi dita. Um silencio absurdo e longo se fez presente. De um filme de ação, para um de terror, exatamente na bendita cena onde a mulher toda inocente entra em uma tenebrosa casa vazia e escura, começa a andar cômodo por cômodo, caminhando lentamente para o perigo. A calmaria havia definitivamente acabado. Então gritos e mais gritos histéricos.

Sinto as palmas das minhas suando, ao constatar que agora sou a pobre mulher do filme de terror. Eu havia chegado aqui com o coração cheio de esperança, ansiosa e muito nervosa, mas pronta para dizer todas as minhas qualidades e defeitos. Embora continuasse nervosa e ansiosa, agora por motivos diferentes.

- Casamentos?

Eu fico sem folego, sequer tenho certeza de que deu para escutar a minha voz.

O doutor Costa olha para os papeis em suas mãos.

- Aqui estamos. - ele começa a ler. - Para Elisa Maria Marinho, minha afilhada, filha de Paulo Marinho e Laura Marinho, eu deixo 5% das minhas ações da empresa F&D, sobre única e exclusivamente condições de contrair matrimonio com o senhor Maurício Ferrer, também detentor de parcelas de ações da empresa.

Tomo uma longa respiração, para tentar manter a compostura, mas de nada adianta. Minha frequência cardíaca continua aumentando, minha cabeça continua girando, minha respiração acelerada.

- Um golpe perfeito daquele canalha.

Com uma voz sombria e um olhar atravessado para o advogado, o homem a qual devo me casar protesta do outro lado da mesa.

- Uma forma segura de expressar suas vontades depois da morte. Um negócio completamente dentro das leis.

Os olhos de Mauricio parecem ser capaz de lançar adagas nesse momento. Pela forma que ele parece ainda mais perturbado e irritado com as palavras do doutor Costa.

- Estou ciente o que é um testamento.

O homem de cabelos grisalhos adota um sorriso.

- Tenho certeza que sim.

Mais um olhar irritado em direção ao advogado. Cada musculo no rosto de Ferrer está tensionado. Os olhos frios como gelo. Ele é um retrato perfeito e inegável da raiva.

- Bom, eu preciso falar com a senhorita Marinho - Mauricio diz, a voz sem emoção. - Se eu puder usar a sua sala, agradeceria.

- Claro, pode ficarem a vontade - o advogado fecha a sua maleta com um estalo audível. Ele olha de mim para Mauricio, franzindo o cenho, divertindo-se com alguma coisa. - Conversem e decidam o que irão fazer. Estou a disposição para ouvi-los logos com as suas decisões.

Cruzo as minhas pernas debaixo da mesa, enquanto observo Ferrer fechar a porta após o doutor Costa sair. Quando ele volta em minha direção, ele não se senta, continua em pé, o rosto impassível e os olhos ainda mais frio. Eu não tenho como negar, tudo nele me intimida. Sua postura, seus olhos, sua gravata, sua voz profunda. Mas ainda mais intimidante é que acho que ele me odeia. Ainda mais quando cruza os braços e me olha de cima.

- Parece que temos muito o que conversar. - ele tenta me lançar um sorriso - Mas no momento tenho apenas algo para lhe propor, senhorita Elisa Marinho.

Ouvir meu nome em sair de sua boca, me causa uma sensação estranha na barriga.

Ignorando o frio que parece fazer nevar dentro do meu estomago, estendo a mão para a cadeira de couro a minha frente.

CASAMENTO ARRANJADO: O CEO E A ÓRFÃ. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora