Fase III: Um fantasma conhecido

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Eram três semanas depois: a morena corria pela cidade, como fazia rotineiramente, a prática que costumava ajudá-la a controlar sua sede, ao menos fora o que Stefan a disse. O loiro aliás, se fazia bastante presente. De longe vira o híbrido, que conversava com Marcel. Os dois não se falavam havia algum tempo, ele guardava certo rancor da morena. E ela não podia culpá-lo por tal atitude, sentiria o mesmo em seu lugar.

-Chegou cedo. Aconteceu alguma coisa? -Davina a perguntou, sua felicidade matinal era atípica. Não costumava ver a amiga assim fazia algum tempo.

-Tamanha felicidade, pela manhã, deve-se a algo em específico? -Guardava sua garrafa de água na geladeira, enquanto pegava alguma de leite. Estava em um processo de reeducação alimentar, depois de seu período sombrio. Tentava seguir suas próprias regras de maneira bastante precisa, não podia se permitir um deslize sequer.

-Nada que você deva saber, bisbilhoteira. -A jovem não pôde dar nenhuma resposta, a campainha tocou antes. Seu instinto automático foi abrir a porta, o que não significa que ela não tenha se arrependido de tê-lo feito.

-Precisamos conversar. -A visão do híbrido e o som de seu sotaque britânico acentuado, ainda mexiam com a moça. Sua feição era séria, porém tranquila, mesmo assim, ainda não estava pronto para enfrentá-la.

Voltando três semanas no tempo, a moça chegara em sua antiga casa quando já era tarde, ouvia ao longe o barulho dos grilos. Na verdade, estava na procura por sua prima. O silêncio não a enganou, pelo contrário apenas a garantiu a certeza de que a casa estava vazia. Não estava apenas vazia, não havia sequer um móvel no imóvel, tudo havia sumido. A sensação era de ter sua história apagada, junto com todas as memórias vividas no local.

-Merda, Celeste! Você precisava me ouvir, logo dessa vez?! -Sua revolta era no mínimo compreensível, não fazia ideia do que diria a Klaus. Seus filhos haviam sido levados, e por sua culpa. A programação era que na verdade não precisasse contar, não deveria estar nem viva a essa altura. Em cada cômodo podia sentir o vazio aumentar cada vez mais, estava em lugar sombrio. Cada mísero passo que dava e não os encontrava, sentia sua esperança se afastar um pouco mais.

O caminho de volta para casa foi o mais cruel, não fazia ideia de como encontrá-los e muito menos de como dar a notícia para a família Mikaelson. O bar foi sua resposta mais rápida, e a cada copo, parecia mais corajosa do que antes. Danny, o barista, fora seu melhor amigo aquela noite. Assim como ela seria a dele, ninguém bebia tanto quanto a morena em muito tempo. As gorjetas seriam bem altas, dessa vez. Principalmente considerando a alta tolerância que a jovem tinha ao álcool agora.

Seu corpo sobre o balcão parecia sorridente, mesmo com tudo que rodava em sua mente. Os entorpecentes tornavam tudo mais fácil do que realmente era, e ela se sentia ainda mais corajosa. Seus olhos avistaram um homem de meia idade se aproximar da moça ao seu lado, seu interesse era focado na conversa. Talvez ele tivesse algo para oferecer, não só apenas sua falta de cabelos e seu charme barato.

-Posso te pagar uma bebida, senhorita? Não me parece justo uma mulher tão bela ficar aqui sozinha. -Ela sorriu, parecia gostar daquela cantada ultrapassada. Que mulher nunca ouvira isso na vida? Ela devia estar muito desesperada, mesmo assim, não a julgava.

-Me dê outra dose dupla de uísque, Danny. As coisas estão começando a ficar boas por aqui. -Ali prestando atenção em toda aquela cena, se esquecera de seus reais problemas. O motivo pelo qual estava naquele bar, mantendo aquela conversa superficial com o barista.

-Eu disse que não quero ir! Me deixe! -A mulher disse para o homem que a segurava pelo braço, enquanto ela inutilmente tentava se desvencilhar das mãos dele.

-Eu te paguei uma bebida, docinho. Você vai ter que fazer valer! -Ele a arrastava sem piedade, não admitiria gastar seu dinheiro com uma vadia que sequer faria valer seu esforço.

Os 30 anos depois da Elena | VOLUME ÚNICOOnde histórias criam vida. Descubra agora