10| 𝖼𝗂𝗇𝖾𝗆𝖺

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Chegando no Starcourt, corremos até o Scoops Ahoy, onde existe aquela passagem secreta que eu havia citado.

─ Steve! Precisamos da passagem! ─ quase atropelo o balcão.

─ Você sabe que eu não posso ficar permitindo toda hora ─ Steve diz.

─ Eu mal saio de casa, Steve. Anda logo! ─ insisto e ele deixa a gente passar ─ O Eddie ficaria desapontado se você não deixasse ─ implico com o Steve.

─ Vai logo! ─ Steve ficou emburradinho.

Eu e Will corremos no corredor estreito que nos leva para o cinema. Entramos em uma sala no meio dos trailers e sentamos lá no fundo. Dá pra ver tudo daqui de cima.

─ Eu roubei sorvete pra gente ─ Will tira um pote de sorvete e duas colheres da mochila.

─ Da onde você roubou isso?! ─ pergunto, um pouco incrédulo. Vai que nós sejamos presos?!

─ Eu peguei enquanto você e o Steve estavam discutindo. Peguei metade chocolate ao leite e, pra sua felicidade, metade chocolate amargo ─ ele me entrega uma colher e vira o lado de chocolate amargo para mim.

Tento agradecer, mas os filmes me interrompem. Nem faço ideia de qual filme seja. O que importa é estar ao lado do Will que, parece estar se importando mais com o sorvete do que qualquer coisa.

Se passa um tempo e, o filme que está passando é bem entediante. É sobre zumbis robôs (quem entendeu a referência entendeu ass: a autora), o que não poderia ser pior. Tomamos o sorvete em um piscar de olhos, então Will foi obrigado a assistir essa bomba radioativa de filme. E eu? Bem, se você acha que eu fiquei assistindo o filme, você se enganou. Fiquei olhando para o Will, que estava de certo modo hipnotizado com todas as explosões que aconteciam na tela.

─ As explosões são demais ─ ele comenta comigo, sem nem ao menos tirar os olhos da tela.

─ São. São demais mesmo...─ eu concordo (mesmo não concordando), sem ao menos tirar os olhos dele.

Nunca imaginei que fosse ir ao cinema com o Will. Nunca imaginei que fosse começar a gostar dele, na verdade. Foi mesmo amor à primeira vista, como o Dustin havia dito. Só não queria admitir porque, de certa forma, tinha medo de ser gay. Nunca gostei de garotas, nem mesmo da minha ex. O Will me mudou completamente.

Com isso, tento pegar na mão dele. É bem arriscado, mas não custa nada. Vou aproximando devagarinho, até as duas estarem se encostando. Tudo estava dando certo, se não fosse pelo Will tirar a mão de perto para coçar o olho. Desisto. Tiro a minha mão e a ponho em cima do braço da cadeira. O que eu não esperava era que o Will fosse por a mão dele EM CIMA DA MINHA.

Eu não esperava que ele fizesse isso e, não esperava que eu começasse a suar frio. Minha começou a tremer de ansiedade. Preciso agir rápido. Vou fazer a coisa mais arriscada que se pode fazer quando se gosta de alguém.

─ Will ─ chamo pelo nome dele. Ele estava tão fissurado no filme que fiquei com medo dele não virar.

─ Quê? ─ para a minha sorte, ele se virou. É agora ou nunca, Mike.

Eu.
Beijei.
O.
Will.

Ele parece gostar do beijo, porque não se desgruda dele. Os lábios do Will são macios. Apesar do gosto não estar o dos melhores (porque está com gosto de sorvete de chocolate ao leite), gosto dos seus lábios e do seu jeitinho tímido de beijar. Isso era tudo o que eu menos esperava. Em pouquíssimo tempo, consegui beijar William Byers, o novato.

《.》

Saímos tímidos do cinema. Não conseguíamos olhar um para a cara do outro.

─ Uau ─ solto.

─ U-A-U ─ Will exclama.

Will se aproxima de mim e dá a sua mão para mim. Ele estava sinalizando para andarmos de mãos dadas. Aceito e ando de mãos dadas com ele.

─ Mais um casal gay de Hawkins para a lista ─ digo e Will fica vermelho e ri ao mesmo.

─ Não sabia que você gostava de mi...─ Will não consegue terminar sua frase. Ele rapidamente solta a sua mão da minha e começa a olhar para baixo. Fico sem entender nada.

─ Olha, galera! Se não é a maior bichona de Hawkins. Will Byers, o viadinho ─ um garoto loiro aleatório começa a importunar o Will. Continuo não entendendo nada, mas começo a ficar emputecido.

─ O-Oi, Dylan... ─ Will diz, com um tom de voz assustado.

─ Esse é o seu namorado, Byers? ─ o tal do Dylan se vira para mim.

─ Algum problema? ─ infrento o loirinho oxigenado.

─ A bichinha cagona te enfeitiçou? Porque ele costuma fazer isso com os outros, não é? Ele te mandou para o conto de fadas dele? O mundo dele é todo feliz e gay ─ ele se vira de novo para o Will. Esse moleque tá começando a encher o saco.

─ Sim, ele me enfeitiçou. Se nos der licença, precisamos i... ─ o maluco desse Dylan me puxa e me põe contra a parede ─ MANO, QUAL O TEU PROBLEMA?! ─ dou um chute bem desajeitado na canela do garoto e saio correndo com o Will.

Eu e o Will corremos até a entrada do shopping. Paramos ao lado das nossas bicicletas e tentamos recuperar um pouco do fôlego.

─ Quem era aquele loirinho esquizofrênico? ─ pergunto para o will depois de ter recuperado o fôlego.

─ Ninguém... ─ Will responde enquanto monta em sua bicicleta. Eu sabia que ele estava mentindo.

─ Você tá mentindo. Eu sei que tem algo por trás. Pode contar comigo, Will ─ tento demonstrar apoio.

─ Esquece isso, Mike. Já passou. Tô indo pra casa, tá? Nos vemos amanhã ─ Will começa a pedalar e vai embora.

Que merda! Tudo deu errado depois do beijo. O que mais me entristece é que, parece que o Will não confia em mim. Só queria mostrar pra ele que eu estou do lado dele e, independente de qualquer coisa, eu estou aqui. Não queria que terminasse assim. E não vai, porque eu tive uma ideia.

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𝖡𝗈𝗒𝗌 𝗐𝗁𝗈 𝗅𝗂𝗄𝖾 𝖻𝗈𝗒𝗌 | 𝖻𝗒𝗅𝖾𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora