Os 30 anos depois da Elena | VOLUME ÚNICO

Fase II: Histórico familiar

  Aquela noite foi quase impossível para a bruxa, dormiu muito pouco. Tinha muitas perguntas a fazer para Samuel, já havia lhe deixado mensagens em seu número telefônico e na manhã seguinte estava a caminho de seu quarto de hotel.

Assim que adentrou o cômodo, não se encontrava muito apresentável, a madrugada em claro lhe trouxe olheiras profundas, algo puramente genético. Havia um silêncio estranho no ambiente, até que Holly encontrou sobre a cama o corpo do vampiro, estava dissecado e significava a morte do mesmo. Era chocante para a grávida e a cena lhe causava náuseas, mesmo que não houvesse sangue algum. Perto do homem, havia uma pequena câmera aberta, parecia ter sido usada não muito tempo atrás.

-Querida Holly, espero que você encontre isso. Sei que lhe devo muitas respostas, mas no momento, devo ir encontrar as minhas próprias. Desde que conversamos, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Você me deu coragem, preciso acabar com esse sofrimento de uma vez por todas. Talvez o destino me permita encontrar Kelly e eu finalmente poderei dizer a ela, tudo que transborda de meu coração. Você é muito forte, Holly. Você lidou com tudo sozinha e eu sei você se sairá bem novamente. Tudo que você precisa saber, está nesse diário. Pegue, ele é seu agora. Espero que você faça bom uso das informações que possui, você merece saber toda a verdade. -A jovem vira o último vídeo registrado na câmera, o vampiro parecia exatamente como ela havia o deixado na noite anterior. O álcool ainda era visível mesmo no vídeo, certamente ele não suportaria a morte do amor de sua vida. Queria acreditar que a morte de Samuel era por algo maior, desejava avidamente que ele pudesse encontrar com sua mãe. A morena se apossou do diário de Constanza, desejando paz para o mesmo, era o fim de anos de sofrimento.

A jovem se assentou em algum dos bancos presentes na cidade, sentindo a leve brisa que aquela tarde possuía. O céu parecia mais claro que o normal e o sol queimava a pele da morena, ela gostava da sensação. Não demorou para que ela abrisse o diário e começasse sua leitura, como boa leitora que sempre fora, sabia que não levaria muito tempo para que todas as informações presentes nele estivessem em sua memória.

-Atrapalho? -A morena sentiu aquela silhueta lhe tampando a luz do sol e quando olhou, era a presença de seu maior inimigo.

-Sempre, mas presumo que isso não vá te tirar daqui. -A jovem tinha muitas perguntas para se incomodar com o híbrido, tentava focar novamente em sua leitura. Sabia que caso o mesmo tentasse algo, dessa vez iria se arrepender.

-Certamente. -Niklaus sentou-se ao lado da moça, no banco quente da cidade lotada. Pessoas iam e vinham, enquanto se era possível escutar o barulho de algumas músicas típicas.

-Você ainda está grávida? -Holly imaginava o quanto a notícia deveria incomodar o original, o suficiente para trazê-lo até a mesma. Gostava de saber que mesmo diante de todos os seus esforços, aquelas crianças ainda estavam ali. Mesmo assim, precisava escondê-los e protegê-los da crueldade do Mikaelson.

-E desde quando você se importa com isso, Niklaus? -Mantinha muita ênfase em seu ódio pelo original, fazia questão que ele soubesse disso. O fato de que suportasse sua presença no ambiente devia-se completamente a sua falta de habilidade, o plano precisava ser seguido completamente.

-Eu nunca quis machucar a você ou a seus bebês, Holly. Eu não sou esse tipo de monstro. -A morena se virou para o híbrido, sentia aversão a maneira como ele mentia descaradamente.

-Você é o tipo de monstro que me tirou a minha família, Niklaus. Não se preocupe, as minhas expectativas sobre você são quase nulas. Caso você tente qualquer coisa contra eles, você vai se arrepender bastante, Niklaus. Você não tem ideia do que eu sou capaz para proteger meus bebês, e eu não acho que você queira descobrir. -O olhar de Holly queimava com bastante ódio, protegeria seus filhos com todo vigor existente em si. Deixara escapar uma informação valiosa, mesmo assim a forma com que fizera tornava o momento propício. Era um alerta, o último que o homem receberia. E Klaus por sua vez, mostrava uma feição apática, sabia que precisava fingir isso.

-Você sabe quem é o pai? -Aquela era a única pergunta que a jovem jamais havia se feito em todo esse tempo, se contentara com a maternidade porém sem pensar no pai de seus filhos. Quem poderia ser o mesmo, uma vez que Julie havia mentido sobre Damon?

-Não acho que lhe devo satisfações sobre a genética de meus filhos, Niklaus. -O olhar de Holly era duro, não levou mais cinco minutos até que o híbrido deixasse o local. A morena passara todo o tempo sendo bastante incisiva em suas respostas ao original.

Assim que ele deixou o lugar, Holly teve mais facilidade para ler e processar todas as informações no diário de Samuel. Existiam momentos que Holly não se lembrava não importasse o esforço que fizesse, era sempre como um branco em sua memória. Ou apenas respostas rasas que haviam a satisfeito durante toda sua vida, mas que agora, pareciam apenas um band-aid sobre uma ferida mal cicatrizada. A morena mal se deu conta do tempo que tinha se passado, apenas quando percebeu que já deveria estar em seu encontro diário com Freya.

-Me perdoe pelo atraso, tive alguns imprevistos. -E eram imprevistos além dos que a loira seria capaz de imaginar, toda a vida da Shared havia sido jogada pro ar.

-Temos muito que praticar, Holly. -A mais velha via a necessidade de treinar a magia da jovem com a mesma, precisava que ela estivesse apta para derrotar Niklaus em breve. Já havia esperado mais que o suficiente por sua vingança.

Aquela tarde foi mais cansativa que o usual pra a mais inexperiente, porém muito produtiva. A cada dia ela aprendia mais sobre seus limites, que pareciam bem amplos, e seus imensuráveis poderes. Holly fez questão de aprender feitiços de localização em seus treinos, procuraria por sua família assim que possível.

-Freya, eu preciso de ajuda pra encontrar o pai dos meus filhos. Venho me perguntando sobre isso ultimamente. Você sabe que a mãe biológica deles está morta e a magia é o único jeito possível. -A jovem tinha certeza que não seria capaz de realizar o feitiço sozinha, ainda mais quando não tinha certeza de quem seria o alvo. Precisava da ajuda da Mikaelson, que não negou, estava adquirindo algum apreço por sua aliada. Além disso, seria uma ótima maneira de ensinar na prática sobre aquele feitiço para Holly, já que ele era bem útil.

Não muito tempo depois, o chão do local estava coberto por símbolos feitos de sal. A mais experiente das bruxas, sentou-se num círculo no centro de tudo. Holly olhava e absorvia todas as informações necessárias para realizar o feitiço uma oportunidade futura. Mesmo que houvessem outros encantamentos possíveis, esse era o único que a original poderia realizar sem ter certeza absoluta de quem era o alvo. A loira veria o que o pai dos filhos de Holly via e dessa maneira obteria informações suficientes sobre ele, para que a jovem pudesse ir à procura do homem.

-Nos du le mon ennemi en ton, nos du le mon ennemi en ton... -Freya segurava uma vela acesa, que mantinha sua chama instável conforme as palavras eram ditas. A visão da bruxa era guiada por entre várias até que encontrasse seu verdadeiro alvo, o pai dos gêmeos.

-O que você descobriu, Freya? -Holly perguntou a loira assim que a mesma abrira seus olhos, gostaria de poder ter realizado por si mesma o feitiço. Infelizmente ele exigia mais experiência com a magia do que a morena tinha, era tudo muito novo e poderia ser igualmente perigoso para ela.

-A verdade, Holly. Não importa o quanto isso me enoje. -A feição da bruxa era totalmente diferente, a maneira como as palavras eram pronunciadas também. Por um segundo, teve medo da verdade.

-Quem é o pai dos meus filhos? -A morena fora direta, estava aflita com a resposta que poderia receber, mesmo assim, jamais imaginara a resposta que estava por receber.

-Niklaus Mikaelson, o híbrido original. -Nesse instante a mente da morena rodava, seus filhos eram os filhos de seu maior inimigo? O homem sabia dessa informação, justificaria sua curiosidade naquela tarde?

Antes que ela pudesse refletir muito sobre as novas informações, as palavras começaram a sair da boca de Freya.

-Phasmatos Morsinus Pyrox Allum, Lidhednat Dolchitni, Phasmatos Morsinus Pyrox Allum, Lihednat Dolchitni... -Ao mesmo tempo que uma dor excruciante sobreveio ao corpo da morena, sua respiração foi impedida. Holly queria gritar mas não conseguia puxar ar, a dor aumentava a cada instante e ela sabia que não aguentaria por muito mais tempo. Por que Freya fazia aquilo? Sua sede por vingança poderia ser tão desumana?