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Uma semana havia se passado desde a noite em que Maraisa conversara com Fabricio sobre pedir o divórcio e a responsabilidade dele de ir atrás dos papéis havia sido deixada de lado de propósito. Com os dois vivendo sob o mesmo teto ainda, Fabricio alegava não ter tempo para tal coisa mas que faria em breve, quando tudo o que tinha em mente era ter esse tempo para que talvez Maraisa pudesse voltar atrás da sua decisão.

Durante esses sete dias não havia passado um sequer em que ela e Marília não conversaram por mensagens. O tempo que lhe sobrava no hospital entre um atendimento e outro e o período da noite era preenchido com conversas entre as duas. Os assuntos, felizmente, deixaram de ser somente o casamento arruinado da morena e passaram a ser sobre diversas coisas aleatórias. Tinham uma amizade basicamente formada, onde descobriram inúmeros gostos em comum e semelhanças nas personalidades. Marilia sempre dava alguns dos poucos motivos que ela tinha para sorrir no dia.

Mendonça estava sentada na sala de espera do hospital aguardando para a retirada dos pontos e do gesso, acompanhada por Davyd. Já estavam lá há minutos esperando, a loira com a cabeça encostada no ombro do pai que por sua vez tinha o braço esquerdo passado por seus ombros. Maraisa abriu a porta devagar fazendo Marilia levantar automaticamente a cabeça do ombro de Davyd. Ambas sorriram quando seus olhos se encontraram e a morena indicou com a cabeça para o corredor.

- Bom dia, escape! - O apelido permaneceu entre as duas. Maraisa o pronunciou baixo por estar em seu local de trabalho.

- Bom dia! - Marilia disse após Maraisa fechar a porta atrás dela. — Aliás, bom não, ótimo. Não via a hora de tirar essas coisas. - Fez Maraisa rir.

Seu desespero é nítido.

- Impossível conter.

Ao entrar na sala de Maraisa, ela instruiu Marilia para que se sentasse na maca..

-De qual tormento quer se livrar primeiro?

- Tira isso da minha perna, por favor. - Suplicou.

- Como quiser.

Maraisa tirou o que estava incomodando a loira há dias.

- Não acredito que ainda existe uma perna. Marilia sorriu satisfeita.

- Venha. - Maraisa lhe estendeu a mão e ela segurou para descer, firmando seus dois pés no chão. Sente alguma dor? - perguntou e Marilia negou com a cabeça. - Ótimo, agora ande até a porta e veja se ainda não dói. — Marilia soltou sua mão da de Maraisa e andou normalmente até a porta, se virando de novo para a morena.

-Dor nenhuma. A minha única dor é ter tido uma perna de uma das minhas calças cortadas para poder usá-la.

- Creio que isso não seja um problema tão grande para você. - Semicerrou os olhos, sorrindo. Vamos tirar os pontos agora, senhorita Mendonça.

-Voltamos às formalidades?

- De jeito nenhum, escape.

Marilia voltou para a maca, dessa vez se deitando, e puxou a blusa que estava por dentro da saia, a levantando. Sentiu seus pelos arrepiarem quando Maraisa tocou a pele do seu abdômen. Seu corpo reagia assim estranhamente.

- Vai fazer mesmo hoje o que me disse ontem? - Marília perguntou tentando tirar o foco da aflição que sentia enquanto Maraisa retirava os pontos sem pressa e com delicadeza.

-Sim. Vou sair mais cedo para isso.

- É o certo.

-Não sei onde estava com a cabeça quando concordei em deixar nas mãos dele.

- Foi melhor para ele ganhar tempo. Ele foi esperto. - Marília recebeu um olhar de desaprovação.

-Tão esperto que não conseguiu nada do que queria.

folhas de outono (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora