12| 𝖾𝗎 𝗍𝖾 𝖺𝗆𝗈

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Como era de se esperar, ele não veio. Paro de me iludir e saio de dentro da cabine. Me apoio na pia e fico olhando pra minha cara no espelho. É, realmente, eu tenho cara de sapo. Não sei como Will gosta (gostava) de mim. Eu sou horrível. Além de ser feio, sou uma pessoa ruim. Fui babaca com ele e, depois, admito que gosto dele e faço merda em seguida. Abaixo a minha cabeça e vejo a pia toda molhada de lágrimas. Além de ter molhado a pia, molhei o desenho que ele fez pra mim. Seco minhas lágrimas antes que alguém me veja chorando.

Decido criar coragem e saio do banheiro. Vou andando olhando para baixo. Que vergonha. Estava tudo indo bem. Por que tem que ser assim?

─ Mike! E aí? Deu tudo certo?! ─ Max vem toda animada falar comigo.

Como eu estou sem chão, choro de novo e abraço ela. Ela me leva até um canto para conversar.

─ O que aconteceu, Mike? ─ Max me pergunta e fica fazendo carinho no meu cabelo. Acho que ela nunca se importou tanto comigo.

─ Deu tudo errado, Max. Ele viu eu e a Jane se abraçando pela janela, e pensou que a gente estivesse se beijando. Aí ele me deixou esse desenho e falou que me odeia...─ dou o desenho na mão dela. Ela abre e abre um sorriso, um pouco sem graça por eu estar mal.

─ Tá muito lindo. É, eu imagino que você esteja mal. Mas, olha, a gente ainda pode consertar isso. A ideia que eu tive é bem cafona e clichê, mas tem tudo pra dar certo ─ estou com um certo medo da ideia da Max. A última ideia que ela deu não deu muito certo.

─ Não sei não, hein...─ digo, bem desconfiado.

─ Confia em mim, tá? Essa ideia não vai ter a Jane "supostamente" te beijando. É o Will que vai te beijar. Você tem uma banda, certo? Chama eles pra tocarem na janela da casa do Will. Vai ser cafona? Vai. O que importa é vocês se entenderem. Não sei como gays funcionam, mas pode dar certo ─ nem fodendo eu vou fazer isso.

─ Max, eu não vou chamar a minha banda à toa pra fazer isso. Eles têm mais o que fazer, né? A não ser que você, o Lucas, o Dustin e a Jane sejam a banda. Aí resolveria noventa e nove porcento dos meus problemas ─ digo zoando, mas Max abre um sorriso que eu conheço muito bem.

─ Aguarde pelo o que vai vir, Michael!─ Max sai correndo. Já sei o que ela vai fazer. Mais um motivo para eu me matar na minha lista.

Mal se passaram os minutos e Dustin e Lucas vieram atrás da Max. Tenho muito medo desse trio.

─ Viemos te ajudar com esse coraçãozinho partido, Mike ─Dustin senta ao meu lado e apoia o braço no meu ombro.

─ O primeiro passo é muito simples. Venha, vamos pro shopping! ─ Max me puxa. Será que ela não percebeu que estamos na escola?

─ A gente vai fugir da esco...─ sou interrompido com ela me puxando. Aparentemente, não tenho muita opção.

《.》

Chegando no Starcourt, sou levado por eles como uma correnteza e num piscar de olhos estou em uma loja de roupa.

─ Vocês tão zoando com a minha cara? Pensei que fossem me ajudar ─ eles falaram que iam de ajudar e me trouxeram pra uma loja de roupa.

─ Estamos te fazendo um favor. Vamos comprar uma roupa bafórica pra você. Não pode chegar com roupa de mendigo perto do Will ─ quando a Max cita roupa de mendigo, olho a minha roupa por um instante. Pelo menos não são as roupas da GAP que a minha mãe compra. Reviro os olhos e sigo a Max pelas sessões de roupa.

Andamos e andamos e, nada fazia o meu gosto. A Max também não ajudava e só fazia piada com a minha cara.

─ Essa é a sua cara! ─ ela puxa uma roupa de uma arara e vira para mim. A blusa tinha a estampa de um sapo. O Will não era o único que achava minha cara parecida com a de um sapo.

𝖡𝗈𝗒𝗌 𝗐𝗁𝗈 𝗅𝗂𝗄𝖾 𝖻𝗈𝗒𝗌 | 𝖻𝗒𝗅𝖾𝗋Onde histórias criam vida. Descubra agora