7| 𝗌𝖼𝗈𝗈𝗉𝗌 𝖺𝗁𝗈𝗒

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Eu e o Will fomos no melhor lugar do shopping: o Scoops Ahoy. É o melhor lugar do shopping pelo fato do Steve e da Robin trabalharem lá. Além de ter uma passagem secreta para o cinema. Me aproximo do balcão e começo a apertar o sininho.

─ Já tô indo! ─ Steve aparece dos fundos da loja ─ Mike, que surpresa te ver aqui! Quem é esse? ─ ele aponta para o Will.

─ Um amigo meu ─ respondo e olho para o Will ao mesmo tempo.

─ Deixa eu adivinhar, ele joga D&D com o Eddie? ─ Steve pergunta e se senta no balcão. Ele sempre faz isso.

─ Quem é Eddie? ─ Will pergunta. É daí que eu me toco que ele não conhece o Eddie.

─ Steve, você sabe por onde anda o Eddie? Ele anda faltando e...

─ O Eddie está andando muito com o Steve, não é? ─ Robin aparece e também se senta no balcão.

─ Robin... ─ Steve fica envergonhado. Já vi que o Steve e o Eddie estão andando juntos, como sempre.

─ Qual sabor vão querer? ─ Robin pergunta para mim e para o Will.

─ Pode ser morango ─ uma menina ruiva aparece. Não conheço ela, mas Robin parece conhecer, porque ela fica vermelha.

─ O-Oi, Vickie! ─ Robin pega uma bola de morango e põe na casquinha para a tal de Vickie ─ Aqui está ─ ela dá a casquinha para a garota.

A menina paga pela casquinha e deixa a sorveteria. Aparentemente a Robin gosta dela.

─ Você fica me zoando mas tinha que ver a sua cara atendendo a Vickie ─ Steve implica com a Robin. E eu aqui só querendo o sorvete.

─ Cala boca, Steve ─ Robin ri e fica sem graça.

Fica um silêncio constrangedor e os dois atrás do balcão ficam olhando para gente. E assim como eles nos olham, nós também os olhamos.

─ E o sorvete? ─ Will pergunta, quebrando o silêncio. Ele sempre faz isso.

《.》

─ O meu sorvete é bem melhor do que o seu ─ falo para o Will, que está insistindo que o dele é melhor (o meu é de chocolate amargo e o dele de chocolate ao leite).

─ O meu que é melhor! Não inventa, Mike ─ ele dá uma lambida no seu sorvete, que faz com que ele fique com a ponta no nariz suja.

─ Deixa eu limpar pra você ─ limpo o nariz dele com o guardanapo e paro por um minuto para refletir o que eu estou fazendo. Eu. Estou. Limpando. O. Nariz. Do. Will. Por que eu tô fazendo isso, cara?!

─ Obrigado ─ ele agredece com um sorriso fofo. Não poderia ficar mais gay do que já está.

─ E sobre o nosso trabalho? Encontrou algum casal homossexual? ─ mudo de assunto só pra não ficar mais constrangedor.

─ O tal do Eddie com esse Steve ─ Will responde. ─ Eles são namorados?

─ Eles nem são um casal. Bom, pelo menos eu acho que não. Eles só andam muito juntos ─ respondo. Tenho muitas dúvidas sobre os dois.

─ Tipo a gente? ─ onde ele quer chegar com isso? ─ Somos só amigos e, as pessoas acham que nós somos um casal. Por que você acha que isso acontece?

─ Porque você é boiola e querem encher meu saco com isso? Tipo, você é bem viado. Já reparou no seu "jeito"? ─ me arrependo de ter dito isso, porque Will incorpora uma expressão triste. ─ D-Desculpa...

─ Tudo bem, Mike. Já tô acostumado...─ ele diz com uma vozinha de choro. Eu tô me sentindo um merda por ter dito aquilo ─ Acho que já deu a minha hora de ir. Foi muito divertido hoje. Enfim, até amanhã...─ Will vai embora, me abandonando no meio do shopping.

Eu poderia ter evitado, mas não evitei. Sei lá, o Will me faz perceber quando eu estou sendo escroto. Fui um babaca com ele agora. Deixei ele desconfortável, e isso me deixa desconfortável. Me odeio.

Vou embora do shopping também. Pego minha bicicleta e vou pedalando para casa. Pra foder tudo, começou a chover. Cheguei todo encharcado em casa, pra variar. Tomo um banho e me jogo na minha cama, pensando em como eu sou escroto e deveria me matar. A gente está literalmente fazendo um trabalho sobre homossexualidade e, como um plot, sou homofóbico. Tinha que ser eu mesmo.

Se passam umas horas e escuto o telefone tocar lá embaixo. Desço as escadas depressa, puxo o telefone do gancho e atendo.

─ Alô? ─ digo.

─ Oi, Mike. Eu só queria dizer que tá tudo bem. Não quero que se preocupe comigo. Imagino do que você quis dizer do meu "jeito". Quero que saiba que eu já tô acostumado... ─ Will diz, ainda com aquela vozinha de choro.

─ Mas, você não deveria estar acostumado com isso. Eu sou escroto mesmo, e eu assumo. Eu juro, Will, que o seu "jeito" faz você ser...você! Ah, esquece, eu sou uma merda dando apoio pros outros ─ quando ouço sua risada pelo outro lado da linha, se abre um sorriso no meu rosto. Estava com saudade dessa risada.

─ Há pouquíssimo tempo atrás você me odiava e, agora, você simplesmente tá sendo fofo comigo. Você é realmente engraçado, Mike. Obrigado por querer ser meu amigo. Gosto muito de você. Queria passar mais tempo com você e, quem sabe, tomar mais sorvete de chocolate ao leite com você ─ ouvir o Will feliz de novo me faz sentir feliz. E, quer saber? Eu nem ligo para o que eu estou fazendo.

─ Chocolate amargo! ─ rebato. O de chocolate amargo é bem melhor.

─ Ao leite! ─ parece que se iniciou uma competição.

Eu e o Wil ficamos a noite inteira conversando pelo telefone. Foi incrível. Nem acredito que eu "odiava" esse garoto. O que eu mais queria era passar todos os dias da minha vida ao lado dele. Eu gosto do Will. Ele é um amigo. Um ótimo amigo.

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𝖡𝗈𝗒𝗌 𝗐𝗁𝗈 𝗅𝗂𝗄𝖾 𝖻𝗈𝗒𝗌 | 𝖻𝗒𝗅𝖾𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora