Capítulo 7

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Quinta volta.

Prédio com a fachada azul marinho e letras garrafais indicando uma empresa de comunicação.

Depois uma loja de flores. Seguida de um restaurante, que fica ao lado de uma livraria, que está entre uma empresa de informática e um prédio comercial de dez andares.

Sim, já decorei todas as lojas e prédios comerciais desse quarteirão.

Faz quantas horas que estou repetindo esse mesmo trajeto?

Duas horas, faz duas horas que vou de cima a baixo na mesma rua, como se eu estivesse procurando um endereço e estivesse perdido. Quando na verdade eu bem sei onde quero e preciso ir.

Frustrado, paro o carro e enfio os dedos em meus cabelos. Puxando minimamente os fios, enquanto respiro fundo tentando acalmar os meus ânimos. Visto que a noite de ontem não foi umas das melhores, tinha passado parte dela acordado, remoendo o que está acontecendo. E a minha manhã, foi como jogar gasolina em um fogo. Explodiu meu humor em níveis absurdos e insanos, quando fui obrigado a participar de uma reunião extraordinária para David apresentar a nova parceria conseguida por ele, enquanto me sentia humilhado e taxado como um incompetente.

Solto o cinto, me inclino até o porta corpos da porta do carro e pego uma garrafa de água mineral. Bebo todo o liquido puro em pequenos goles. Enquanto com uma precisão metódica a minha mente deixa para trás todos os pensamentos emocionais que estão acontecendo em minha vida, principalmente o testamento e como a minha vida estava atrelado a ele. A exigência que Pedro Dias tinha exposto naquele pequeno pedaço de papel fazia-me sentir encurralado, preso e esse não era um sentimento agradável.

Contudo, eu sou um homem meticuloso. Então levou apenas algumas horas para que eu examinasse todas as possibilidades, deixasse de remoer as injustiças da situação e organizasse os meus pensamentos em um único propósito.

Meu semblante se fecha, enquanto repasso em minha mente todo o plano que criei para hoje: participar da leitura do testamento para a minha noiva prometida, esperar sua reação e a convencer de que o casamento aconteceria. E eu usaria todas e quaisquer armas ao meu alcance para isso. Eu já mesmo tinha um acordo para ser selado por nós dois. Sabia que estava sendo otimista demais em relação a tudo. Mas se o tempo que eu tinha para cumprir o testamento estava esgotando, não custava nada está a um passo adiantado e precavido.

Você tem certeza de que irá fazer isso?

Uma parte de mim, pergunta.

E o que quer que eu faça?

Tenho vontade de gritar de volta.

Mas tenho certeza de que novamente irei apenas receber como resposta o silêncio, como recebi antes, a medida que desesperado tentava achar uma saída para esse pesadelo que me consumia lentamente.

E mesmo que nesse momento parte de mim esteja se revirando em sinal de protesto e que alguns de vocês irão me considerar um cafajeste ambicioso e um patife de quinta categoria, todos vocês, verdade seja dita. E que também esteja sujando a honra e a educação que recebi do meu pai. Na verdade, decepcionando Roberto Ferrer, com minha atitude infame. Preciso ser honesto com os meus próprios interesses, mesmo que dentro de mim esteja acontecendo agora mesmo uma grande batalha do entre o que quero e entre o que não devo.

Termino de beber minha garrafa de agua, descarto o recipiente plástico, fecho os olhos e aperto o meu nariz. Eu não quero arriscar pôr tudo a perder. E por mais que eu preciso de Elisa para ter o que quero, eu tenho não interesse em nada além do que um casamento de fachada. Sem envolvimento, o que não causaria confusão. Eu precisava que ela visse isso como um negócio, onde não haveria amor. Sem nenhuma união emocional. A única forma desse casamento ser perfeito.

CASAMENTO ARRANJADO: O CEO E A ÓRFÃ. DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora